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Comunicurtas UEPB leva a magia do cinema para Remígio

 A magia e o encanto da sétima arte no interior paraibano. Nascido há 12 anos, em uma sala de aula do Departamento de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o Festival Audiovisual de Campina Grande – Comunicurtas UEPB se tornou itinerante e chegou pela primeira vez nas salas de projeções da cidade de Remígio, no Brejo do Estado. A cidade, única do interior do Nordeste a manter, com muita resistência, a tradição de ter um cinema de rua exibindo filmes diariamente, sedia até o próximo domingo (28), o seu primeiro festival de cinema: o Comunicurtas UEPB Itinerante, promovido pela através da Coordenadoria de Comunicação (CODECOM) da Instituição.

O evento foi aberto oficialmente na noite desta quarta-feira (24), no Salão Paroquial da cidade, e reuniu autoridades, diretores, atores, produtores e amantes da sétima arte. O clima e a atmosfera que envolvem os grandes festivais eram visíveis. As boas vindas aos participantes do festival foram dadas pela chefe de gabinete da Prefeitura Municipal, Gizélia Pereira de Lima, que representou o prefeito Melchior Naelson Batista que estava viajando e, por isso, ficou impossibilitado de participar da solenidade. Ela agradeceu a UEPB pela iniciativa e destacou a importância da valorização e do incentivo que a Instituição tem dado as produções audiovisuais.

A secretária lembrou que o cinema tem grande significado para uma cidade, visto que espalha magia, eterniza histórias, perpetua acontecimentos. Em Remígio, essa arte chegou em 1949 com exibição de filmes no mercado público. Gizélia também destacou a vocação de Remígio para o cinema a partir do idealismo dos precursores dessa arte na cidade, José Leal e Mariinha Leal.

Coordenador do Comunicurtas e responsável pela Coordenadoria de Comunicação da UEPB, o professor e jornalista Hipólito Lucena agradeceu a acolhida calorosa dos remigenses a proposta da Universidade de descentralizar o festival e aproveitou a ocasião para justificar a ausência de reitor Rangel Junior que, devido a uma agenda fora do Estado não pôde comparecer a Remígio.

Hipólito lembrou que o Comunicurtas nasceu a partir da iniciativa de um grupo de estudantes de jornalismo e tomou proporções de grande festival, tendo inclusive servido de inspiração para pelo menos 22 iniciativas do gênero no Nordeste. Hoje, o Comunicurtas forma plateia, incentiva as produções audiovisuais e coloca os diretores em importantes circuitos do país. Ele também destacou a força que as produções audiovisuais têm em um município, pois além de proporcionar lazer e diversão, transmite conhecimentos e história formando uma linguagem pedagógica e educativa e possibilitando as novas gerações conhecerem a história e o mundo em que se encontram inseridos.

A proposta é que, no futuro, Remígio crie seu próprio festival, inclusive com mostras competitivas como acontece com o Comunicurtas de Campina Grande. O coordenador ressaltou que o projeto é expandir o Comunicurtas para outras cidades, proporcionando educação, cultura e arte. A próxima cidade a receber a mostra será Areia, também no Brejo paraibano. “A missão do Comunicurtas é semear essas ideias, interiorizando suas ações. Uma cidade ou uma região sem cinema é como a gente ter uma casa sem espelho”, disse.

Além da chefe de gabinete e do coordenador do Comunicurtas, compuseram a mesa o procurador do município, João Barbosa Meira Junior; o assessor de comunicação da cidade, Valmir Bezerra; o engenheiro agrônomo Marenilson Batista; e o vereador Josinaldo Doda, que representou os colegas da Câmara Municipal.

Após os discursos, as luzes se apagaram e tela se abriu para a primeira exibição. Iniciando a série de filmes que serão assistidos pela plateia durante os quatro dias de mostra, foi exibido o documentário “A História de Minha Cidade”, do diretor Roberto Reis. Filmado em 2012, o filme conta, numa linguagem simples e direcionada ao público infantil, a origem da cidade de Remígio. O diretor que estava presente na solenidade disse que resolveu produzir o documentário para mostrar às novas gerações os acontecimentos que culminaram com uma Vila que mais tarde se transformou na cidade de Remígio.

A primeira noite do festival também foi reservada para homenagens a algumas personalidades locais que têm procurado incentivar o cinema na cidade. A primeira homenagem foi póstuma, feita ao cineasta Altieres Estevão, que teve a sua vida interrompida drasticamente em Campina Grande. Receberam troféus a escritora e historiadora Elizabeth Cristina do Nascimento Cunha, que teve uma participação no livro “Imagem que Seduzem”, o professor José Aldair Freire, a atriz e produtora Socorro dos Santos e o ator Landerlindo Pereira dos Santos.

Outras figuras ilustres também serão homenageadas durante o festival, a exemplo do mecânico Regilson Cavalcanti Silva, José Leal e Mariinha Leal, estes últimos casal precursor do cinema no município. Amante da sétima arte, Regilson Cavalcanti mantém há anos o Cine RT, que funciona no prédio do antigo Cine São José.

Visivelmente emocionados, os homenageados enalteceram a iniciativa da UEPB e destacaram a importância do festival para valorizar e incentivar as produções audiovisuais em Remígio. Precursor da primeira turma de Comunicação Social da UEPB, o professor José Aldair Freire não escondia a emoção de ver a mostra chegar a sua cidade. Ele falou de sua ligação com o cinema e da honra que foi estudar e trabalhar com o diretor Machado Bittencourt. José Aldair também atuou no filme “Maria Coragem”.

Em seu depoimento, a historiadora Elizabeth Cristina também enfatizou que a iniciativa da UEPB de realizar o Comunicurtas Itinerante ajuda a valorizar a história, resgatar a memória da cidade e eternizar acontecimentos. Formada em História pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Elizabeth Cristina escolheu o cinema de Remígio como objeto do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que teve mais de 100 páginas.

A mostra segue nos próximos dias com exibição de filmes, oficinas, palestras, lançamento de livros e feira de artes. Serão exibidos vários longas metragens, com destaque para o clássico “Maria Coragem”, do diretor Machado Bittencourt, e “Fogo Morto”, baseado no romance de José Lins do Rego e que retrata os costumes da sociedade do século XX, em pleno período de decadência da aristocracia canavieira do Nordeste do Brasil.

No total, estão sendo realizadas nove oficinas de cinema como forma de estimular e despertar o interesse da comunidade para a sétima arte, abordando temas como “Roteiro Audiovisual”, “Telejornalismo”, “Produção de conteúdo audiovisual para as redes sociais” e “Direção de Fotografia”. As oficinas serão realizadas nas escolas do município e em alguns espaços públicos, a exemplo do Salão Paroquial. As oficinas estão sendo ministradas por professores, estudantes e jornalistas da UEPB.

O festival será encerrado no domingo com exibição de filmes e o relançamento do livro “Imagens que Seduzem – Cinema e sensibilidades na Paraíba”, de autoria de Antônio Clarindo Barbosa de Souza e Rivaldo Amador de Sousa,

Redação com assessoria

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