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Palestra de Bráulio Tavares marca oficialmente abertura de Pós-graduação em Gestão e Produção Cultural

Um sonho que se realizou, construído por várias mãos, gestado durante dois anos e abraçado pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Com a palestra “Diálogo entre Arte, Cultura e Sociedade”, ministrada pelo escritor, ator e teatrólogo paraibano Bráulio Tavares, foi aberta oficialmente, a Especialização “Gestão e Produção Cultural”.

O curso de pós-graduação lato sensu que criado graças a uma tríplice parceria entre a UEPB, a Secretaria de Cultura do Estado da Paraíba (Secult) e a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ), nasceu para atender uma demanda existente há anos na Paraíba, e que irá capacitar os alunos envolvidos com a produção cultural no estado, fortalecendo ainda mais esse segmento nos aspectos social, cultural e econômico.

A aula magna que deu o pontapé inicial das atividades da Especialização, aconteceu na noite desta segunda-feira (03), ao ar livre, no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAAP), em Campina Grande, e reuniu autoridades públicas, bem como, os 150 estudantes selecionados de todas as regionais de cultura para integrar a turma pioneira.

Antes da aguardada palestra de Bráulio Tavares, aconteceu a apresentação da Orquestra do Programa de Inclusão através da Música e das Artes (Prima) e a abertura oficial do curso, feita pela reitora em exercício da UEPB, a professora Ivonildes Fonseca, o secretário de cultura do Estado, Pedro Santos e pelo presidente da FAPESQ, o professor Rangel Junior.

Visivelmente emocionada, Ivonildes Fonseca deu as boas vindas aos estudantes e destacou a relevância da especialização que surge em um setor vital para a Paraíba. Ela ressaltou que trabalhar na temática gestão e produção cultural é algo necessário.

A reitora em exercício enfatizou que a implantação dessa Especialização é uma forma da UEPB reafirmar o seu compromisso de fazer ciência articulada com as artes, o que segundo ela, é fundamental já que o ser humano não vive sem arte. Como a cultura é um pilar da UEPB, esse novo curso fortalece ainda mais esse princípio da universidade, conforme destacou Ivonildes Fonseca.

“Evidentemente que um curso desse vai fortalecer a Universidade, porque nós vamos fazer um aprimoramento de discursos sobre o que é cultura, sobre a nossa cultura. Esse curso vai alargar os olhos para os seus alunos que vão interagir também com as nossas graduações, então vai fortalecer, vai enriquecer, vai dar uma subida muito importante para a Paraíba, para o Nordeste e para o Brasil” destacou.

Ivonildes acrescentou ainda que historicamente, a UEPB sempre teve uma articulação com a cultura na acepção ampla, tendo as artes como uma das partes. Com essa característica, a UEPB, conforme observou a reitora em exercício, entende que o ser humano por ser cultural por excelência, não pode viver sem artes e nem produzir conhecimentos filosóficos e técnicos, sem essa essência da vida.

Um dos entusiastas da Especialização, o secretário de Estado da Cultura da Paraíba, Pedro Santos, agradeceu a UEPB pela parceria e fez questão de registrar como a instituição acolheu a proposta de realizar a pós graduação voltada para a produção e gestão cultural. Ele reafirmou que o curso surgiu para atender uma demanda histórica e terá grande relevância para fortalecer a produção cultural do estado em todos os aspectos.

O secretário frisou que na Paraíba há uma produção cultural latente, só que muitas vezes, essas manifestações culturais acontece de uma forma muito espontânea, orgânica, empírica, no dia a dia.

Nesse sentido, ele explicou que quando a Secult, a FAPESQ e UEPB, resolveram criar essa especialização, pensaram justamente nessa perspectiva de poder oferecer uma qualificação técnica no sentido de profissionalizar essas pessoas que já estão no dia a dia da produção cultural.

“Nós encontramos na UEPB uma grande parceira que já trabalha com cultura, tem uma pró-reitoria de cultura. Então juntamos o útil ao agradável. A necessidade de qualificação profissional e uma instituição como a UEPB, a FAPESQ, que já tem um histórico muito importante na área da formação, na qualificação profissional” destacou. Ele acresceu ainda que a Paraíba vive atualmente uma efervescência cultural, o que exige cada vez mais formação e qualificação para esse segmento.

“Sem sombra de dúvidas, essa pós-graduação, ela vai buscar justamente esse objetivo, qualificar o profissional para que a partir dessa qualificação a gente também tenha a qualificação do produto. E isso vai retornar invariavelmente, a gente vai ter profissionais atuando em projetos culturais, profissionais atuando na iniciativa privada, profissionais atuando nas gestões públicas municipais, que é o foco dessa especialização” enfatizou.

O presidente da FAPESQ, o professor Rangel Junior, também enalteceu a iniciativa e lembrou como o curso nasceu justamente para atender uma demanda da Paraíba. Como professor e ex-reitor da UEPB, Rangel Júnior destacou a força e característica da instituição, em aceitar desafios e sempre cumprir rigorosamente esse desafio.

