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Ano Paulino

Ao longo do Ano Paulino que se encerrará no mês de julho deste, muito se escreveu, falou, sobre o personagem Paulo de Tarso, sua biografia, suas viagens missionárias, as fundações de comunidades por onde passava….

Neste artigo enfocaremos a sua atividade como escritor do Novo Testamento num breve estudo sobre suas cartas.

A atividade apostólica de São Paulo, tal como a de Jesus Cristo, foi exercida de viva voz, que na etimologia grega significa catequese (ecoar a Palavra de Deus); mas S. Paulo usou também a linguagem escrita para comunicar-se com os fiéis, deixando-nos quatorze importantes cartas que lhe conferem o título de maior escritor do NT.

Das quatorze cartas que na Bíblia aparecem sobre o título de “Escritos Paulinos”, sete são consensualmente aceitas pelos estudiosos como sendo autenticamente paulinas ou também denominadas Proto-paulinas: Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Filipenses, I aos Tessalonicenses e a Filêmon. (II Tessalonicenses é considerada pseudográfica).

Embora tradicionalmente atribuídas a S. Paulo, até ao século XVIII, as restantes sete cartas, as Deutero-paulinas ou Pastorais: I e II a Timóteo, Tito, Colossenses e Efésios e ainda a carta aos Hebreus que claramente não pertence a S. Paulo segundo a atual crítica exegética, mas aparece no fim das suas cartas, e que naturalmente não foram escritas por Paulo, mas por discípulos seus.

Colossenses e Efésios também são chamadas cartas esclesiológicas.

Ao contrário do que acontece hoje, há dois mil anos, no antigo Médio Oriente, como noutras partes do mundo, as cartas eram o único meio de transmitir mensagens e a escrita, feita em papiro ou em pergaminho, era um raro privilégio de poucas pessoas. Todavia, muitos milhares de cartas, escritas desde a antiguidade greco-romana, chegaram até nós. Só de Cícero, se conservam mais de setecentas. Algumas encontradas em papiros recentemente descobertos, conservam o seu texto original.

As cartas antigas, tal como algumas das atuais, têm três partes distintas: saudação, corpo da carta e conclusão ou despedida. Em muitas cartas cujo texto original chegou até nós, nota-se claramente que a saudação final foi escrita por outra pessoa, indício forte que a carta foi ditada.

Paulo também teve seus secretários ou amanuenses, a quem ditou a maior parte das suas cartas, que por vezes escreviam a sua própria saudação: “Saúdo-vos eu, Tércio, que escrevi esta carta, no Senhor” (Rom 16,22), mas não deixando por mãos alheias, escrevia pelo seu próprio punho e saudação final: “A saudação é de meu próprio punho: Paulo” (I Cor 16,22). Se, na carta aos Romanos, sabemos quem foi o secretário de Paulo de Paulo que a escreveu, a breve carta a Filêmon, dado o seu caráter afetuoso e pessoal, é provável que a tenha escrito integralmente pela sua própria mão o Apóstolo das Gentes: “Escrevo-te pela minha própria mão, serei eu a pagar…” (Flm 19).

Todas as cartas, incluída a escrita aos fiéis de Roma, foram redigidas ou ditadas por S. Paulo em grego. Não no grego clássico de Demóstenes ou de Platão, que muitos contemporâneos de Paulo procuravam imitar, mas no grego popular (koiné) falado pela maioria do povo. Paulo não é um escritor eloqüente, se por este termo entendermos linguagem gramaticalmente bem construída. Ele próprio diz a si mesmo que é “ de pouca eloqüência…” (II Cor 11,6) e a sua linguagem nem sempre é de fácil inteligência como já fazia questão de notar o apóstolo Pedro (II Pd 3,16).

As cartas de S. Paulo não são tratados teológicos temáticos abstratos, mas escritos de circunstância, endereçados a comunidades ou a pessoas concretas, como catequese (de viva voz) que nos revelam Paulo como teólogo, mas sempre também como apaixonado missionário, pastor e apóstolo. E não se pode dizer que foram escritas de improviso, mas também houve fases de reflexão e amadurecimento.

O melhor, entretanto, não é apenas obter informações sobre os escritos paulinos, mas buscar seguir sua direção, eles são Palavra de Deus, “viva, poderosa e eficaz!”

 


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