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Oficina de poesia para crianças faz sucesso na Biblioteca Nacional

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Poesia e criança têm tudo a ver. Um poema não precisa conter rima rica, ter vários versos e exibir alta complexidade. Pode ser de apenas três linhas e expor qualquer tipo de sentimento, vontade ou pensamento da maneira concisa e direta. A única condição é estimular a criatividade e incentivar o gosto pela leitura e pela arte. Com essa teoria, a poeta brasiliense Paula Ziegler desenvolveu a Oficina de Poesia para Crianças. Durante 1h30 de aula, alunos de 6 a 10 anos têm liberdade para criar, cantar, desenhar, se divertir e ainda aprender um pouco sobre o haikai(1), estilo de poesia japonesa com apenas três versos. Ontem foi o primeiro dia de oficina. Mas o trabalho deve se estender até 9 de dezembro.
 

O projeto, desenvolvido em parceria com o Decanato de Extensão da Escola de Artes da Universidade de Brasília (UnB) e a Biblioteca Nacional de Brasília, incentiva a alfabetização e o gosto pela leitura e arte em crianças de 6 a 10 anos. “Quero ampliar o projeto inicial e fazer com que artistas cheguem às escolas públicas e que as pessoas tenham prazer em frequentar a biblioteca e em ler poesia”, explicou Paula Ziegler. O haikai facilita o trabalho da criança em idade de alfabetização e faz com que ela se sinta à vontade para expressar a sensação do momento. “Alguns adultos passam anos meditando para encontrar relação nos versos e escrever algo profundo. Na criança, este sentimento é natural”, detalhou.

Na oficina de Paula, a criançada manda. A partir dos interesses e vontades de meninos e meninas, ela trabalha o desenvolvimento da poesia com o auxílio de obras de arte e música. “Queremos valorizar a criança. Em vez de enchê-la de informação, faremos com que ela fale, expresse sentimentos e sinta a própria personalidade”, explicou a poeta. Paula ensina as técnicas, mas não exige a métrica perfeita dos poemas. Fica satisfeita quando os pequenos versos são criados pelas crianças, e não copiados ou forçados por outra pessoa. Se encontra uma palavra errada ou com letra trocada, ensina a maneira certa. “A criança escreveu errado, mas era a palavra que ela queria expressar. O interesse vem sempre dela(2)”, avalia.

Tudo começou em uma escola classe na Candangolândia, em 1997. O resultado positivo surpreendeu Paula. A partir de então, ela procurou outros lugares para continuar o trabalho. Encontrou espaço na Universidade Federal da Paraíba, quando estava de férias no Nordeste. Encantada com o projeto, a coordenadora de extensão cultural local autorizou o início do trabalho da poetisa brasiliense pouco tempo depois. Durante os quatro anos seguintes, Paula levou a poesia e a alfabetização às crianças de seis municípios paraibanos. “Fomos a regiões quilombolas, igrejas, escolas e trabalhamos com crianças em situação de risco e com cordelistas. Quando as portas se abrem, a gente aproveita”, lembrou.

Orgulhosa, Paula retira de uma pasta de plástico trabalhos de crianças da Paraíba e de Brasília, com quem trabalhou nos últimos anos (veja quadro). Desenhos acompanhavam algumas poesias quando o método de incentivo era a ilustração. Mas há outros estímulos. Desde abril, por exemplo, o estudante do curso de música da UnB Pedro Vaz auxilia no desenvolvimento das crianças com uma viola caipira. “É a poesia em canção. A criança canta o poema que escreveu(3) e ainda conta com uma provocação e um estímulo para a criatividade”, explicou o aluno do segundo semestre do curso da universidade. Ele recita poesia, explica sobre os instrumentos utilizados e encaixa os poemas em ritmos famosos, como o baião, imortalizado de Luiz Gonzaga.

O ambiente bem estruturado e confortável do Espaço Infantil da Biblioteca Nacional encanta as crianças e surpreende Paula, acostumada a trabalhar em situações precárias no interior da Paraíba e em escolas públicas do Distrito Federal. “Já aconteceu de eu levar as obras de arte nas costas para ensinar a alguns alunos. Mas o artista tem que ir aonde o povo está”, lembrou, citando trecho de Nos bailes da vida, célebre canção de Milton Nascimento.

Hoje, a professora conta com retoprojetores, 10 computadores e giz de cera e trabalha com muitas cores por todos os lados. No primeiro dia de oficina, Danilo Nunes Soares, 5 anos, chegou cedo ao local. A mãe dele, Sandra Elieth Nunes Soares, viu a propaganda da oficina em idas anteriores à Biblioteca Nacional e aproveitou para deixar o filho na sessão infantil enquanto estudava. “Meu amigo Caio, de 6 anos, leu uma poesia uma vez. Quando ouvi, pensei em alegria. Vim aqui para fazer poesia”, contou o pequeno apaixonado por desenho animado.

Correio brasiliense

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