“Isso faz parte da história desta universidade que traz dentro de si muito dessa vontade e dessa coragem de encarar desafios dessa natureza” afirmou.

O coordenador do curso, o jornalista e professor Hipólito Lucena, ressaltou em sua fala, que a parte fundamental da pós graduação, é trazer para o setor cultural, a profissionalização, tanto da parte de gestores quanto da parte de produtores.

“A gente tem uma discussão e acompanhamos os últimos anos, durante o incremento de 20 anos, ativamente brigando pelo estabelecimento contínuo do apoio cultural, que ela não seja alterada, alternada, como a gente sempre teve que ser, desde as sazonalidades e no deles.

Ele citou as transformações que o País atravessou com o advento da lei Aldi Blanc, da lei Paulo Gustavo, e outros mecanismos que passaram a favorecer a profissionalização da produção cultural Brasil.

“Com isso, a gente passa a ter sistema nacional de cultura, se estabelecendo, se profissionalizando e para isso a gente passou a ter o necessário do programa de capacitar os gestores, as pessoas que estão na frente, os órgãos de cultura dos municípios, do Estado do Distrito Federal, mas por outro lado também os produtores culturais” destacou.

O evento teve ainda as falas da Vilma Cazé da Silva e Aline Cardoso que também atuaram na elaboração do curso.

Depois as expectativas se voltaram para a palestra de Bráulio Tavares. Falando de improviso e sempre espontâneo, Bráulio falou de sua ligação com a UEPB, quando atuou como servidor, e de como a instituição historicamente tem atuado em favor da produção cultural desde o incentivo os longínquos festivais de violeiros de Campina Grande.

Como já era esperado, Bráulio fez um diálogo instigante sobre literatura, cultura e gestão cultural na Paraíba com os estudantes. O autor de “Nordeste Independente” aprofundou o amplo conceito sobre cultura, ressaltando que a cultura faz parte do ser humano e está presente em todos os aspectos da vida. Tudo é cultura. O escritor também criticou as iniciativas que tentam monopolizar a cultura.

“Cultura é uma coisa que a gente deve acordar pensando, dormir pensando e de preferência também sonhar com ela. A cultura está sempre girando. Em um movimento constante” destacou.

Como escritor e poeta, Bráulio  ressaltou que a cultura se manifesta na literatura, na dança, na gastronomia, no cinema, no modo de vestir, nos desenhos, na arte do grafite, no teatro, no cinema e nas diversas expressões.

Ele considerou importantíssima a Especialização da UEPB e ressaltou que não existe uma definição básica sobre o que é a cultura, seja enciclopédia britânica, enciclopédia francesa ou enciclopédia chinesa. Para Bráulio, cultura é o diálogo das diferenças.

Bráulio Tavares é reconhecido como um importante escritor brasileiro de ficção científica e literatura fantástica, atuando em gêneros como romance, poesia, crônica, conto e ensaio. É responsável ainda pela tradução de ao menos 15 livros estrangeiros para o português.

O inicio do curso foi marcado por expectativas para os estudantes, a exemplo de Ailton Felinto, que trabalha com as artes desde 2010, e disse que sentiu falta da qualificação, o que vai conquistar agora.

A especialização, aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), é totalmente gratuita e será de forma híbrida, com dez módulos remotos, duas oficinas presenciais e duração total de 18 meses.

O primeiro edital da especialização teve mais de 500 inscritos, sendo que 150 foram selecionados para a turma pioneira. A seleção aconteceu obedecendo a política de cotas e de forma regional, com estudantes de João Pessoa, de Campina Grande, Cajazeira, de Catolé Rocha, Monteiro, Guarabira, de Cuité e diversas outras cidades paraibanas.

O curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão e Produção Cultural vai ter duração de 18 meses e carga horária de 360 horas. A grade curricular prevê 10 disciplinas e mais a produção de um trabalho de conclusão de curso (TCC).

Ao término dos trabalhos, o egresso sairá com título de especialista na área de produção e gestão cultural reconhecido pelo Ministério da Educação. O especialista poderá atuar em teatro, televisão, rádio, cinema, órgãos públicos, empresas privadas, entre outros.

Com relação ao corpo docente, esse será composto através de edital sob responsabilidade da Universidade Estadual da Paraíba e deverá ser constituído por professores com titulação em nível de mestrado ou doutorado. Já o deslocamento dos estudantes para as duas oficinas presenciais vai ser financiado pela FAPESQ.

Essas oficinas vão acontecer no São João de Campina Grande de 2025 e no carnaval de João Pessoa de 2026.

Durante o evento, foram apresentados os novos pró-reitores de Ensino Médio, Técnico e Educação a Distância (PROEAD) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o professor  Edivan da Silva Nunes Júnior  e Carolina Coeli Rodrigues Batista. Diversos pró-reitores prestigiaram a abertura do curso.

Redação com Codecom

Foto: Paizinha Lemos

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