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Turismo em Paris sente a retração econômica e setor hoteleiro lamenta

A cidade mais visitada do mundo está sofrendo com a forte queda no turismo mundial. "É uma catástrofe", diz o setor hoteleiro.

Em sua loja de suvenires em Paris, no Boulevard de Clichy, aos pés de Montmartre, o gerente Amir Mezzine está ficando desesperado. Suas vendas despencaram 30% desde o ano passado. Menos turistas estão passando e aqueles que passam estão gastando menos. Ele reajustou seus estoques, substituiu itens mais caros como agasalhos e gravuras emolduradas por chaveiros da Torre Eiffel, imãs do Moulin Rouge e outras bugigangas baratas, sem resultado. "Somos incapazes de nos adaptar", ele suspirou.

Paris, a cidade mais visitada do mundo, está sofrendo com a forte queda no turismo mundial. Os desembarques de passageiros estrangeiros nos dois aeroportos da cidade caíram em fevereiro 8,1% em comparação ao ano passado, e a taxa de ocupação dos hotéis caiu 10%. Até mesmo as visitas à Torre Eiffel caíram 7% em relação ao ano passado. (Ao todo, os números do Departamento de Comércio dos Estados Unidos apontam que as visitas de americanos à Europa caíram 7% no ano passado.)

Isto está afetando o setor de hotéis e restaurantes de US$ 13,3 bilhões por ano da cidade, que, juntamente com outras atividades ligadas ao turismo, emprega 12,1% da população da cidade. "É uma catástrofe", disse Bertrand LeCourt, presidente da l’Hôtellerie Familiale, uma associação de proprietários de hotéis.

Quartos e mesas vazios

Não são apenas os frequentadores de pontos turísticos que estão em queda. O turismo de negócios se manteve relativamente bem durante 2008, devido às muitas convenções e feiras planejadas com muita antecedência. Mas agora ele também está em queda. "Fevereiro realmente nos assustou", disse Gérard Cros, proprietário do Sport Hotel, um estabelecimento de 95 anos próximo de Bois de Vincennes e que atende aos turistas de negócios. A ocupação do hotel caiu 10% em fevereiro em relação ao ano anterior, disse Cros.

Os restaurantes também foram atingidos. "Há muito menos turistas, mesmo aqueles que têm dinheiro", disse Catherine Castanier, gerente do Coupe d’Or, um café próximo das lojas elegantes da Rue du Faubourg Saint-Honoré. Castanier disse que as vendas caíram 20% em comparação ao ano passado.

Alguns dos restaurantes mais exclusivos da cidade lançaram itens mais baratos no cardápio e refeições a preço fixo. No suntuoso Hotel Plaza Athénée no ostentoso Oitavo Arrondissement, o Relais Plaza introduziu um cardápio de jantar ao preço fixo de US$ 66, cerca da metade do preço à la carte de US$ 130, após sofrer uma queda de 10% na clientela entre dezembro e março. "Nós não estamos preocupados com nosso futuro, mas estamos atentos", disse uma porta-voz.

Restaurantes de preço médio também estão sentindo a dor, enquanto os clientes optam por fast-food e sanduíches para viagem de padarias locais. "Os restaurantes de preço médio são aqueles que realmente estão sofrendo", porque suas margens de lucro são pequenas para permitir que reduzam os preços de forma significativa, disse Xavier Barbaux, co-fundador da Salt & Pepper, uma consultoria de restaurantes em Paris.

Os ianques permanecem em casa

Mesmo antes do estouro da crise financeira mundial em meados do ano passado, a força do euro frente ao dólar estava mantendo os americanos distantes. O número de visitantes americanos fazendo check-in nos hotéis de Paris caiu 18,3% de 2007 a 2008. O euro se desvalorizou 15% frente ao dólar desde seu pico em abril passado, mas isso não foi suficiente para trazer os turistas de volta.

Um declínio de visitantes da China, até recentemente uma fonte crescente de receita de turismo, também piora as coisas. Nan Cheng, que organiza visitas de turistas chineses e de turistas a negócios na agência de turismo Via Chine Voyages, em Paris, estimou que o número de excursões que ele organiza caiu pela metade desde meados do ano passado. A única boa notícia, segundo Cheng, é que "aqueles que vêm gastam quase tanto – apenas há menos deles".

De fato, a recessão não parece ter reduzido o entusiasmo de alguns turistas pelas compras. No balcão de cristais Swarovski na loja de departamentos Galeries Lafayette, no Boulevard Haussmann, a vendedora Melody Vauzelle estima que até 40% de suas vendas são para turistas chineses. Segundo ela: "Os franceses podem ter reduzido o consumo, mas não nossos clientes estrangeiros

 

 

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