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UE elogia êxito na organização do referendo no Sudão

UE elogia êxito na organização do referendo do sul do Sudão

A missão de observadores da União Europeia no referendo de independência do sul do Sudão considera que a votação está tendo grande sucesso, não só em sua organização, mas também porque as pessoas sabem que este processo "mudará suas vidas".

"Estamos no começo, mas estou impressionada e emocionada pelo que vi até agora", declarou em entrevista à Agência Efe a chefe da missão de observadores da União Europeia, a eurodeputada belga Veronique de Keyser.

A UE deslocou para o Sudão uma equipe de cem pessoas que está revisando o processo desde o registro dos eleitores – trabalho que foi concluído no mês de dezembro. Eles ficarão lá até o anúncio dos resultados marcado para fevereiro.

Neste referendo, 3,9 milhões de sudaneses originais do sul decidem se continuam unidos ao restante do país ou se declaram independência. As pesquisas prévias indicam que a separação receberá apoio majoritário.

A votação, que se estende por sete dias e começou no domingo, está ocorrendo dentro dos prazos estabelecidos, apesar de que pouco antes se temia atraso por razões técnicas e organizacionais.

"Sabíamos que havia dificuldades, que não estavam preparados, mas houve um grande apoio da comunidade internacional, e os sudaneses trabalharam intensamente, souberam fazê-lo a tempo", afirmou a euro deputada.

"Alguns acreditam que é um milagre – acrescentou. Eu sou completamente agnóstica e não acredito em milagres, mas estou começando a entender como funciona o povo no Sudão, e estou verdadeiramente impressionada".

Esta votação está prevista nos acordos de paz de 2005 assinados entre o norte e o sul do Sudão, com o objetivo de colocar fim em duas décadas de um conflito armado que deixou 2 milhões de mortos.

O regime de Cartum, liderado por Omar al-Bashir, está inclinado a manter a unidade, enquanto representantes do Governo autônomo do sul se mostraram a favor da separação.

Keyser sustenta que nos primeiros dois dias da votação foi testemunha não só da boa organização, mas também da emoção e da felicidade nos centros de votação de Juba, a capital da região, e em outros locais.

"Estive em outras missões e em algumas delas vemos que o povo vota porque tem de votar, mas não acredita que vai mudar nada, fico desesperada quando vejo esse tipo de eleições", acrescentou.

No sul do Sudão, por outro lado, "estão contentes, é palpável, têm o sentimento que este referendo pode mudar sua vida", acrescentou a eurodeputada.

A UE enviou uma das maiores missões de observadores para votação. Entre eles, há ainda enviados do Centro Carter, da ONU, da União Africana e do Conselho Africano de Igrejas, entre outras instituições.

A chefe da missão eleitoral da UE reconhece que, apesar do êxito inicial, ainda há "um caminho difícil pela frente", e assinalou que o cômputo de votos é muito delicado.

A eurodeputada, que esteve em abril liderando uma missão da UE que observou o pleito geral do Sudão, lembrou que nessa ocasião a apuração "continha deficiências".

"Mas aquilo foi um ensaio. Agora é diferente, houve muita assistência internacional e os organizadores sudaneses estão escutando muito bem as sugestões", acrescentou.

Destacou que a votação transcorre sem relatos de intimidação ou pressão. "O povo foi capaz de expressar sua opinião de forma livre e bem organizada", insistiu.

Referendo do Sul: passado e futuro em jogo
No último domingo, 9 de janeiro de 2011, a população da porção sul do Sudão foi às urnas no referendo que vota a autonomia da região. A expectativa geral é de que o "sim" saia vencedor, resultado que deve levar à secessão do resto do país e a criação de uma nova nação: o Sudão do Sul, com capital em Juba e presidido por Salva Kiir.

O referendo está previsto desde janeiro de 2005, quando foi assinado o Tratado de Naivasha. Também conhecido como Amplo Acordo de Paz, o tratado colocou fim a um conflito de 21 anos travado entre o norte sudanês, predominantemente árabe, e rebeldes do sul, região miscigenada e parcialmente cristã. Durante este período, iniciado em 1983, cerca de dois milhões de pessoas morreram.

Apesar da boa expectativa para a realização do referendo, muito deve ainda acontecer depois dele. O presidente sudanês, Omar al-Bashir, garantiu que aceitará o resultado da votação, mas ainda é incerto o futuro das relações entre norte e sul. Por trás do conflito está a disputa pelo controle da maior riqueza natural do país, uma reserva de milhões de barris de petróleo, localizada justamente na faixa central do Sudão.

 

Terra

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