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Chuva alaga cemitério do Valentina; cruzes ficam debaixo de água

as chuvas que caíram em João Pessoa alagaram túmulos no cemitério São Sebastião, na Comunidade Muçumago no bairro do Valentina Figueiredo. Moradores informaram que as águas chegaram a atingir a altura de um metro, no sábado, deixando até mesmo as cruzes das catacumbas encobertas. O mau cheiro invadiu as residências próximas ao cemitério. Apesar do sol ter aparecido na manhã de ontem, a água encobria túmulos e um lago impedia a entrada de pessoas e até do funcionário.

“Quem está enterrado ali morre duas vezes, uma antes de chegar ao cemitério e outra quando chove e ele morre afogado”, disse o borracheiro Vicente Pedro Silva que mora em frente à edificação. A mulher dele, Anailde Silva, disse que o mau cheiro não tem fronteiras. “Quando chove a catinga de insosso chega até minha casa. O fedor se espalha por todo canto”, contou.

O drama dos vivos e dos mortos já se espalha a décadas. Anailde contou que os cadáveres enterrados em cova rasa (em geral as crianças pequenas e pessoas pobres) chegam a ter o corpo descoberto pela água das chuvas. “Depois de sete palmos de terra existe um lençol freático que na época de chuva faz os corpos boiarem”, disse.

O chefe da Divisão de Cemitérios da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedurb), José Zênio Marques Neves, informou que o cemitério está interditado e deverá ser transferido para um terreno da Prefeitura Municipal no bairro do Valentina ou de Mangabeira. “A lei proíbe a existência de cemitério em um terreno naquelas condições”, alegou.

Ainda segundo Zênio, a Lei número 335 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determina que o cemitério deve ser erguido em um local onde o nível de água, em período chuvoso, não se eleve a mais de 1,50 metro abaixo do nível da sepultura. O objetivo é evitar a contaminação do lençol freático pois as covas têm profundidade de 1,5 metro de profundidade, os famosos sete palmos abaixo da terra, e quando o lençol sobe a este nível entra em contato com os corpos e pode ser contaminado.

O borracheiro contestou a informação de que o cemitério está interditado. Segundo Silva, ainda na semana passada aconteceu um sepultamento. O cemitério de Muçumago foi inaugurado em 1951 e teria sido interditado em julho de 2007. O coveiro que trabalha no local não quis conversar com a reportagem com medo de sofrer represálias. Ele usava botas para entrar no lugar.

43 ÁREAS ALAGADAS

Além da inundação do cemitério de Muçumago, outras 64 áreas da capital ficaram alagadas, trazendo transtornos e prejuízos à população. No bairro de Intermares, diversas ruas permaneceram isoladas e enormes poças impediram a circulação de pessoas e de veículos.

O morador Emerson Lopes constatou que o rio invadiu a via pública. “Agora, além da praia, temos rio”, disse o morador da rua Oceano Índico com a Golfo de Alasca. Situação semelhante se repetiu nas ruas José Simões de Araújo, próximo ao supermercado Superbox Brasil, e Valdemar Marques.

Apesar da intensidade das chuvas, a Defesa Civil não registrou nenhuma ocorrência de destaque no último final de semana. Contudo, o assessor técnico do órgão, Alberto Sabino, informou que foram registrados deslizamentos de barreiras e alagamento em áreas ribeirinhas.

Quanto ao deslizamento, as áreas de encosta são as que preocupam a Defesa Civil. Foram registrados queda de barreira nos bairros do Cabo Branco, Róger, Cristo, Cruz das Armas e na Comunidade Citex, que fica no bairro do Geisel. Outros locais apresentam riscos, mas estão sendo monitorados: bairro São José, Saturnino de Brito e Timbó.

A Defesa Civil informou, ainda, que parte de uma casa com problema estrutural caiu. Segundo o órgão, não foi necessário fazer a remoção de nenhuma família, mas muitas que moram em comunidades ribeirinhas estão em situação de risco às margens do rio Jaguaribe.

Jornal da Paraíba

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