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Opinião: estamos atolados numa grande poça de óleo corrosivo e “insano”

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A fauna e flora marinha pedem socorro. Voluntários põem suas próprias vidas em risco. Equipamentos de proteção e contenção ao óleo que “engole” o litoral nordestino são inócuos e insuficientes. Peixes mortos, corais banhados pelo caldo escuro da negligência humana, tartarugas agonizantes e um governo federal imerso numa crise política que busca poder e dinheiro.

Eis o cenário para a “tempestade perfeita” que assola, desde o dia 2 de setembro, 2.100 quilômetros de costa nordestina. Extensão essa atingida pelas manchas do petróleo vazado de uma embarcação ainda não identificada. Ao todo, 225 localidades, situadas em 80 municípios dos nove estados do Nordeste já foram atingidos, como atesta relatório da Marinha brasileira e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).

A Paraíba ainda não sentiu de forma efetiva o impacto da catástrofe, considerada pelo o Ibama como o maior acidente ambiental da história do litoral brasileiro em termos de extensão. Um cenário aterrador que impulsionou o governador João Azevêdo (PSB) a ter uma audiência na última quarta-feira com o ministro Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Azevêdo levou a Salles as medidas e ações já tomadas pelo governo estadual, que vem monitorando de perto possíveis manchas de óleo que possam surgir no litoral paraibano. Além dessas informações, dados do que poderá ser feito caso o problema se agrave, a exemplo do estado de Pernambuco, que sofre com a “maré” tóxica provocada pelo petróleo, foram postas à mesa de discussão.

E muito mais que mostrar gráficos a Ricardo Salles, João Azevêdo cobrou do ministro ações efetivas do governo federal para minimizar os danos ambientais provocados pelo óleo. O governador observou, durante a reunião, que há um grande esforço dos governos estaduais para retirar os resíduos que chegam às praias, deixando claro para o representante do governo Bolsonaro que remover o petróleo é apenas uma etapa secundária.

Objetivo, o governador mostrou ao gestor do Meio Ambiente que medidas paliativas não resolverão o problema, pondo no horizonte do ministro soluções concretas, a fim de identificar a origem da poluição. Ou seja: mapear os locais que o petróleo está concentrado no mar, e caso o Brasil não disponha dessa tecnologia, que seja solicitado um auxílio internacional. A detecção antecipada do líquido é importante para efeito da sua extração antes que chegue às praias e estuários.

As palavras do socialista refletem bem o sentimento dos demais governadores dos estados nordestinos, que representam, claro, o povo da região. É preciso entender que ao longo da costa brasileira existe uma barreira de corais ameaçada, a vida marinha sendo atingida de forma direta pelo óleo, pescadores desesperados, turismo comprometido. Em resumo, um ecossistema e uma economia geradora de empregos em perigo iminente.

Governo federal negligencia tragédia do petróleo e prefere lutar por poder político e fundo partidário

O presidente Jair Bolsonaro já mostrava indicativos na campanha eleitoral que o meio ambiente seria peça secundária da sua gestão. Reformulando a frase; não teria prioridade, por entender que essa pasta é sinônimo de entrave para a economia do país, o que não é verdade, lógico.

E aqui vou estender a problemática, “gastando bits” para falar sobre o desmonte abrupto que o governo federal realizou, quando extinguiu numa só “canetada”, no início do ano, conselhos, comissões e comitês envolvidos com o meio ambiente, havendo o argumento de realizar economia.

Esse fato por si só explica em parte não haver uma resposta imediata do governo federal para a crise do óleo vazado. Agora vamos aos números para uma explicação mais profunda. Segundo dados International Energy Statistics (EIA), o Brasil é o nono maior produtor de petróleo no mundo.

E por ser extraído petróleo em escala gigantesca, em sua maioria vindo de plataformas marítimas, o Brasil possui o PNC (Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo).

Acontece que esse dispositivo foi “desidratado” economicamente pelo governo Bolsonaro. Resultado: não havia recursos para medidas emergenciais a fim de conter ou minimizar o acidente que afeta o litoral nordestino.

Além dessa problemática, o governo federal “fechou os olhos” para o Nordeste por razões políticas, pois é sabido que Jair Bolsonaro perdeu nos nove estados nordestinos nas eleições de 2018.

Agora mais uma irresponsabilidade ou crime do governo federal ao negligenciar a problemática do petróleo derramado. A troca do bem-estar de todo um ecossistema pela luta entre a ala do presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, e Bolsonaro.

Troca maldita que tem como objetivo o controle da sigla. Em jogo, R$ 359 milhões em 2020, juntando os fundos Partidário e Eleitoral.

E para fechar as cortinas da “Ópera-bufa” do petróleo vazado, enquanto Ricardo Salles aplaude os voluntários intoxicados pelo óleo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, diz que sua pasta deverá monitorar essas pessoas de boa fé por 10 a 20 anos.

É sabido que o óleo e os derivados do petróleo são extremante tóxicos, fator que pode afetar o sistema imunológico daqueles que tiveram contato direto com o líquido.

O discurso e a suposta preocupação de Mandetta é “comovente”, embora inverídica, pois nem ele mesmo sabe como fará o cadastro dessas pessoas, pois o governo federal começou a esboçar uma reação para a problemática só agora.

Bolsonaro busca culpados pelo derramamento do petróleo e esquece o povo e meio ambiente

Por fim, em ato ridículo, Bolsonaro, que está em visita à China e outros países asiáticos, não esqueceu o viés ideológico e político que só os loucos e tiranos priorizam em situação de catástrofe.

Determinou que o governo federal faça uma “solicitação formal à OEA (Organização dos Estados Americanos) para que a Venezuela se manifeste oficialmente” sobre o óleo que atingiu os nove estados do Nordeste brasileiro. Em analogia, é como se alguém fosse ferido a bala e o Estado priorizasse o inquérito, e não o atendimento hospitalar ao ferido.

Realmente, estamos atolados numa grande poça de óleo corrosivo e “insano”

Eliabe Castor
PB Agora

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