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Coraline e o Mundo Secreto anima mundo de Neil Gaiman

Henry Selick e Neil Gaiman: o simples proferir de seus nomes na mesma sentença é suficiente para fazer os fãs de fantasia abrirem um largo sorriso. Selick, nascido em Nova Jersey, é o diretor de animação stop-motion que brilhantemente deu vida a “O Estranho Mundo de Jack” (1993) e “James e o Pêssego Gigante” (1996), assim como às vibrantes seqüências submarinas de “A Vida Marinha com Steve Zissou” (2004).  

Henry Selick e Neil Gaiman: o simples proferir de seus nomes na mesma sentença é suficiente para fazer os fãs de fantasia abrirem um largo sorriso. Selick, nascido em Nova Jersey, é o diretor de animação stop-motion que brilhantemente deu vida a “O Estranho Mundo de Jack” (1993) e “James e o Pêssego Gigante” (1996), assim como às vibrantes seqüências submarinas de “A Vida Marinha com Steve Zissou” (2004).
 

Gaiman é o escritor britânico cujas histórias de fantasia e ficção científica incluem “Stardust – O Mistério da Estrela” (1998) e “Deuses Americanos” (2001), assim como a renomada série em quadrinhos “Sandman” (1989-1996). Agora Selick roteirizou, produziu e dirigiu uma adaptação para o cinema, em 3D, do amado romance infanto-juvenil – e assustador – de Gaiman, “Coraline”.
 

O filme, que estreou nos Estados Unidos em na última sexta (6), segue as aventuras pouco convencionais de Coraline (voz de Dakota Fanning), uma menina esperta e inventiva de 11 anos que recentemente se mudou para uma nova casa com sua mãe (voz de Teri Hatcher) e seu pai (voz de Tom Hodgman).

Entediada e solitária, com seus pais distraídos pelo trabalho, Coraline descobre uma porta secreta pela qual ela pode entrar em uma versão alternativa de sua vida. Com sua Outra Mãe atenciosa (voz de Hatcher), refeições deliciosas, jardins coloridos e vizinhos exóticos, este novo mundo é inicialmente sedutor, mas logo as verdadeiras intenções da Outra Mãe são reveladas e Coraline deve fugir do Outro Mundo antes que fique presa nele para sempre.

“Quando eu recebi este manuscrito, eu só tinha ouvido falar de Neil”, diz Selick, falando por telefone de um hotel em Nova York. “Eu não conhecia o trabalho dele, apesar de ter visto um pouco de ‘Sandman’, eu acho. Mas eu senti como se tivesse conhecido um parente meu, criativamente, quando li as páginas. E então posteriormente eu li vários de seus romances, e senti a existência de uma conexão visceral com o trabalho dele.”

“Em particular, enquanto lia ‘Coraline’, eu o vi imediatamente como um filme. Eu senti como se estivesse assistindo ao filme enquanto lia, de uma forma prazerosa. Ele tinha esse grande conceito. Todo mundo deseja, quando é criança, ter outros pais, outra vida. Todo mundo faz isso em vários estágios da vida. Logo, ele tem aquele gancho e apelo universal.”

“Isso sem contar aqueles detalhes deliciosos, lindamente escritos e descritos. A inventividade era como migalhas saborosas ao longo do caminho.”

O filme foi rodado meticulosamente no estilo tradicional de animação stop-motion, com fotografia 3D de vanguarda para ajudar as imagens a ganharem vida como nunca antes. Apesar disso tudo, “Coraline e o Mundo Secreto” pode soar familiar para os fãs de cinema e/ou de Gaiman que já assistiram ou leram “Neverwhere” (1996), “Máscara da Ilusão” (2005) ou “Stardust – O Mistério da Estrela” (2007). Selick argumenta que não há histórias de fantasia originais, o que significa que cabe aos personagens da história e aos detalhes fazer com que algo antigo pareça novo.

“Nós trabalhamos arduamente em Coraline para torná-la específica e única. Demoramos a desenhá-la e determinar como ela se moveria, como seriam suas poses e gestos. Isso era algo muito importante, como âncora do filme.”

“Mas são os detalhes. No Outro Mundo há um jardim fantástico, e levou muito tempo para determinarmos como o jardim se pareceria. Como este jardim pareceria diferente de outros jardins mágicos que você já viu? Ele precisava ser único. Eu não queria que as pessoas lembrassem de qualquer outro filme quando vissem nosso jardim fantástico crescendo.”

“E o pai, apenas aquele detalhe de o pai ter um louva-a-deus mecânico no qual monta, é algo que poderia ser doce e divertido, mas que se torna perigoso. Isso é algo único. Não é algo que você vê em muitos filmes. Logo, é o estilo visual, a singularidade dos personagens e a inventividade que espero que o diferencie.”

“‘Coraline e o Mundo Secreto’ é uma história de horror para crianças, para crianças corajosas de todas as idades. Logo, há alguns elementos clássicos que você precisa manter. Mas quanto ao ‘Ok, há um mundo de fantasia com outras versões das mesmas coisas…’, Neil parece mais atraído à idéia, porém é capaz de reinventá-la repetidas vezes. Eu não sinto como se estivesse lendo o mesmo livro.”

Selick não sabe ao certo o que dirigirá a seguir. Ele produzirá uma “história de zumbi engraçada” intitulada “Paranorman”, e também espera dirigir um filme baseado no primeiro romance infanto-juvenil de Philip Pullman, “Count Karlstein, or, The Ride of the Demon Huntsman” (1982).

Seja qual for seu próximo projeto, ele sem dúvida será em stop-motion. Selick pode estar, juntamente com Wes Anderson e Nick Park, entre os últimos de uma raça em extinção, mas ele acha que ainda há muita vida no estilo de animação.

“Eu não acho que está morrendo. Tim Burton está pegando o velho curta metragem que fez com atores, ‘Frankenweenie’ (1984), e o fará como um longa metragem em stop-motion com o mesmo pessoal que fez a ‘A Noiva-Cadáver’ (2005). Stop-motion certamente não é igual a computação gráfica, mas é o que amo fazer. E as pessoas com as quais trabalhei neste filme, é o maior amor delas também.”

“Há um grande prazer em fazer esses filmes. Por mais difícil e tedioso que possa parecer para quem está de fora, nós nos sentimos como alquimistas. Nós construímos todas essas coisas, nós as tocamos e lhes damos vida. E eu acho que o filme transmite isso.”

“Mas eu também gosto de ficar de lado, fora do que é mais popular. Eu não quero ficar demais, a ponto de não poder obter o financiamento para esses filmes, mas gosto que estejam em nosso próprio pequeno nicho.”
 

UOL

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