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Uma homenagem aos 100 anos de Carmem Miranda

Carmem Miranda: a gente lembra do sorriso, sempre largo e luminoso. A gente lembra do rebolado, com todas aquelas frutas na cabeça e das músicas.

Carmem Miranda: a gente lembra do sorriso, sempre largo e luminoso. A gente lembra do rebolado, com todas aquelas frutas na cabeça e das músicas.

 

A Carmem Miranda inventou um jeito fabuloso de cantar. Foi a nossa primeira estrela internacional. É possivelmente a brasileira mais imitada de todos os tempos.
 

 

A repórter Beatriz Thielmann passou as últimas semanas lendo, remexendo o nosso arquivo de imagens, conversando com gente que conheceu a rainha dos balãgãdãs e preparou uma reportagem especial. Hoje, Carmen Miranda faria 100 anos.

 

Maria do Carmo, nome que durou muito pouco – um tio boêmio achou que a sobrinha nascida em Portugal, mas morena como uma espanhola, lembrava a Carmem, da ópera de Bizet – veio bebê para o Brasil. Ainda muito criança, acompanhava os pais nos encontros com intelectuais e artistas de teatro.

 

“Um dia, entrei na casa dela e ela estava na cama escrevendo. Eu pedi desculpas. Ela disse que estava treinando o autógrafo e todo mundo caiu na gargalhada”, lembra a cantora Bibi Ferreira.

 

Guardados com carinho estão o colar e a pulseira usados no primeiro show da Broadway, um presente de Carmem Miranda para a iniciante Bibi Ferreira.

 

Aos 6 anos, morava na Lapa – centro efervescente da boemia carioca. Destas ruas tirou as palavras, o popular da sua música num tempo que cantora, era lírica.

 

Inovar – verbo inseparável da vida desta rainha do disco que em 1934 foi chamada pelo apresentador de rádio mais famosos do país, César Ladeira, de “a pequena notável”.

 

“Devemos tanto à Carmem que é até difícil de enumerar. Devemos a ela o samba. Até então não se cantava dessa maneira. O samba mal existia, era o maxixe. O samba passou a ser o que conhecemos nos anos 1930, que foi exatamente quando a Carmem estava aparecendo. A Carmem nos deu a marchinha”, diz o escritor Ruy Castro.

 

O prédio está fechado há mais de meio século, mas foi no Cassino da Urca, que Carmen ousou novamente. Ainda não tinha 30 anos quando fez ao administrador da casa de espetáculos mais importante do Brasil uma proposta, na época, inimaginável: a peso de ouro ela cantaria durante 30 dias por mês, com dois shows por noite.

 

Aparece a Carmen dos turbantes, das baianas estilizadas, dos colares, das pulseiras, dos balangandãs e a criadora das sandálias plataforma, uma invenção dela para disfarçar a pouca altura: 1,52 metro, e o tamanho dos pés: calçava 34.

 

Conversas de hoje dão conta de que se ela tivesse patenteado o salto plataforma, quando o criou, poderia ter sido dona de uma fortuna incalculável. A cantora com o “it” na voz ainda hoje tem o poder de deixar mulheres querendo ser um pouco Carmem, mesmo que seja só na fantasia.

 

Do Grupo de Acesso, a escola foi campeã de 2008. Relembrar Carmem levou para a Império Serrano um novo sentimento.

 

“Alegria, brasilidade. Acho que a coisa de ter espelhado o Brasil para o mundo, o orgulho de ser brasileiro”, comenta a carnavalesca da Império Serrano Márcia Lage.

 

Fama, dinheiro, amores, infelicidade, depressão e remédios para dormir, para acordar, para continuar a vida. Combinação fatal. Aos 40 anos, ela se despediu. Mas cem anos depois de ter nascido Carmem está aí, aqui, acolá, sempre querendo fazer mais que tudo “para você gostar de mim”.
 

 

globo.com

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