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Partido de Mandela é favorito nas urnas nesta quarta-feira

O Congresso Nacional Africano (CNA), partido símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul, enfrenta nesta quarta-feira, 22, o seu maior desafio nas urnas desde que chegou ao poder, em 1994. O partido de Nelson Mandela, que manteve a hegemonia política na África do Sul nos últimos 15 anos, deve vencer as eleições desta quarta-feira e indicar o seu líder, Jacob Zuma, para a Presidência do país. No entanto, o CNA pode sair das eleições sul-africanas sem a maioria de dois terços no Parlamento, necessária para alterar a Constituição.

Mais de 23 milhões de eleitores estão registrados para votar nas eleições nacionais e provinciais da maior economia da África. A votação tem como base um sistema proporcional no qual os partidos apresentam listas de candidatos para preencher as 400 cadeiras da Assembleia Nacional e para os parlamentos locais das nove províncias da África do Sul. Os resultados oficiais devem ser divulgados apenas na sexta-feira. Cercado de escândalos – entre eles um suposto estupro de uma mulher HIV positivo -, Zuma deve se tornar o quarto presidente escolhido democraticamente, mas terá trabalho para assegurar aos investidores que seu governo manterá as políticas que criaram o maior período de crescimento econômico da história da África do Sul.

 

A oposição ganhou um reforço neste pleito. Além da tradicional Aliança Democrática, o CNA enfrenta também a concorrência do Congresso do Povo (Cope, na sigla em inglês), um novo partido formado por dissidentes do CNA e correligionários do ex-presidente Thabo Mbeki. Durante a campanha, o Cope tentou ganhar votos do CNA questionando a honestidade de Zuma. "Os líderes do partido governista ganham tratamento especial, só os pobrestêm que enfrentar a justiça. Estamos cansados de eleger políticos queganham bons salários, mas continuam roubando o nosso dinheiro", acusouMosiuoa Lekota, presidente do Cope no último comício do partido.

 

Mesmo com grande favoritismo para vencer as eleições, o CNA enfrenta seu momento mais delicado desde que assumiu o poder, em 1994, com Nelson Mandela. Depois de dois mandatos consecutivos de Thabo Mbeki, a aprovação do governo despencou de 75%, em 2004, para apenas 52%, em novembro passado. Além disso, Mbeki e Zuma, antigos aliados, brigaram, causando o racha que originou o Cope. Com isso, dificilmente o CNA repetirá o desempenho das eleições passadas, quando conquistou 70% das vagas no Parlamento.

 

Analistas dizem que a maioria de 70% que o CNA tem hoje na Assembleia Nacional pode ser reduzida para entre 60 e 65%. Se o partido obtiver menos de dois terços do Parlamento, dependerá de acordos com os outras legendas para aprovar qualquer emenda na Constituição.

O CNA é criticado pela minoria branca (quase 10% da população) por causa de suas políticas afirmativas que beneficiam apenas os negros (cerca de 80% do povo), e Zuma ainda teve sua imagem arranhada em 2005, quando foi acusado de estupro. Ele foi inocentado, mas provocou revolta em parte da população ao admitir ter tido relações sexuais sem proteção com uma mulher que ele sabia ser HIV positivo – a África do Sul é líder no número de casos de AIDS no mundo, com cerca de 5,7 milhões de infectados.

"Esta é a eleição mais interessante na África do Sul desde a de 94 porque o CNA enfrenta muitos problemas de corrupção e tem uma oposição mais forte. Além do mais, com o passar dos anos, o discurso do partido de que ele lutou pelo fim do apartheid perde um pouco da força, as pessoas começam a se interessar mais por empregos e serviços" disse à BBC Brasil a cientista política Yolanda Sadie. Mas Zuma discorda das previsões, que considera "pessimistas", e garante que o CNA "nunca foi tão popular" como hoje.

De fato, o partido ainda tem grande influência sobre a população negra do país – segundo a pesquisa do Ipsos Markinor, 79% dos eleitores negros vão votar no CNA. Em parte, a aprovação do CNA junto ao eleitorado se explica pelo crescimento econômico registrado nos últimos anos. No entanto, o paísestá sendo atingido pela crise financeira global e pode entrar emrecessão pela primeira vez em 17 anos. O índice de desemprego jáatingiu 22%. Outros assuntos que preocupam o eleitor sãosegurança e saúde. A África do Sul tem os maiores índices decriminalidade do mundo. O país tem 5,7 milhões de pessoas contaminadaspelo HIV.

 

Estadão

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