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Brasil gasta US$ 16,4 bilhões a mais do que vende em tecnologia

Um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na quinta-feira (14) sugere que o Brasil importa muitos produtos tecnológicos para atender a demanda nacional, mas o volume das exportações nacionais do setor ainda é mínimo.

O Brasil ficou de fora do ranking da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) sobre os 20 países que mais exportam bens tecnológicos no mundo. A China ficou isolada na primeira posição, seguida de EUA, Hong Kong, Cingapura e Coréia do Sul. Entre os países da América Latina, o único que figura na lista é o México, na 10º posição.

O estudo concluiu que a rápida expansão da indústria criou muitas oportunidades de emprego para os mais pobres, mas apenas em alguns países em desenvolvimento. Segundo a ONU, o Brasil importou US$ 20 bilhões em aparelhos tecnológicos em 2009, contra a exportação de apenas US$ 3,6 bilhões. No volume total de importações, os bens de tecnologia representam 11,9% de tudo que entra por ano no país. Entre as exportações, o setor representa apenas 1,8%.

De acordo com Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o Brasil não tem uma grande indústria de tecnologia e a produção do setor no país atende apenas ao mercado interno.

“O que falta no Brasil é uma política industrial, que deveria ter sido feita há anos. Acreditamos que uma série de medidas deveria ser adotada para reverter esses dados, mas isso só vai acontecer em médio prazo”, disse. Para Barbato, entre as medidas entrariam os incentivos à instalação de uma indústria de base tecnológica no Brasil.

O relatório da ONU também mostra que, entre os países com altos níveis de pobreza, a produção tecnológica é significativa apenas na China e nas Filipinas. “A produção global é caracterizada pelas grandes barreiras à entrada de novas empresas nos países”, concluiu a entidade.

Desvalorização do dólar

A queda do dólar frente ao real é outro fator que contribui para a alta nas importações brasileiras. Entre janeiro e setembro deste ano, o dólar acumula queda de 2,93%. “Quanto mais forte for a moeda, mais inviável é de sediar no Brasil a fabricação de eletrônicos, pois resulta em uma produção nacional muito cara”, explica Barbato.

O G1 entrou em contato com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mas ninguém se manifestou sobre o assunto. Segundo dados divulgados no site da instituição, as exportações da indústria de alta tecnologia em 2009, considerando apenas os equipamentos de rádio, TV e comunicação, representaram apenas 1,3% do total vendido ao exterior.

Dados divulgados pela Abinee fazem a comparação entre os números de 2005 e 2010. As informações mostram que as exportações representavam, em 2005, 20,4% do faturamento total do setor, que atingiu na época o total de R$ 92,8 bilhões. Já em 2010, a previsão é que as exportações atinjam 10,5% do faturamento, que está previsto em R$ 128 bilhões. Os números da Abinee abrangem mais produtos que os pesquisados no relatório da ONU, que se referem apenas aos bens de comunicação e informação.

Acesso à web no celular

O estudo da ONU também mostrou que o custo de pacotes de dados para celular no Brasil é o mais caro entre os países em desenvolvimento. De acordo com o levantamento, apenas no Brasil e no Zimbábue o preço médio do pacote de dados mensal passa dos US$ 120, o que deixa o país atrás de nações como Congo, Haiti e Bangladesh, país que tem o menor custo entre 78 listados no relatório. A média do preço mundial é de US$ 46,54 dólares.

O relatório da UNCTAD chegou ao preço médio considerando o custo total de propriedade de um pacote de tráfego de 2,1 MB de dados por mês. "Existe uma grande variação, com alguns países oferecendo por menos de US$ 20 por mês e outros por mais de US$ 100", afirma o documento.

 

G1

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