A menos que as investigações se aprofundem ao ponto de constatar algo capaz de ameaçar o mandato do governador João Azevêdo, pelos menos, até agora, a Operação Calvário terminou ajudando o atual governo a livrar-se do núcleo mais poderoso do seu antecessor que, por via das conveniências e vinculações políticas, insistia em continuar na gestão.
Por pressão indireta da Operação Calvário, o governador João Azevêdo se viu tão acuado a ponto de ter que exonerar a secretária de Administração Livânia Farias; o secretário de Planejamento Waldson de Souza e o procurador geral do Estado, Gilberto Carneiro. Junto com eles, também "pegaram descendo"; auxiliares de segundo e terceiro escalões, bafejados pelos cães farejadores da Operação Calvário.
Embora nada tendo a ver com a Operação Calvário ou com qualquer procedimento suspeito, nesta onda de adeus aos cargos públicos mais relevantes do Estado, surfou até a nova companheira do ex-governador Ricardo Vieira Coutinho, senhora Amanda, então secretária de Finanças do Estado, que preferiu pedir exoneração.
Livre de todas essas amarras herdadas do governo passado, finalmente João Azevêdo começa a formar uma equipe mais ao seu gosto e imprimir um perfil pessoal à gestão. Ou seja, matou dois coelhos com uma cajadada só: livrou-se do incômodo da companhia de poderosas figuras do governo passado, que estão atoladas até o último fiapo de cabelo nas investigações sobre a organização criminosa que atuava junto com a da Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul; e começou a formar uma nova equipe da sua escolha.
Independente de todas essas coisas investigadas pelo Ministério Público, através do GAECO, o mais sugestivo pra qualquer gestão é que a equipe do governo; sobretudo dos cargos estratégicos e mais importantes, sejam preenchidos por pessoas da livre escolha do Poder Executivo.
O mais importante disso tudo é que João Azevêdo dê continuidade ao projeto político-administrativo iniciado por Ricardo Coutinho; mas com a sua própria equipe e sem amarras. Assim sendo, Azevêdo terá mais condição e liberdade para fazer um governo tão bom ou melhor quanto foi o do seu antecessor.
Tanto Ricardo quanto João têm que ter consciência de que é assim que as coisas devem caminhar, mediante o compromisso do atual continuar o projeto do outro já testado e aprovadíssimo pelos paraibanos. O que ambos não podem fazer b é cair na onda da oposição e partirem para o rompimento político.
Wellington Farias
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