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Tecnologia da UEPB que detecta metanol em bebidas destiladas entra em fase de ensaio para produção em escala

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O aumento no número de casos suspeitos de intoxicação por metanol encontrado em bebidas alcoólicas no País, reacendeu a preocupação com o uso indevido dessa substância tóxica.

Diante desse cenário assustador, uma pesquisa inovadora desenvolvida  por pesquisadores  do Departamento de Química e do Programa de Pós-graduação em Química (PPGQ),  da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que detecta metanol em bebidas alcoólicas, mesmo em garrafas lacradas, está prestes a entrar na fase de ensaio científico.

 O pesquisador David Douglas Sousa Fernandes revelou que a pesquisa, que ganhou ampla repercussão devido ao crescente número de casos de intoxicação por metanol, entrará em fase de teste de amostras reais. As perspectivas são que os ensaios comecem já a partir do dia 13 de outubro. Trata-se de testes que serão realizados de forma sistemática e rigorosa para validar, comprovar a funcionalidade, dar segurança e a eficácia da tecnologia.

O novo sistema utiliza radiação (luz) infravermelha para identificar substâncias estranhas à composição original da bebida. Quando a luz incide sobre a bebida, as moléculas presentes nela são alteradas nas frequências de vibração, sendo cada tipo de molécula alterada de forma distinta. Em seguida, um software trata os dados e um display que indica se há ou não a presença de compostos adulterantes, como metanol, água adicionada ou até etanol veicular.


Foto: Giuliana Rodrigues/CodecomUEPB

A pesquisa começou a ser desenvolvida em 2023, portanto, antes do atual surto de intoxicações, no Laboratório de Química Analítica e Quimiometria, em colaboração com os professores Railson de Oliveira Ramos e Germano Veras (PPGQ), Felix Brito (PPGCA) e com a participação de outros pesquisadores.

O método, rápido, barato e eficaz, consegue identificar adulterações em poucos segundos, sem uso de produtos químicos e com 97% de precisão. Inicialmente, os pesquisadores analisavam a qualidade da cachaça produzida no interior da Paraíba. Com o aumento dos casos de intoxicação, a equipe adaptou o estudo para incluir a detecção de metanol e outras adulterações.

Agora, a equipe trabalha na confecção de um novo mecanismo de segurança que consiste em um canudo sustentável de baixo custo, capaz de mudar de cor ao entrar em contato com o metanol. O dispositivo funciona de maneira semelhante a um teste de gravidez. “A gente está finalizando algumas unidades do canudo sustentável para que nos próximos dias já possamos começar os ensaios, na parte mais elevada relacionada à segurança do consumidor final”, anunciou o pesquisador.

Os canudos sustentáveis estão sendo produzidos na Fundação Parque Tecnológico de Campina Grande e, segundo os pesquisadores, com todo cuidado e segurança para evitar contaminação. O professor Railson de Oliveira Ramos explicou que esse método é mais acessível, podendo ser utilizado por distribuidoras ou proprietários de bares e restaurantes, que podem receber treinamento e verificar se o lote ou a bebida que eles estão adquirindo contém ou não a presença de metanol.

“A ideia é que nós consigamos empacotar os reagentes em um canudo biodegradável. Esse canudo atua como uma espécie de coluna cromatográfica, que seria o empacotamento de reagentes em uma mídia.

Quando ele entra em contato com a bebida, o fluido sobe por capilaridade, interagindo com os reagentes. E dentro do canudo, com os reagentes protegidos para que ninguém tenha contato com eles, acontece uma mudança de coloração visualizada na parte externa do canudo”, explicou o pesquisador.

Os professores acreditam que o sistema poderá ser amplamente utilizado por órgãos de fiscalização, produtores e comerciantes, contribuindo para a segurança do consumo de bebidas alcoólicas no país. Esta outra tecnologia foi desenvolvida com a colaboração de professores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e com o financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (FAPESQ), órgão ligado ao Governo da Paraíba.


Foto: Giuliana Rodrigues/CodecomUEPB

O professor Felix Brito, do Programa de Pós-graduação em Ciências Agrárias, explicou que o estudo foi feito a partir da leitura de 462 amostras de cachaça — bebida tradicional da Paraíba. Professor Félix lembrou que, em 2020, foi aprovado um projeto na FAPESQ com valor de R$ 1 milhão, o que permitiu a construção do Laboratório de Tecnologia da Cachaça e Aguardente, que funciona no complexo da Central de Laboratórios Multiusuários (LABMULTI), no Câmpus I, em Campina Grande.

Diante do avanço assustador dos casos de intoxicação no Brasil e da urgência de conter o problema, a tecnologia desenvolvida pelos pesquisadores da UEPB chamou a atenção do Ministério da Saúde e pode virar uma política pública. O ministro Alexandre Padilha se interessou pela tecnologia e, em reunião m a reitoria, professor Celia Regina Diniz; com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta; e com o grupo de pesquisadores, manifestou interesse em tornar a tecnologia uma política pública.

A pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, professora Nadja Oliveira, enfatizou que os pesquisadores precisam de recursos para avançar na tecnologia. “Nós precisamos agora de recursos para escalonar a tecnologia.

Nesse momento, para que a gente consiga fazer com que os dispositivos de baixo custo e a solução cheguem para o Brasil inteiro, a gente precisa de recursos para poder adquirir insumos. Com os recursos teremos a capacidade de aumentar a equipe de pesquisadores e, com isso, conseguir entregar em escala o que a gente produziu no ambiente de laboratório de pesquisa”, observou a pesquisadora.

 Severino Lopes

PB Agora

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