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Chacina do Rangel: Justiça marca julgamento

Justiça paraibana revela data de julgamento dos responsáveis pela “chacina do Rangel” ; carnificina completou 1 ano nesta sexta-feira

O presidente do 1º Tribunal do Júri da Capital, Marcos William de Oliveira, anunciou que a julgamento dos responsáveis pela “chacina do Rangel” está previsto para ocorrer em setembro. O crime estarrecedor, de repercussão nacional, completa hoje (9) um ano de acontecido.

Para justificar a demora, o magistrado informou, em entrevista à Tambaú FM, que correm na Justiça paraibana cerca de 1500 processos ativos e entre esses tantos está o da tragédia do Rangel. Apesar disso, o juiz assegura que hoje nada mais impede que o julgamento seja iniciado em setembro.

“Já foram colhidas todas as provas necessárias. Basta agora só aguardar o julgamento próximo mês”, confirmou.

Segundo William, o Art. 69 do Código Penal Brasileiro fala sobre o concurso material de crimes, ou seja, o réu será julgado por cada delito cometido, na de sua pena total. No tocante a execução, essa soma terá que se enquadrar ao teto limite de 30 anos previsto na legislação vigente no país.

“Imaginemos que o acusado tenha cometido três crimes e em cada um tenha sido condenado a 20 anos. Somanda as penas, chegaremos a um número total de 60 anos. Como no Brasil ninguém pode ficar preso mais que 30 anos, esse será o tempo que ele irá cumprir”, explicou.

Relembre o caso (relato do comunicador Felipe Gesteira)

Restos de massa encefálica, vísceras, o pedaço de uma artéria e muito sangue pelo chão. Tudo isso podia ser visto algumas horas após Carlos José dos Santos e Edileuza Oliveira dos Santos terem massacrado a golpes de facão uma família inteira no bairro do Rangel, em João Pessoa. A briga entre os vizinhos foi motivada por um desentendimento entre os filhos e a partilha de uma galinha. O acusado teria dado uma galinha para a vítima cozinhar e só recebeu de volta as asas e o pescoço. Na chacina, o pai e três filhos morreram na hora. A mãe, grávida de quatro meses de gêmeos, não resistiu aos ferimentos e morreu no dia seguinte. Duas crianças sobreviveram, um sem ferimentos, por ter se escondido embaixo da cama, e outro gravemente ferido.

O crime aconteceu na última quinta-feira, por volta das 1h30min. Morreram o gesseiro Moisés Soares dos Santos, 37, sua esposa Divanizi Lima dos Santos, 35, e seus filhos de dois, quatro e dez anos, todos sem chance alguma de defesa. Após a chacina os assassinos voltaram para casa e foram dormir, considerando que teriam matado todos da família e que não seriam descobertos. Os vizinhos ouviram os gritos de desespero da família, mas com medo de ajudar, apenas ligaram para a polícia. O menino ferido, com um corte que ia da boca até o pescoço e deixava a coluna vertebral exposta foi quem denunciou o casal vizinho.

Os próprios policiais e peritos do Departamento Médico Legal estavam chocados com a chacina. Uma das crianças teve o intestino exposto por um golpe de facão, enquanto outra teve sua mão decepada e jogada em cima de um guarda-roupa. O pai teve os dedos cortados, além da cabeça degolada e dos golpes no tórax. O cabo J.Barbosa, um dos primeiros a entrar na casa das vítimas, estava impressionado com a proporção do crime. “Em 17 anos de profissão, nunca vi algo tão horroroso”, confessou o policial.

Na 9ª Delegacia Distrital, em Mangabeira, o clima era de comoção, entre delegados e policiais. Para conter o senso de justiça da população em frente à delegacia, a Polícia Militar precisou montar um esquema de reforço. Os assassinos foram presos em flagrante e autuados por homicídio triplamente qualificado. No mesmo dia foram removidos para penitenciárias da capital.

O caso comoveu a cidade e foi destaque na imprensa nacional (até menos do que deveria, se comparado com casos semelhantes no Sul do país). Mais de 15 mil pessoas passaram ontem pelo ginásio da Escola Municipal Professor Dumerval Trigueiro Mendes, no Rangel, onde os cinco corpos foram velados. A STTrans coordenou o trânsito no local e o Corpo de Bombeiros, com a ajuda de voluntários, auxiliou na movimentação dos visitantes, que em alguns momentos tentaram avançar nos caixões. Algumas pessoas se emocionaram, mesmo sem parentesco com as vítimas, 15 desmaiaram. Por volta das 18h o cortejo seguiu para o cemitério do Cristo Redentor. Os caixões foram levados no carro do Corpo de Bombeiros. Confiram abaixo algumas fotos do velório.
 

 

Luis Alberto Guedes

PB Agora

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