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Caso Eliza completa dois anos

Há exatos dois anos a jovem Eliza Samudio, de 25 anos, desaparecia deixando rastros em bens do ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes de Souza, 27, como seu carro e seu sítio em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Após conturbada investigação policial, com direito a detalhes controversos sobre o paradeiro da jovem, Bruno e outras pessoas ligadas a ele foram indiciadas pelos crimes de assassinato, ocultação de cadáver, cárcere privado e sequestro do pequeno Bruninho, hoje com 2 anos.

Nascida em Foz do Iguaçu, no Paraná, Eliza sonhava com uma vida confortável em uma grande cidade da região Sudeste. Ela foi vista com outros jogadores de futebol, mas foi com Bruno com quem teve um filho. Ao engravidar sem planejamento, foi maltratada por Bruno, segundo inquérito policial. Ele deixou claro que não queria o filho. Foi justamente a gravidez e o nascimento de Bruninho as motivações do assassinato de Eliza sustentadas pela acusação. Dois anos se passaram e o julgamento de Bruno e dos outros envolvidos sequer tem data para acontecer.

Advogados de Bruno tentam uma última manobra para retirá-lo da prisão, a Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH: um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). Outros recursos para libertar Bruno, no Tribunal de Justiça Mineiro e no Superior Tribunal de Justiça (STF), foram negados.

Recentemente, Bruno teve acatado pedido de liberdade condicional no processo de agressão, que correu na Justiça do Rio de Janeiro. Ele não deixa a prisão porque este processo é diferente do de assassinato de Eliza e existe um pedido de prisão contra ele. Por este processo do Rio, ele foi condenado a quatro anos de prisão. Por ter cumprido mais de um terço da pena, tem direito à liberdade condicional.

A tese da investigação policial defendida por promotores é a de que Eliza foi sequestrada no Rio de Janeiro no início de junho de 2010 por Macarrão, Luiz Henrique Romão, 26 anos, braço direito de Bruno. A defesa de Bruno alega atualmente que Eliza foi morta por Macarrão, que nutre um sentimento de amor pelo ex-goleiro. A defesa também diz que o ex-goleiro virou evangélico na cadeia.

Contradições ajudaram na investigação

Ao ser acionada por amigas de Eliza em virtude de seu desaparecimento, as polícias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais obtiveram a informação de que a jovem se hospedou em um hotel, no Rio, para tratar com o ex-goleiro de uma pensão para o filho. Constatado o desaparecimento de Eliza, os policiais se concentraram em tentar localizar Bruninho. A advogada de Eliza, Anne Faraco, disse em depoimento que sua cliente nunca abandonaria o filho.

A ex-mulher de Bruno Dayanne Rodrigues, 25 anos, inicialmente negou para a polícia saber sobre o paradeiro do bebê, que tinha quatro meses na época. Mas um funcionário de Bruno admitiu que havia um bebê no sítio, em Minas Gerais. Ela é acusada de sequestrar Bruninho, mas não foi apontada como participante do assassinato de Eliza. Assim como Dayanne, a ex-namorada de Bruno Fernanda Castro, 33 anos, tratou de esconder Bruninho e foi acusada pelo mesmo crime no processo judicial.

Além de Bruno e Macarrão, estariam envolvidos diretamente no crime o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. A polícia chegou até ele após rastrear ligações telefônicas no período em que Eliza desapareceu. Em uma das versões levantadas pela polícia, Bola teria dado uma gravata em Eliza e depois teria esquartejado seu corpo para dar a cachorros. Esta versão chegou à polícia graças ao depoimento de um adolescente. Primo de Bruno, o jovem admitiu ter participado do sequestro de Eliza no Rio. Ele está preso em um centro especializado em detenção de menores infratores.

Outros envolvidos no caso são Sérgio Sales, Elenilson Silva e Wemerson Marques, todos amigos de Bruno e que frequentaram o sítio do atleta em Esmeraldas durante o cárcere de Eliza. Mesmo com evidências de participação deles no crime, nenhum dos réus no processo assumiu qualquer tipo de responsabilidade. Todos alegam inocência. No início da investigação, Bruno chegou a insinuar ser normal bater em uma mulher. Ela também indicou que Eliza poderia estar armando, simulando um desaparecimento.

Atualmente, além de concentrar esforços na tentativa de culpar Macarrão pelo crime, Bruno, por meio de advogados, diz que pretende assumir a paternidade de Bruninho. A avó da criança, Sônia Fátima Moura, 44, ironizou a iniciativa. Divulgar a tese de que Bruno tem propostas de clubes, portanto, que sairia da prisão com emprego fixo, é outra estratégia da defesa de Bruno, hoje chefiada por um famoso criminalista de Minas Gerais, Rui Pimenta.

Pimenta está confiante de que conseguirá libertar seu cliente. Nos próximos dias, o STF deve julgar o habeas corpus e colocará um ponto final em todo suspense, confirmando ou não a previsão do advogado.

O Ministério Público Federal (MPF) recomendou que Bruno continue preso, em parecer encaminhado para a segunda turma do STF, que analisará o mérito do habeas corpus. No documento, a subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio Marques destaca que Bruno teria "extrema periculosidade" demonstrada no "modus operandi" para praticar crimes com "requintes de crueldade e frieza." Anteriormente o STJ já havia se manifestado sobre o caso de maneira semelhante, negando a liberdade ao atleta.

IG

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