O setor sucroalcooleiro está positivo com a expansão do consumo de veículos bicombustíveis no país. De acordo com projeções do presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, 50% da frota circulante será “flex” em 2012 e subirá, em 2015, para 65%.
Jank tem como base os dados atuais da frota nacional. Segundo ele, mais de 7 milhões de automóveis e comerciais leves em circulação no Brasil são bicombustíveis, ou seja, 25% da frota total, estimada em 28 milhões de veículos (ao contar além dos carros, caminhões e ônibus).
O avanço dos veículos bicombustíveis rende cifras tanto para as montadoras quanto para a indústria da cana-de-açúcar. Em 2008, o setor sucroalcooleiro registrou faturamento de R$ 45 bilhões, com a produção de 560 milhões de toneladas de cana em 450 usinas em todo o país. Hoje, o etanol – hidratado e anidro – já substitui 50% do consumo de gasolina no Brasil.
“A tendência é que isto aumente”, afirma Marcos Jank. O que garantiu o sucesso da tecnologia flex no país foi a possibilidade de escolha entre o álcool hidratado e a gasolina, de acordo com o preço na bomba no posto de combustível.
Com mais de 60 modelos disponíveis com a tecnologia flex no país, a indústria automobilística conseguiu atingir no primeiro trimestre deste ano a venda de 562.320 automóveis e comerciais leves flex fuel, contra 52.699 unidades a gasolina, 10 unidades a álcool e 26.942 a diesel. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a participação de mercado dos carros bicombustíveis foi de 87,6% no período.
“Temos ainda uma pequena margem para subir na participação dos veículos flex no mercado, mas não chegará a 100% por causa dos veículos importados e de outros fabricados no Brasil que possuem apenas uma opção de combustível”, observa o presidente da Comissão de Energia e Meio Ambiente da Anfavea, Henry Joseph Junior.
Renovação de frota
No entanto, chegar próximo a 100% é a meta em comum da indústria automobilística nacional e da indústria sucroalcooleira. Juntas, elas investem em campanhas para atrair novos consumidores de veículos bicombustíveis. Agora, a tecnologia flex se torna também um argumento para a renovação da frota brasileira e, consequentemente, um impulso à produção e às vendas nos dois setores.
Para tornar "didática" essa investida, a Unica anunciou na última semana parceria com a Volswagen, Fiat, General Motors e Ford para a distribuição da “Cartilha do Etanol”. Cerca de dois milhões de cartilhas serão colocadas nos veículos novos entre maio deste ano e abril do ano que vem, como “um esforço de conscientização” dos clientes sobre os benefícios do uso do álcool combustível. “A vantagem do etanol não está só no preço, o consumidor precisa entender os outros benefícios deste tipo de combustível, principalmente em relação ao meio-ambiente”, afirma Marcos Jank.
Tais argumentos ganharão o reforço das fabricantes de motocicletas, que já investem em modelos que aceitam os dois combustíveis. Os números mostram o potencial para os bicombustíveis nos próximos anos: o mercado de motocicletas no país está entre os que mais cresceram em 2008, com 1.879.695 unidades vendidas. Somente no primeiro trimestre deste ano, foram vendidas 309.610 motos, de acordo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).
A primeira moto, e até agora única, com sistema bicombustível do mundo é a Honda CG Titan Mix. O modelo foi lançado em março e já vendeu 14.481 unidades no mês. Pouco abaixo do volume comercializado em março da “tradicional” CG Titan, de 15.142 unidades.
Mas a moto não ficará sozinha no mercado. A brasileira Amazonas Motocicletas Especiais (AME) já anunciou que começará a fabricar um modelo flex neste ano. A empresa tem parceria com a Delphi Automotive Systems do Brasil.
G1
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