O governo do Equador anunciou nessa quinta-feira que adotou medidas para proteger os familiares do equatoriano que sobreviveu ao massacre de 72 imigrantes descoberto esta semana no Estado de Tamaulipas, no México.
Os familiares do sobrevivente – identificado apenas como Freddy, pelas autoridades – moram em Ger, uma vila rural no sul do Equador. Eles disseram à BBC que receberam ameaças de morte do traficante de pessoas que tentou levar Freddy aos Estados Unidos, via México.
Policiais foram enviados à comunidade e o ministério de Imigração (Senami, na sigla em espanhol) entrou em contato com os pais de Freddy, que estão nos Estados Unidos.
A ministra Lorena Escudero disse que Freddy, que está hospitalizado no México, "precisa de proteção absoluta", pois "se trata de uma pessoa que denunciou o crime organizado".
"É uma vítima que tem que ser protegida em sua saúde física e mental, e de possíveis retaliações dos criminosos", disse ela.
Emprego nos EUA
A ministra afirmou também que o governo do Equador vai investigar o tráfico de pessoas no país. Em Ger, o ambiente é de angústia e temor. O México não revelou oficialmente o nome do equatoriano, mas na comunidade, todos sabem de quem se trata.
A esposa de um primo de Freddy, María Ignacia, disse à BBC que o equatoriano trabalhava como agricultor em Ger e deixou o Equador em julho para tentar visitar seus pais nos Estados Unidos.
O pai de Freddy havia se mudado para os Estados Unidos há quatro anos. A mãe mudou-se dois anos depois. O casal deixou os oito filhos em Ger.
Freddy queria juntar-se aos pais nos Estados Unidos e arranjar um emprego lá, para enviar dinheiro a sua esposa, Angelita, de 17 anos. Ela está grávida de quatro meses. O primeiro filho do casal morreu com seis meses de idade.
O equatoriano pagou US$ 11 mil ao "coyotero" – como são chamados os traficantes de pessoas no Equador – para ser levado aos Estados Unidos. Na semana passada, Freddy telefonou para sua esposa da Guatemala para dizer que tudo estava bem e que ele havia conhecido outros equatorianos do sul do país.
Uma das tias de Freddy em Ger disse que "a pobreza fez meu sobrinho seguir os seus pais, que também não têm empregos nos Estados Unidos".
"O pai de Freddy me ligou na quinta-feira chorando, e dizendo que não pode fazer nada para ajudar", disse ela. Os familiares de Freddy lamentam não ter recursos econômicos para ir ao hospital no México e pedem ajuda ao governo do Equador. "Não sabemos quando ele vai se recuperar. Só sabemos que ele está em estado grave", disse.
Terra