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A quaresma

Compreende-se por Quaresma os quarenta dias de oração, jejum, penitência, esmola que precedem à festa da Páscoa. Essa preparação existe desde o tempo dos Apóstolos, que fixaram a sua duração a quarenta dias, em memória dos quarenta dias que Jesus passou no deserto. Durante esse tempo a Igreja veste seus ministros com paramentos de cor roxa e suprime os cânticos de alegria: O “Glória”, o “Aleluia” e o “Te Deum”.

Na Quaresma que começa na quarta-feira de cinzas e termina na quarta-feira da Semana Santa, os católicos realizam a preparação para a Páscoa. O período então é reservado para a reflexão, à conversão. Ou seja, nesse tempo, renova-se com ênfase o apelo a uma maior comunhão com Deus e com os irmãos, a uma metanóia – mudança de direção, a um crescimento espiritual.

Nesse tempo de graça (kairós), a Igreja propõe, por meio do Evangelho, proclamado na quarta-feira de cinzas, os exercícios quaresmais já citados: oração, penitência e caridade como meios a propiciar a conversão.

Na quarta-feira de cinzas, é imposta, na fronte dos fiéis, a cinza com as palavras do Evangelho que nos lembram essa chamada: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15) e ainda “Tu és pó e ao pó retornarás” (Gn 3,19). Evidente não se trata de um rito mágico que, supostamente tiraria pecado, como, aliás, ouvi num programa religioso de televisão, de uma nova seita, que afirmava estranhamente que na Igreja Católica, acreditava-se que as cinzas tirava pecados, nada mais deturpado e mentiroso, parece até piada mal intecionada. Mas, enfim, todos os ritos exteriores visam a uma atitude interior que na verdade e muito claramente é o objetivo da ação litúrgica.

O roxo usado nas alfaias, nos paramentos litúrgicos simboliza essa austeridade, penitência, contrição a favorecer a conversão de vida ao Evangelho de Cristo Jesus. Nesse tempo recorda-se, mais intensamente a Paixão de Cristo, a Via-Sacra, o caminho de Cristo ao calvário, como grande prova de amor por nós. “Deus amou tanto o mundo, que enviou seu filho unigênito, para que não perece todo que nele crê, mas tenha a vida eterna” ( Jo 3,16) e como via de salvação.
E os quarenta dias, além de recordar o tempo que o Senhor Jesus passou no deserto, têm outro significado?

Sim; Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material (terra, água, ar, fogo). Os zeros que o seguem podem indicar o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. Evoca os quarenta dias do dilúvio, os quarenta anos de peregrinação do povo judeu no deserto, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e preparando o coração para algo especial que vai acontecer. No caso da quaresma, a Páscoa – que é a principal festa dos cristãos.

O Jejum permanece válido?

Claro que sim, ao jejuar no deserto, o Senhor Jesus consagrou essa prática, que para nós cristãos é um sacrifício pequeno a nos treinar e fortalecer espiritualmente ante as renúncias que se fazem necessárias no seguimento de Cristo Jesus, “Quem quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mt 16,24), ademais com o jejum podemos ser solidários com os que sofrem, partilhando e servindo a quem necessita.
Tudo isso então, seja compreendido como uma estratégia a favorecer nosso encontro pessoal e comunitário com aquele que reconhecemos ser o nosso Senhor e Salvador e a servi-lo também servindo aos irmãos.
 


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