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DRAMA: ‘Professor Girafales’ fala pela primeira vez após acidente

Já se passaram mais de 2 anos desde o terrível acidente que sofreu Rubén Aguirre (o Professor Girafales, do seriado “Chaves”) enquanto viajava pela estrada de Mazatlán a Culiacán (Sinaloa), acompanhado de sua esposa, Consuelo de los Reyes. No momento da colisão ela perdeu a perna direita, enquanto a esquerda ficou destroçada. Os médicos têm tentado reconstruí-la, mas sem sucesso.

A luta segue e o ator, de 76 anos de idade, confessou ao TV Notas (do México) sobre seu drama e de sua esposa, os quais, muitas vezes, vivem na miséria em decorrência dos altos gastos com o tratamento.

Confira a entrevista comovente:

Senhor, agradecemos que nos tenha permitido entrevistá-lo…

Ruben: Ao contrário, sei que minha etapa como artista ou figura já passou. Mesmo assim, numa profissião como a comédia o trabalho nunca se acaba. Isso fez com que eu andasse por mais de 30 anos em um circo, já que sempre gostei de atuar ao vivo para as pessoas; o único mau é que depois de tanto tempo viajando para todas as partes, isso cansa. Minha esposa, Consuelo, e eu temos sido como os toreiros, que se aposentam e regressam, mas agora acreditoque este ano é o último.

A 2 anos do acidente que teve com sua esposa, como se sente?

Deus me deu uma segunda oportunidade; tinha guardado um pequeno patrimônio, mas devido ao choque fiquei sem dinheiro. Só de hospital paguei 1 milhão de pesos, mais operações, remédios, tratamentos e terapias. Gastei até o último centavo e agora estou como quando me casei: sem nada. Felizmente, tenho un emprego.

E a Dona Consuelo, como está?

Desgraçadamente, passa por muitos problemas. Acabam de tirar umas radiografias e me disseram que as coisas não estão nada bem, já que o osso da perna esquerda, que restou, não se une. Temos batalhado muito: é operação atrás de operação. Além do mais, puseram-lhe uma placa no joelho, mas quebrou. Comprei com esforço na Suíça e paguei com euros.

São caras essas placas?

Muitíssimo, mas a minha mulher segue viva, de bom ânimo, e estamos confiantes que… (pausa) logo se recupere e não tenha não tenha  mais dores. Passou por sete cirurgias. O mais terrível foi quando ela perdeu a perna direita e teve que refazer a esquerda, pois estava em pedaços. Estamos lutando muito.

Já pode andar?

É difícil, até porque não sai da cama. Tem sérios problemas na perna boa. Um mês atrás, voltaram a operá-la, retiraram alguns parafusos e colocaram uma placa de titânio. Para usar muletas, próteses ou um andador, precisa de ajuda, não pode sozinha.

O que sente ao vê-la acamada?

Como não demonstra dor, nem é das que se queixam, pois é muito positiva, não me deixa sentir pena dela. No princípio pensei que eu necesitaria de tratamento psiquiátrico, pois ia enlouquecer. Mas agora ela me dá tanto ânimo, que até brincamos sobre sua perna. Sinto muita vontade de chorar cada vez que lhe fazem uma cirurgia, já que não terminam de repará-la e isso me dilacera a alma.

Teme que não volte a andar?

Tanto assim que, entre brincadeira e brincadeira, eu lhe comprei uma cadeira elétrica, e uma para mim, para caminharmos juntos ao longo do calçadão e da praça, mas não pode usar. Ela passa o dia todo na cama e depois em uma cadeira de rodas para ir para a sala de jantar ou para o banheiro. Recentemente conversamos e ela disse alegremente que já tinha ido para o banho no chuveiro, porque tinha curado sua ferida e não precisava mais de bandagens.

O senhor a ajuda a se banhar?

Às vezes, mas neste momento ela o faz sozinha, com minhas filhas em alerta, caso tenha algum problema. Felizmente, até agora não houve nada.

O que dizem os médicos?

Já estou perdendo a fé, porque cada vez que minha esposa entra na sala de cirurgia eles me dizen: ‘Sua mulher tem força e nada de osteoporose’. Mas a operam e não fica boa. Estou decepcionado com a ciência médica, e mesmo assim te repito que, por sorte, segue com vida e os doutores têm se portado corretamente. Não há avanço, por isso tenho medo de que não volte a andar; e às vezes sente dores muito fortes.

Quem lhe dá apoio financeiro?

Não sei a quem agradecer, pois são tantos os amigos que me ajudaram, que devo a todos. Mas a operação mais simples custa 6.600, uns 7.400 dólares. A última custou 16.500. Isso, só os honorários médicos, mas há que ser somados tratamentos, terapias e remédios. Isso acaba com qualquer um.

O senhor está sem dinheiro?

Às vezes sim, estou no zero, por isso, mesmo que tenha anunciado minha aposentadoria, volto ao circo. Os gastos hospitalares são terríveis.

Seus filhos ajudam?

Economicamente, não, porque eles têm que manter suas familias; certas vezes até que sim, nos dão para remédios ou compram algumas coisas, e sempre estão à disposição. Vero e Carmen vivem em Puerto Vallarta (Jalisco) e elas cuidam da mamãe.

Isto tem lhe deprimido?

Sim, eu sou um covarde. Quando fico assim busco qualquer pretexto, saio do quarto e vou ao terraço para ler, ou para chorar. Compreendo que na nossa idade os ossos não se recuperam tão fácil, mas não perdemos totalmente a fé. Ainda que eu morra trabalhando, ela deve ter o melhor.


TV Notas

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