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Brasileiro ainda corta gastos com saúde, celular e tevê a cabo

A economia está deixando a recessão para trás e os indicadores de consumo estão melhores, mas os dados sobre a contratação de serviços como planos de saúde, TV a cabo e telefonia móvel mostram que o brasileiro ainda está disposto a cortar gastos para manter o orçamento sob controle. Em boa medida, segundo os especialistas, isso ainda pode ser reflexo da crise, que ensinou a população a economizar e a priorizar o necessário e a descartar tudo o que não seja considerado essencial.

 

Nos últimos 12 meses, o número de contratos de TV por assinatura caiu 5%, fechando 2017 com 17,9 milhões de contas ativas. Apenas de novembro para dezembro, foram 125,7 mil clientes perdidos. Nas operadoras de telefonia móvel, por sua vez, a redução foi de 7,5 milhões de linhas em um ano, uma queda de 3,11%. Somente em dezembro, os cancelamentos chegaram a 2,6 milhões. Nem os planos de saúde escaparam. De 2014 até agora, a Agência Nacional de Saúde (ANS) registrou mais de 3 milhões de convênios desativados.

 

O consultor financeiro Jônatas Bueno destaca que a economia brasileira ainda não deixou definitivamente a zona de perigo. “Há uma situação de ameaça à macroeconomia, que depende muito da vontade política, das reformas, das eleições, de quais serão os candidatos. Essas incertezas deixam aberta a possibilidade de que as coisas voltem a piorar. Efetivamente, não estamos em um momento de bonança”, explica.

 

“As pessoas passaram a gastar menos. Esse é um dos legados da crise”, ressalta Bueno. “O que era considerado uma simples comodidade foi cortado, porque as famílias têm limites orçamentários definidos. Eu acho que é um cenário sem volta. As pessoas perceberam o que é desnecessário e onde devem apertar”, afirma.

 

Tecnologia

 

O consultor lembra, porém, que o desenvolvimento da tecnologia também está mudando os hábitos dos brasileiros, o que torna alguns serviços menos atraentes, ou quase obsoletos. Hoje em dia, por exemplo, as pessoas podem se comunicar por meio de aplicativos de mensagem, que são mais baratos do que uma chamada telefônica convencional.

 

“Em vez de ligar para os amigos, as pessoas mandam áudios ou usam mensagens de texto ou de vídeo, muitas vezes sem ter um plano de dados, apenas por meio de wi-fi. Ou seja, em vez de manter um telefone fixo ou mesmo um plano de celular, é muito mais barato usar a internet para se comunicar. A tecnologia tornou o serviço móvel mais barato, e o telefone fixo ficou quase irrelevante, a não ser que a pessoa tenha um comércio”, frisa.

 

O serviço por streaming é outra tecnologia que tem ajudado a deixar a programação na TV por assinatura para trás. “Ela passou a sofrer o mesmo desinteresse que a TV aberta. No tablet, no celular, no computador ou em outros dispositivos, o cliente pode ter todo o conteúdo que quer sob demanda. Pela falta de modernização, a TV por assinatura tem se tornado menos atrativa”, analisa Bueno.

 

O gerente de Universalização e Ampliação do Acesso da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Eduardo Jacomassi, observa que, embora seja notória a diminuição de serviços de celular e de pacotes de TV a cabo, as contratações de banda larga têm crescido, o que reforça a ideia de que as mudanças tecnológicas estão por trás da queda no uso de determinadas mídias. “Plataformas como WhatsApp e Netflix influenciam muito nisso. É necessário um bom pacote de dados para poder utilizar esses serviços”, argumenta.

 

Em relação à telefonia fixa, Jacomassi reforça que a diminuição é constante. “Quase ninguém usa telefone fixo, o ambiente econômico é influenciado pela modernização das coisas e uso de celulares”, afirma. Por fim, Jacomassi explica que a população está cada vez mais inclinada a utilizar serviços que demandam internet, o que pode implicar uma nova forma de comercialização desses tipos de serviço.

 

Risco

 

É no âmbito da saúde, no entanto, que os efeitos da crise se apresentam de forma mais clara. Se uma pessoa pode abri mão do celular ou da TV a cabo sem consequências mais graves, com a saúde é diferente. Ficar sem atendimento médico pode deixar sequelas ou mesmo colocar a vida em risco. Bueno destaca que as pessoas podem até achar que plano de saúde não é tão relevante, ou entender que têm condições de fazer uma reserva financeira para bancar atendimento médico por conta própria. Não é, porém, o que ele recomenda. “O brasileiro não tem o costume de poupar. Ter um plano é importante, porque, infelizmente, não dá para depender do serviço público de saúde, que não consegue atender à população com a presteza necessária”, opina.

 

Redação 

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