O rei Roberto Carlos trouxe a paz, a união e o amor do Brasil a Jerusalém. Com sua voz ele abraçou as cinco mil pessoas presentes ao mega-show desta quarta-feira (7), que vai ao ar na TV Globo na próxima sexta-feira (10). “Aqui, muçulmanos, judeus, cristãos, todos os povos se unem na busca de uma força maior. Cada cor tem seu valor, mas quando as cores estão juntas, o quadro fica muito mais colorido e muito mais alegre”, disse o cantor antes de iniciar os primeiros acordes de Eu quero apenas. O público imediatamente se organizou de forma espontânea e, de mãos dadas, cantaram juntos com o Rei: “eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar”.
O cenário reproduziu monumentos sagrados da Cidade Antiga, como a Igreja do Santo Sepúlcro, o Muro das Lamentações e a Mesquita de Al-Aksa. Em um anúncio divulgado pelos dois telões, o prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, disse que se sentia honrado por receber tantos brasileiros “na cidade sagrada do mundo”. “Saudamos o Brasil neste dia da independência. Aqueles que assistirem (ao show) depois, em casa, eu os convido para virem aqui no próximo ano”, disse o prefeito.
O show teve início às 20h15 (14h15 no Brasil) e as arquibancadas estavam completamente lotadas. Cerca de 1.500 brasileiros viajaram para ver o espetáculo de Roberto Carlos. Foi o caso da professora aposentada, Elizabeth Merola. “Eu tinha um grande sonho de conhecer Jerusalém, que é um lugar sagrado, e há anos sou fã do Roberto. Foi a oportunidade de juntar turismo e assistir ao Rei”, disse a brasileira. Gustavo Boccoli, 33 anos, é jogador de futebol do time israelense Maccabi-Haifa, e também não quis perder a chance de ver o artista em Israel, onde vive há 10 anos. “Sou fã do Roberto Carlos desde pequeno e toda a família sempre gostou dele. Para quem só o via na TV é bem bacana e emocionante vê-lo ao vivo”, disse.
Roberto Carlos abriu o espetáculo com Emoções e depois foi modesto ao anunciar que se atreveria em italiano Te voglio bene assai, que para ele era composta para cantores de voz “mais alta”, como Pavarotti e Zezé de Camargo. “Eu me atrevo a cantá-la com meu jeitinho”, disse o rei, arrancando risadas da plateia.
Ele cantou ainda sucessos como Lady Laura, Ave Maria, Aquarela do Brasil, Eu sei que vou te amar, entre outras. Além de cantar em inglês e em italiano, foi ovacionado de pé quando cantou em hebraico Jerusalém de Ouro. A canção é quase um hino para os israelenses e ficou famosa depois de 1967, quando Israel unificou a cidade antes ocupada pela Jordânia. Já a canção Jesus Cristo era uma das mais esperadas pelos brasileiros em Jerusalém e foi também uma das mais aplaudidas e cantadas em uníssono pelo público.
O cantor israelense, David Broza, tão famoso em Israel quanto Roberto Carlos no Brasil, aprovou a performance do rei em hebraico e disse à reportagem que desfrutar de sua voz em Jerusalém era algo especial. “A música de Roberto Carlos é doce, é muito acessível. Ele é como o Frank Sinatra do Brasil”, elogiou Broza.
Ao final do show, a embaixadora do Brasil em Israel, Maria Elisa Berenguer, mostrou-se emocionada e considerou o show de Roberto Carlos “um festejo lindíssimo” para encerrar o 7 de setembro. “Ele é parte da nossa cultura brasileira, ele tem um pedaço de nossa alma. E trouxe nossa alma para Jerusalém”, completou a diplomata.
“Roberto coroou a carreira dele com esta apresentação, presenteou o Brasil e o seu público pelo mundo. É um marco para nós, tantos brasileiros, podermos estar em Jerusalém, e ninguém mais do que o Roberto para nos representar com sua música, com sua alma, com sua emoção”, disse o humorista Tom Cavalcanti ao Terra, na saída do espetáculo.
Roberto Carlos evitou falar sobre política durante a viagem de uma semana em Israel, mas não precisava. Sua música ecoou por Jerusalém como uma mensagem positiva para todos os povos do Oriente Médio: “eu quero crer na paz do futuro, eu quero ter um quintal sem muro, quero meu filho pisando firme, cantando alto, sorrindo livre. Quero levar meu canto amigo a qualquer amigo que precisar”.
TERRA