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Ministro da Economia argentino cai durante reforma

O governo argentino anunciou nesta terça-feira a substituição do ministro da Economia Carlos Fernández por Amado Boudou, que estava à frente da Administração Nacional de Segurança Social (Anses) e participou da recente estatização dos fundos de pensão e de aposentadorias do país.

A saída de Fernández foi detonada pela derrota do governo nas eleições legislativas do dia 28 de junho e faz parte de uma reforma ministerial mais ampla, que já tinha provocado a troca dos ministros da Saúde e dos Transportes.

Fernández costumava participar das reuniões da área econômica com o Brasil. Analistas locais, no entanto, ressaltam que a pasta, na verdade, era administrada pelo ex-presidente Nestor Kirchner e pelo secretário de Comércio, Guillermo Moreno, apontado como autor das barreiras comerciais que têm gerado diferenças entre Brasil e Argentina.

Empresários brasileiros reclamam que as medidas estariam atrasando o desembarque de mercadorias brasileiras exportadas para a Argentina.

A expectativa é que a questão – que segundo economistas da consultoria Abeceb contribuiu para o primeiro déficit comercial semestral do Brasil com a Argentina desde 2003 – seja tratada numa reunião na próxima terça-feira, em Brasília.

Nos últimos dias, os principais jornais argentinos, como La Nación, Clarin e El Cronista, vinham noticiando que setores do governo brasileiro defendem a adoção de represálias às medidas argentinas e que havia expectativa pela saída de Moreno.

Sem mudanças

“Moreno permaneceu no cargo e por isso parece, até aqui, que não haverá mudanças de fundo no rumo da política econômica e do governo”, disse à rádio Diez o analista Zuleta Puceiro, da consultoria Ibope OPSM.

Já o analista da área econômica da TV América, Maximiliano Montenegro, observou que Boudou tem boa relação com Moreno e outros integrantes do governo Kirchner, o que facilitaria sua atuação na pasta da economia. "Boudou poderá trabalhar com Moreno", disse.

O economista Fausto Spotorno, da consultoria Ferreres e Associados, disse à BBCBrasil que a expectativa do empresariado local e dos investidores estrangeiros era que a reforma ministerial começasse pela substituição do secretário de comércio.

“Se Moreno não sai, não muda nada. Ele é o responsável pelo Indec (Instituto de Estatísticas e Censos) e pelo controle de preços, que são a base da economia”, afirmou.

O analista econômico da TN (Todo Notícias), Marcelo Bonelli, concordou: "Mudaram nomes, mas dificilmente mudará a política econômica com Moreno continuando no governo".

Reforma

A informação sobre a reforma ministerial foi dada pelo sub-secretário de Meios da Presidência, Alfredo Scocimarro.

Além da substituição de Fernández por Boudou, saiu o chefe de gabinete (equivalente a chefe da Casa Civil) da Presidência, Sergio Massa, que será substituído pelo atual ministro da Justiça, Aníbal Fernández.

A pasta da Justiça caberá ao atual presidente da Aerolíneas Argentinas, Julio Alak, que estava no cargo desde a reestatização da empresa, no governo da presidente Cristina Kirchner

Jorge Coscia foi nomeado o novo secretário de Cultura (equivalente a ministro no Brasil) e o economista Diego Bossio assume a presidência da Anses no lugar de Boudou.

Os novos ministros tomam posse nesta quarta-feira, num momento em que diferentes setores – industriais, ruralistas e opositores – pedem “maior diálogo” ao governo de Cristina Kirchner.

“O governo deveria dialogar com opositores e os diferentes setores. Foi assim que saímos da crise”, disse o ex-presidente Eduardo Duhalde, que governou a Argentina entre 2002 e 2003 e apoiou a candidatura de Nestor Kirchner, eleito em 2003.

BBC

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