A Paraíba o tempo todo  |

Solidão amadurece Roger, mas jogador já vislumbra retorno ao Brasil

Prestes a completar 31 anos, Roger vem lidando sem muitos problemas com o ostracismo no futebol do Oriente Médio. Acostumado a ser badalado dentro das quatro linhas em um passado recente – no Fluminense chegou a ser comparado a Maradona pelo técnico Carlos Alberto Parreira e no Corinthians foi um dos destaques na campanha vitoriosa do Brasileirão de 2005 – e também fora dos gramados por seus relacionamentos com mulheres famosas – namorou com a apresentadora Adriane Galisteu e atualmente é casado com a atriz Deborah Secco, o meia só veio reaparecer na mídia há alguns dias por ter trocado de clube no Qatar.

Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, Roger falou de sua tranquila, mas solitária vida do outro lado do planeta, revelou ter amadurecido como homem devido à distância dos familiares e amigos e confessou que, apesar de estar adaptado aos costumes locais – alguns um tanto constrangedores -, não vê a hora de retornar ao Brasil.

 

– Aqui tem sido a melhor experiência da minha vida em relação a crescimento como ser humano. Mas tenho contrato até o final desta temporada e no meio do ano que vem provavelmente já estarei atuando no meu país – disse Roger, por e-mail, de Doha.

 

Revelado pelo Fluminense em 1996 – onde inclusive chegou à seleção brasileira – e com passagens por Corinthians, Flamengo, Benfica e Grêmio, o meia não deu pistas de onde vai atuar no futuro, mas não escondeu que nutre um carinho especial pelos dois clubes tricolores de sua carreira: o carioca e o gaúcho.

 

– O meu coração ainda bate pelo Fluminense, por tudo que vivi lá, fui criado nas Laranjeiras e em Xerém. O Grêmio também foi uma relação muito intensa – observou Roger, que faz aniversário no próximo dia 17 de agosto.

GLOBOESPORTE.COM: Você completou recentemente um ano de Qatar ( Roger foi contratado no início de julho de 2008 pelo Qatar SC ). Como vem sendo essa experiência? Sentiu alguma evolução no futebol daí?

 

Roger: A experiência está sendo muito proveitosa, não só no futebol, mas também em outras áreas. Não é fácil ficar um ano sozinho em um país em que você até então desconhecia tudo, mas quando você vem aberto a aprender a cultura e, principalmente, respeitar os costumes locais, com certeza vai se adaptar mais rápido. Certamente estou me tornando um ser humano melhor e mais capaz. Aqui tem sido a melhor experiência da minha vida em relação a crescimento como ser humano. Em relação ao futebol daqui, eles vêm evoluindo gradativamente mais ainda estão longe das potencias asiáticas.

 

E o idioma? Arrisca algo na língua local? E os costumes, algum “causo” interessante?

O idioma aqui é muito difícil, mas é lógico que aprendi algumas palavras soltas e também os cumprimentos são importantes. A situação que me deixa mais constrangido é que eles têm o costume de comer com as mãos e acham normal meter a mão no seu prato para te oferecer alguma coisa ou até de pegar um alimento no seu prato, sempre com a mão babada e você não pode recusar porque seria um insulto.

 

Em relação à família e aos amigos? Como você lida com a saudade e a distância?

 

Ninguém gosta de ficar longe da esposa. Isso é o mais difícil para mim, mas hoje em dia nós temos acesso direto à internet, o que nos deixa um pouco mais próximos. Minha família toda trabalha no Brasil e minha filha também tem escola… Mas sempre quando alguém tem um tempinho eles passam aqui. Mas está faltando pouco para acabar…

 

Quanto tempo?

 

Tenho contrato até o final desta temporada e com certeza meu objetivo é voltar a jogar no Brasil. No meio do ano que vem provavelmente já estarei atuando no meu país.

 

Mas porque então você mudou de clube por aí, trocando o Qatar SC pelo Al-Sailiya?

 

Tiveram mudanças significativas no futebol daqui, o país quer se candidatar a sede da Copa do Mundo de 2022, por isso tem que se enquadrar nos regulamentos FIFA. Ou seja, o campeonato tem que ser disputado por no mínimo 12 equipes, ano passado eram apenas 10. Cada time pode ter apenas quatro estrangeiros, no ano passado eram seis. Sabendo dessas mudanças, o treinador do Al Sailya, que mora no mesmo prédio que eu e que se tornou meu amigo, me perguntou se gostaria de trabalhar com ele porque sabia que meu time ia ter que mudar porque tinham estrangeiros demais. E eu também estava sendo aproveitado numa posição que eu não gosto e nem sei jogar bem, que era aberto pela direita. Por esses motivos resolvi mudar.

Como você encarou essa recepção festiva dos novos companheiros de clube? Esperava por isso?

Isso mostra o quanto sou querido por aqui e o quanto as pessoas me respeitam, fiquei muito feliz com a recepção, é sempre bom ser recebido dessa forma. Juro que não esperava, porque não tinha a menor idéia que o meu casamento também tinha sido noticiado por aqui, teve até bolo personalizado (Nota: na última quinta-feira, Roger fez um gol na vitória do Al-Sailiyasobre o Nurbak, por 2 a 0, em amistoso da pré-temporada da equipe que está sendo realizada na Áustria).

 

Flamengo, Fluminense, Grêmio ou Corinthians? Quais desses clubes mais te marcou? Tem preferência em voltar para qual deles?

 

Eu consegui me tornar ídolo em três grandes clubes no Brasil, o que é muito difícil. Infelizmente não tive a mesma sorte no Flamengo, atribuo essa infelicidade a sequência de lesões que tive por lá, mas são coisas que acontecem com certeza. O meu coração ainda bate pelo Fluminense, por tudo que vivi lá, fui criado nas Laranjeiras e em Xerém. O Grêmio também foi uma relação muito intensa, apesar de pouco tempo tive uma identificação muito forte com a torcida, também virei gremista por isso.

Falando de ex-clubes que você defendeu. Vou citar dois deles, que estão em situações completamente opostas. Primeiro, o Fluminense. Está acompanhando o sofrimento de mais um ano consecutivo o clube estar lutando para não cair? Acha que dessa vez o time consegue se livrar?

 

O Parreira tinha um projeto sensacional para o Flu, mas isso tudo custa tempo e dinheiro e como o time não estava indo tão bem dentro do campo, as pessoas não tiveram paciência e resolveram mudar. Como sou um torcedor sempre otimista acho que o Flu ainda se recupera bem nesse campeonato.

 

E o Corinthians? Campeão da Copa do Brasil, Ronaldo comendo a bola…

 

O presidente do Corinthians é jovem e muito inteligente, sabendo a grande marca que o Corinthians é, e a credibilidade que ele tem, foi fazendo grandes negócios e com isso trazendo grandes jogadores, entre eles o Ronaldo que todos davam como acabado e que seria somente jogada de marketing. Só que mais uma vez ele está mostrando que ainda tem lugar no futebol para jogadores com grandes qualidades.

 

 

globo.com

    VEJA TAMBÉM

    Comunicar Erros!

    Preencha o formulário para comunicar à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta matéria do PBAgora.

      Utilizamos ferramentas e serviços de terceiros que utilizam cookies. Essas ferramentas nos ajudam a oferecer uma melhor experiência de navegação no site. Ao clicar no botão “PROSSEGUIR”, ou continuar a visualizar nosso site, você concorda com o uso de cookies em nosso site.
      Total
      0
      Compartilhe