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ESTREIA-Tom caricato tira a graça de “Pantera Cor-de-Rosa 2”

Quando a nova franquia de “Pantera Cor-de-Rosa” estreou nos cinemas, em 2006, os fãs da cinessérie dos anos 60 e 70 foram ferozes com as críticas ao ator Steve Martin na pele do histriônico inspetor Jacques Clouseau. Justos ou não, acharam que ele não estava à altura do consagrado Peter Sellers, que interpretara antes o papel e morreu em 1980.

 

De fato, Sellers conseguiu elevar o gênero de comédia burlesca com a dignidade bizarra que conferia ao personagem. Independentemente do absurdo das situações em que Clouseau se metia, com o ator inglês o personagem jamais caía no ridículo.

 

Com uma escola bem diferente da do britânico, Martin preferiu reconstruir o personagem à sua imagem e semelhança, com uma interpretação mais caricata, aprofundando ainda mais este tom nesta sequência, que estreia com cópias dubladas e legendadas.

 

Desta vez, o inspetor atrapalhado deve encontrar o diamante Pantera Rosa, considerado símbolo da França, levado por um vigarista internacional conhecido por Tornado. Como ele roubou relíquias de inúmeros países, agências internacionais de investigação montam uma espécie de “time dos sonhos”, com os melhores detetives do mundo para ajudar Clouseau e seu leal assistente Ponton (Jean Reno) na empreitada.

 

Como era de se esperar, o inspetor leva ao desespero seus subordinados, Vicenzo (Andy Garcia), Pepperidge (Alfred Molina), Kenji (Yuki Matsuzaki) e Sonia (Aishwarya Raí). A completa falta de aptidão do policial desconcerta seus colegas, que não demoram muito a assumir a missão.

 

Paralelamente ao imbróglio internacional, Clouseau envolve-se com sua secretária, Nicole (Emily Mortimer, de “Match Point”). Como em todos os outros detalhes de sua vida, nada parece dar certo para uni-los, incluindo aí um incendiário jantar romântico.

 

Resta então ao inspetor correr em faixa própria para identificar o criminoso, recuperar os objetos roubados, conquistar o amor de Nicole e, claro, do povo francês.

 

Chama a atenção que o irregular roteiro não tenha nada de original, apesar de ter sido elaborado por dois jovens novatos, Scott Neustadter e Michael H. Weber. A aparente falta de criatividade pode ser creditada à pesada mão de Martin, que parece ter feito mais do que ajudar a dupla.

 

O filme ganha pontos pela seleção do elenco de apoio, como a participação especial dos veteranos Lily Tomlin e Jeremy Irons. Mas quem dá vida ao filme é o ator inglês John Cleese (do extinto grupo inglês Monty Phyton), que substitui o ator Kevin Kline (de “A Última Noite”) no papel do inspetor-chefe Dreyfus.

 

Uma decisão acertada, já que o timing de Kline destoava da produção.

Ainda que provoque riso, a maior parte da graça de “Pantera Cor-de-Rosa 2” é forçada. Steve Martin se esforça desesperadamente para fazer o espectador rir, o que acaba por destruir o frágil equilíbrio entre surpresa e sutileza, que caracteriza o humor de boa qualidade.
 

 

estadao.com.br

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