A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) da Paraíba afastou temporariamente dos cargos as duas diretoras do Presídio Feminino do Serrotão, detidas na Operação Remição na quinta-feira (23). Segundo as investigações da Polícia Civil, Alinne Cristina Cardoso da Silva e Silnara Araújo Galdino comandavam um esquema que fraudava documentos de comprovação de horas trabalhadas para que algumas detentas tivessem suas penas reduzidas. A portaria determinando o afastamento foi publicada no Diário Oficial do Estado desta quarta-feira (29).
As duas diretoras estão entre os sete presos na operação da Polícia Civil. Além delas, um advogado e quatro presidiárias que estavam no regime semiaberto foram detidos, e outras duas detentas que já estavam presas vão responder por novos crimes. Alline Cristina, Silnara e o advogado foram soltos na madrugada de terça-feira (28) após o fim do prazo da prisão temporária.
Na portaria de afastamento, o secretário de Administração Penitenciária, Wallber Virgolino, estabelece que as diretoras ficarão fora dos cargos pelo menos até o fim do processo administrativo que foi aberto contra elas na secretaria. Segundo o documento, a medida é necessária para garantir a lisura da apuração. Alline e Silnara também ficarão afastadas das funções de agente de segurança penitenciária, cargos de origem delas.
Também no Diário Oficial desta quarta-feira a agente penitenciária Melissa Lins Brasileiro foi designada para responder pela direção da penitenciária até o fim do processo administrativo.
A operação
As diretoras são suspeitas de aliciar detentas para que contratassem os serviços de um advogado específico para ter acesso à ala em que poderiam trabalhar. Segundo o delegado Glauber Fontes, da Polícia Civil de Campina Grande, o esquema comandado pelo trio fraudava documentos de comprovação de horas trabalhadas para que elas tivessem suas penas reduzidas. Pelo menos seis detentas já teriam sido beneficiadas.
Segundo o delegado Glauber Fontes, a fraude consistia em mover as detentas de um setor do presídio para outro, para que elas pudessem trabalhar em troca de redução de pena. "Após a transferência, o registro de horas trabalhadas era adulterado para que as detentas tivessem mais tempo de trabalho do que o que efetivamente foi cumprido,” explicou Glauber.
O esquema tinha como objetivo beneficiar as presidiárias da unidade com a possibilidade de redução da pena e até mesmo facilitar a progressão de pena do regime fechado para o semiaberto. “Ainda estamos investigando quais benefícios eram concedidos para as diretoras e para o advogado”, disse Glauber. De acordo com os delegados que participaram da operação, há indícios de que o esquema fraudulento exista desde 2012.
Redação com G1