Curitiba, capital do Paraná, 13 de fevereiro de 2014. O relógio marca 18h15 quando os primeiros torcedores do Atlético-PR entram no Estádio Durival Britto e Silva, a Vila Capanema. Portões abertos, os rubro-negros se cumprimentam e se acomodam no local que será palco da reestreia do principal personagem da noite. Ansiosos pela estreia do Furacão na fase de grupos, os rubro-negros se ajeitam nas arquibancadas e ainda comentam sobre a heroica vitória nos pênaltis sobre o Sporting Cristal, que classificou o time do treinador Miguel Ángel Portugal para o Grupo 1 da Taça Libertadores da América. Mas o assunto predominante era um só: a volta do atacante Adriano ao futebol. No fim do jogo, Adriano ainda disse que sonha com a Seleção.
– Agora é trabalhar muito. Quem sabe Deus me abençoe para eu chegar à Seleção. Quando Deus quer, ninguém consegue botar a mão – disse, rodeado de câmeras e jornalistas.
A alguns metros, no castigado gramado da Vila Capanema, os olhos estavam voltados para o Imperador durante o aquecimento. Logo que entrou em campo, ele foi saudado pela torcida atleticana aos gritos de “Aaah, é Adriano!” e levantou a mão direita, cumprimentando os rubro-negros. Por exatos 20 minutos, o atacante fez alongamentos junto a Bruno Mendes, Carlos César, Dráusio, Nathan e Mirabaje, reservas do Atlético-PR. Entre sorrisos e muita descontração, o atacante participa da roda de ‘bobinho’ e retorna ao vestiário sob novos gritos efusivos da torcida e muitos flashes dos fotógrafos que o acompanhavam.
A noite do imperador iniciou pouco antes do início da partida, quando os reservas subiram ao gramado após a entrada dos titulares. Adriano foi o último a entrar e, como por toda a noite, atraiu a atenção de todos. Adriano senta no banco entre o meia Nathan e o médico Diego Portugal, do Atlético-PR, e lá começa os seus 90 minutos para o retorno.
Pontualmente às 20h, Daniel Fedorczuk apita o início da partida entre Atlético-PR x The Strongest. Aos quatro minutos, Éderson arrisca de fora da área e exige defesa do goleiro Jemio, que se estica todo para pegar a bola no canto esquerdo. Atento, Adriano aplaude a jogada. Aos 18, Sueliton finaliza no travessão e, na sequência, Éderson chuta colocado, exigindo outra grande defesa do goleiro boliviano. O Imperador se levanta para acompanhar os lances e vibra no banco de reservas. Um minuto depois, o atacante se irrita com a marcação de uma falta pelo bandeirinha.
O relógio da Vila Capanema marcava 23 minutos quando o Furacão chega ao gol. Sueliton cruza com precisão e o volante Paulinho Dias aparece para mandar a bola para o fundo das redes. Adriano sai do banco e vai até a beira do gramado comemorar com seus companheiros, enquanto a Vila Capanema explode em vibração dos atleticanos.
Aos 30, os reservas vão para o aquecimento atrás de um dos gols e, no trajeto, o atacante é novamente saudado pela torcida. Adriano acena e começa a fazer os alongamentos enquanto fica de olho na partida. Sete minutos depois, o atacante leva as mãos à cabeça quando Éderson chuta, a bola desvia e sai rente à trave. O árbitro encerra o primeiro tempo. O camisa 30 deixa o aquecimento e sai abraçado ao lateral-direito Carlos César.
Torcida faz coro e Imperador retorna aos gramados após 22 meses
Adriano sobe ao campo para o segundo e senta no mesmo lugar no banco de reservas. Porém, o atacante mal se ajeita e os suplentes já são chamados para o novo aquecimento. Atrás do mesmo gol, o jogador não desgruda os olhos da partida, que começa a ficar equilibrada. Aos 17, o técnico Miguel Ángel Portugal chama o atacante Bruno Mendes e o meia Matías Mirabaje, que entram nos lugares de Mosquito e Fran Mérida, respectivamente. Ainda não era a vez de Adriano.
Os mais de 10 mil torcedores atleticanos presentes na Vila Capanema começam a pedir a entrada do Imperador aos 26 minutos, e repetem com força aos 33 e aos 36, quando finalmente são atendidos. O camisa 30 deixa a área atrás do gol e caminha para a beira do gramado aos gritos de “Uh, terror, é Adriano Imperador” e “Ô, o Imperador voltou”. O jogador é cumprimentado pelo lateral-direito Carlos César e recebe instruções do técnico Miguel Portugal. Aos 38 minutos, o atacante assina a súmula e espera o jogo ser paralisado para voltar ao futebol.
Aos 40 minutos, Adriano respira fundo e entra na partida, substituindo Éderson e estreando no Furacão. Com a camisa 30, o atacante volta a jogar depois de quase dois anos, quando esteve em campo no clássico entre Corinthians e Santos, em 4 de março de 2012, pelo Campeonato Paulista. A torcida se empolga com a entrada do centroavante e canta mais alto no estádio.
Logo que entra em campo, Adriano recebe a marcação individual do zagueiro brasileiro Jefferson Lopez e tenta buscar o jogo. Porém, o Imperador mal toca na bola durante os oito minutos em que esteve no gramado. Aos 48, o árbitro assinala o fim da partida, decretando a vitória do Furacão sobre os bolivianos por 1 a 0. O atacante vai ao encontro do goleiro Weverton e do zagueiro Manoel, e é cumprimentado por todos os jogadores do Atlético-PR.
Ensandecida pela primeira vitória na fase de grupos, mas ao mesmo tempo emocionada, a torcida do Atlético-PR canta “Ah, é Adriano” por longos minutos. Ao fim do jogo, o Imperador é novamente cercado pelos repórteres, fotógrafos e cinegrafistas. Feliz com o retorno aos gramados, o atacante não esconde a emoção e fala até em uma possível volta à Seleção.
– Espero estar bem para voltar. Estou muito feliz, depois de tanta coisa que passei. É um dia muito importante. Poder voltar a jogar era a coisa mais importante para mim. Obrigado a todos . Estou muito emocionado, só Deus e minha família sabem o que passei – disse.
Adriano Leite Ribeiro, o carioca da Vila Cruzeiro, o pai de Sophia, de Adrianinho e da pequena Lara. O atacante revelado pelo Flamengo, o Imperador da Internazionale, o centroavante da Seleção Brasileira. E agora, o camisa 30 do Furacão. Entre altos e baixos, ele está de volta, para a alegria de seus súditos.
Globo
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