A morte de Luís Eduardo Magalhães, em 1998, foi, para seu pai, Antônio Carlos Magalhães, mais do que uma tragédia familiar: foi o eco doloroso dos limites que a vida impõe até aos homens mais poderosos.
Durante décadas, ACM moldou destinos, fez e desfez alianças, escolheu governadores, influenciou presidentes. A Bahia e boa parte do Brasil aprenderam a vê-lo como um homem capaz de tudo. No entanto, diante da morte do filho amado, o invencível se curvou ao inevitável. Nenhum decreto, influência ou gesto político pôde conter o golpe da finitude.
Foi como se a própria vida gritasse ao poderoso: “Daqui não passas. Nem o teu poder nem a tua glória podem tocar o mistério da morte.”
Aquele que determinava o rumo de tantos viu ruir, em um instante, a obra que mais sonhou perpetuar o futuro político do herdeiro.
A partir dali, o velho líder procurou transformar o luto em permanência. Batizou aeroportos, cidades, viadutos e monumentos com o nome do filho. Não apenas por devoção paterna, mas como tentativa inconsciente de vencer a morte com a memória, de dominar o tempo com o poder simbólico.
Mas toda homenagem revelava, ao mesmo tempo, a grandeza e a fragilidade do pai: o gesto de amor misturado à impotência.
A história política baiana nunca mais seria a mesma. O homem que um dia tudo controlou descobriu que há fronteiras que nenhum poder cruza.
E, talvez sem perceber, nos deixou a mais eloquente de suas lições: o verdadeiro limite do homem está onde termina o alcance de suas mãos e começa o território de Deus.
Elcio Nunes
Cidadão Brasileiro








