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A indústria do agrado

Nada melhor do que na política fazer um favorzinho a alguém. É a certeza de cobrança futura de um “favorzão”. Pois é esse o combustível principal que move a vertiginosa e sem critérios concessão de comendas e honrarias na Assembléia Legislativa da Paraíba, uma verdadeira indústria do “agrado” instalada há décadas e que diminui a importância daqueles que realmente merecem reconhecimento do Poder Legislativo estadual.

Para os deputados, a quem cabe a propositura individual da comenda, isso não importa. O que importa é listar amigos ou futuros aliados para fazer um “agradozinho”, com direito à sessão solene, registro nos anais da Casa e, quem sabe, fotos no jornal.

Entre eles, há até um acordo velado. Ninguém rejeita ou vota contra a propositura de ninguém. Raramente isso acontece. A regra, pautada pelo corporativismo legislativo, diz que cada um feche os olhos para as comendas alheias a fim de que não tenha problema com as próprias.

O resultado é um número de 350 comendas aprovadas por ano na Casa, a maioria baseada apenas na relação de amizade do parlamentar para com o homenageado, uma variedade de praticamente 30 honrarias, divididas em medalhas, comendas e outros títulos, e um festival de homenageados que nem sabe onde a Paraíba fica.

Na semana passada, os deputados aprovaram a Medalha Governador Antônio Mariz em homenagem ao empresário Daniel da Coroa, preso na Operação Catuaba, sob acusação de sonegação de impostos, suborno de funcionários públicos e falsidade ideológica. E provocaram com isso imediato repúdio do Ministério Público Federal e de parte da sociedade.

A comenda foi aprovada por unanimidade e foi proposta por Antônio Mineral, deputado com atuação e negócio em Patos, onde Daniel da Coroa fez nome e carreira.

Serve como uma espécie de absolvição social de Coroa, que está sendo julgado pela Justiça Federal. E a Assembléia se antecipando aos fatos e inocentando antes da própria Justiça.

O pior da banalização da concessão de honrarias está na redução da importância das comendas quando elas são dadas a quem realmente merecem.

O deputado Ataíde Mendes não quis deixar o assunto passar em branco. E propôs lei para tornar mais rigorosos os critérios de concessão das comendas. Branco, como é mais conhecido, está no caminho certo.

Supõe que os deputados economizem a concessão de homenagens da Assembléia, já que não conseguem fazer o mesmo com as verbas públicas.

 

Fique sabendo

Já estão avançados os diálogos para garantir um encontro do ex-governador Cássio Cunha Lima com o presidente do PT paraibano, deputado federal Luiz Couto. O grupo, seja de petistas, cassistas ou ricardistas, sabe que ambos precisam acertar os ponteiros.

Comenta-se que uma das cabeças pensantes do governo Maranhão III sugeriu ao governador que fizesse convite para a esposa do senador Cícero Lucena, ex-vice-governador Lauremília Lucena, assumisse uma secretaria de Estado.


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