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Fundos de pensão e BNDES querem até 44% do capital da BRF

Os fundos de pensão – que controlam a Perdigão – e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) planejam comprar pelo menos 50% – se possível até 65% – das ações a serem emitidas até o fim de julho pela Brasil Foods, a companhia formada por Sadia e Perdigão. A oferta dos papéis para reforçar a companhia deverá atingir R$ 4 bilhões. Com essa compra agressiva, os fundos querem ampliar, de 26% para 35%, sua participação no capital total da nova empresa. O BNDES ficaria com algo como 9%. Juntos, passariam a ter 44% da Brasil Foods.

Os fundos contam com o BNDES para criar um grupo de acionistas afinado e forte o suficiente para definir os rumos da Brasil Foods, sem depender de outros sócios. Pertencentes a estatais, são liderados pela Previ, do Banco do Brasil. Deverão investir de R$ 1,3 bilhão a R$ 2 bilhões.

 

O BNDES planeja investir de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão, segundo apurou o Estado. A intenção é comprar um grande volume de ações mesmo que a demanda pelos papéis seja forte, o que mostraria que o interesse do BNDES é fazer uma composição estratégica com os fundos e não apenas garantir o sucesso da operação. Outros fortes interessados são dois grandes acionistas da Perdigão: a Weg e a família do chinês Shan Ban Chun, que vendeu a Eleva para a Perdigão em outubro de 2007.

 

A composição acionária definitiva, no entanto, ainda vai depender de um ponto da legislação chamado direito de prioridade: ele garante aos sócios da empresa ofertante o direito de fazer a subscrição das ações antes dos outros. Hoje, os acionistas da Perdigão têm esse direito. Os da Sadia, não.

 

É que a oferta de ações será feita pela Perdigão, portanto apenas seus sócios podem exercer o direito de prioridade. As famílias Fontana e Furlan, da Sadia, só passam a ter a mesma vantagem no momento em que a incorporação da Sadia pela Perdigão for sacramentada, o que pode levar cerca de 60 dias. Como os acionistas da Sadia querem ter preferência, criou-se uma corrida contra o relógio.

 

"Se a incorporação for concluída antes da oferta pública não há problema, porque os sócios da Sadia já terão o direito de prioridade", diz um executivo envolvido na operação. "Se ocorrer antes de a incorporação ser completada, vamos ter que ver". Se isso ocorrer, a decisão será arbitrada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

 

Executivos que participam da operação avaliavam ontem que a incorporação da Sadia pela Perdigão ficará pronta depois da oferta de ações. Isso porque há pressa em capitalizar a Brasil Foods, que estreia com dívida de mais de R$ 10 bilhões, herdada de Sadia e Perdigão.

 

O grupo que controla a Sadia é formado por sete famílias, com centenas de pessoas, cada um com uma ideia diferente do que fazer agora. "Uns querem continuar na nova empresa, outros querem abrir negócio próprio e há os que querem pegar o dinheiro, mas ainda não sabem o que fazer", diz o membro de uma dessas famílias.

 

Perdigão e Sadia já ensaiaram unir suas operações várias vezes. Em outubro do ano passado, depois que a Sadia anunciou perdas que chegaram a R$ 2,6 bilhões com derivativos cambiais, seus representantes procuraram a Perdigão e negociaram um acordo de preferência.

 

Esse acordo venceu em abril e os acionistas da Sadia, então, passaram a procurar fundos de investimentos dispostos a entrar na companhia.

 

Um desses fundos, o Tarpon, chegou a fazer uma oferta de R$ 2 bilhões. Os acionistas da Sadia preferiram continuar a conversar com a Perdigão. Mas o negócio só se concretizou por causa das dificuldades financeiras da Sadia.

 

Os acionistas culparam o ex-diretor financeiro Adriano Ferreira, que foi demitido. Segundo os controladores da Sadia, ele teria feito operações de alto risco com derivativos sem consultar o conselho de administração.

 

Os fundos de pensão mandaram incluir uma cláusula especial nos documentos da nova empresa. Ela exige que as informações financeiras circulem abertamente na Brasil Foods, para impedir que se repita o ocorrido na Sadia.

 

Estadão

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