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Novo álbum dos Paralamas é influenciado pelo clima de Salvador

Enquanto João Barone não aparece, Herbert Vianna, num canto da sala (no estúdio de Dado Villa-Lobos, no Jardim Botânico), dedilha canções dos Beatles, como Help e And I love her, num violão Gibson de cordas de aço. Bi Ribeiro fala ao celular incessantemente, dando entrevistas para veículos de diversas partes do país. O baterista chega depois, de bermudão, à vontade, e surpreende-se com a câmera fotográfica da equipe.

 

– Ué, não sabia que tinha foto! Teria vindo mais produzido – brincou.

 

Em Brasil afora, o som que já foi selvagem segue como nos mais recentes lançamentos do grupo: longe do impacto que causou quando surgiu no cenário, na década de 80. Equilibra as já conhecidas receitas de sucessos radiofônicos para servir de trilha para o finalzinho da tarde (Meu sonho e A lhe esperar) com rocks pesados executados apenas pelos três membros originais (Tão bela e a faixa-título). Gravado em Salvador, no estúdio de Carlinhos Brown, o clima da cidade aponta como fator determinante no resultado sonoro.

 

– Fizemos tudo sem nenhuma correria – apressa-se em afirmar João Barone. – Fomos passar um tempo em Salvador em busca de uma vibração única.

 

Quase quatro anos depois de Hoje, o trio volta à ativa e retoma a parceria com Carlinhos Brown, 15 anos depois de Uma brasileira, que conceberam juntos. Desta vez é o músico baiano quem ocupa o papel de fiel escudeiro – no último disco nas mãos de Nando Reis. Além de ceder o estúdio, Brown canta, toca violão, percussão, e coassina duas músicas, uma delas em parceria com Michael Sullivan, que nos anos 80 dominava as paradas de sucessos com o parceiro Paulo Massadas e era execrado pelos roqueiros.

 

– Quando a gente soube que a música era dele já estávamos gostando – garante Barone. – Acho que só mostra que não temos preconceito com nada.

 

Pela primeira vez um disco dos Paralamas não é puxado por uma música de Herbert Vianna. A lhe esperar, parceria de Arnaldo Antunes e Liminha, já é a mais tocada nas rádios cariocas.

 

– Não somos nós que definimos a música de trabalho, mas gostamos da escolha – concorda Bi Ribeiro. – Quando o Liminha, que também é o produtor do disco, nos apresentou a composição, achamos na hora que era tão paralâmica quanto qualquer outra que já fizemos.

 

Mais uma pequena ajuda veio de outro amigo, Zé Ramalho. O paraibano, assim como Herbert, divide os vocais em Mormaço.

 

– É uma música que trata de sabores do Nordeste – conta Herbert. – Eu e o Bi costumávamos brincar de imitar o Zé Ramalho quando íamos de ônibus para a faculdade, lá no início dos anos 80. Ficava parecido, a gente se divertia.

 

Óculos é adaptada

João Barone é o único que já assistiu ao documentário sobre a carreira dos Titãs, A vida até parece uma festa. Ele se entusiasma ao insistir que os outros dois companheiros confiram o mais rápido possível o filme, que de certa forma conta a própria história dos Paralamas.

 

– O Herbert e o Bi com certeza vão se emocionar – aposta o baterista. – Este ano também estaremos nos cinemas, com o documentário Herbert Vianna de perto, do Roberto Berliner, que passou na TV há dois anos e rodou alguns festivais, mas tinha só 90 minutos. Agora ele vai aparecer na versão definitiva, com 1h20.

 

Os Paralamas estreiam a nova turnê pelo Rio, nos dias 5 e 6 de junho, no Canecão. Nos shows, assim como registrado no recente DVD em parceria com os Titãs, Herbert Vianna tem incluído o verso “Em cima dessas rodas tem um cara legal”, em Óculos.

 

– A música já era originalmente sobre um trauma, aí eu estendi para o meu trauma atual – revela. – Era uma piadinha que eu fazia comigo mesmo nas internas.

 

Antes mesmo de a nova turnê entrar em ação, o trio cumpre alguns últimos capítulos da dobradinha com os Titãs.

 

– A turnê das duas bandas rendeu além do esperado – conta Barone. – Era para terminar no final de 2008, mas até o meio do ano ainda iremos a cidades por onde ainda não passamos.

 

– Se pudéssemos ficaríamos tocando juntos para sempre – conclui Bi Ribeiro.

 

JB Online

 

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