Dona de bar em Itinga, cidade mineira, é apontada com exemplo de ex-beneficiária que conseguiu encontrar uma porta de saída para o programa federal
Encostada atrás do balcão do bar de parede verde-limão no bairro Taquaral, cerca de 10 km do centro de Itinga, Cleide de Jesus Silva, a Cleidinha, 25 anos, aponta para rosquinhas e biscoitos – e não esconde o orgulho. "Eu fiz, está quentinho", disse ela.
Moradora da zona rural, Cleidinha estudou até a quinta série, saiu da casa dos pais aos 13 anos, foi morar na cidade onde conheceu o marido e pouco tempo depois estava grávida. Trabalhou de empregada, passou necessidade até o dia em que o correio entregou em casa o cartão do Bolsa Família. "Fiquei apavorada. Nunca tinha recebido correspondência", lembra ela.
O benefício serviu de alicerce. Apesar de receber o dinheiro do governo, nunca parou de trabalhar. Vendeu verduras na rua e roupas, até juntar R$ 200. Foi seu capital inicial. Em vez de gastar o dinheiro, investiu tudo em doces, alugou um balcão por R$ 45 e montou uma banca na frente da casa do sogro. Três anos depois, a banca virou um bar com mesa de sinuca, produtos industrializados e os quitutes que ela mesma prepara.
Cleidinha é apontada pelos funcionários da Prefeitura de Itinga como exemplo de ex-beneficiária do Bolsa Família que conseguiu encontrar a porta de saída. "Minha vida é uma glória", resume ela.
Ig