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Brasileiro faz sucesso como desenhista de mangá no Japão

A rotina de Thiago Furukawa Lucas, de 24 anos, é tão corrida quanto a dos imigrantes brasileiros que estão nas fábricas japonesas.

Ele trabalha cerca de 12 horas por dia, inclusive nos finais de semana. Mas o jovem não reclama. Está feliz, pois realizou o sonho de ser desenhista profissional de mangá, profissão almejada por muitos japoneses e também estrangeiros.

Escondido sob o pseudônimo de Kamiya Yuu, o brasileiro está no seu segundo trabalho, intitulado Greed Packet Unlimited. A história é publicada mensalmente pela Ascii Media Works, uma das principais editoras do país.

“Ele tem muitos fãs”, entrega a editora-chefe Michiko Doi.

O roteiro de Greed Packet Unlimited é bastante curioso. Fala de um mundo em que jovens usam o celular para ter acesso a poderes especiais, mas precisam dar um jeitinho para pagar as bilionárias contas de telefone.

Cada magia consome “packets” e vem daí o nome do mangá: algo como “Desejo por packets ilimitados” em tradução livre.

Futuro promissor

O mangá anterior de Lucas, chamado Earise (Earth), durou três anos e foi também um sucesso.

“Ele tem talento e seu trabalho tem potencial para crescer muito mais”, elogia Michiko.

Entre os profissionais que trabalham para a revista Dengeki Maoh – são cerca de 20 desenhistas -, onde os trabalhos de Thiago são publicados, ele é o 5º mais popular.

Com um japonês afiado, o paulistano diz, no entanto, que ainda é um aprendiz da arte.

“Tenho muito para melhorar”, fala. “Hoje vejo que meu primeiro trabalho não está bom. Se pudesse, desenharia tudo de novo”, afirmou.

Descoberto por um “olheiro” numa feira de mangá, Lucas começou fazendo bicos. Isso foi há quase quatro anos. Hoje, para dar conta de entregar os capítulos no prazo, ele tem a ajuda de três funcionários.

“Quando entra muito serviço, chego a ficar até dois meses sem sair de casa”, diz.

No começo, como não tinha experiência, Lucas chegou a dormir apenas três horas por dia para conseguir terminar os desenhos.

“É uma profissão muito estressante e a cobrança é grande”, entrega o rapaz. “Mas estou muito feliz com essa profissão”, ressalva.

‘Desenhos irreverentes’

A palavra mangá significa “desenhos irreverentes”. Surgiu em 1814, primeiramente como ilustrações e caricaturas sobre a cultura japonesa.

Em 1947, o primeiro mangá publicado foi o Shin Takarajima (A Nova Ilha do Tesouro), de Osamu Tezuka, chamado no Japão de “Deus Mangá”.

Foi Tezuka quem definiu as características dos quadrinhos japoneses, como expressões faciais exageradas, elementos metalinguísticos – como as onomatopéias – e enquadramentos que dão um impacto emocional maior.

No Japão, a indústria do mangá representa cerca de 40% do que é impresso no Japão. Por ano, as editoras movimentam mais de 5 bilhões de dólares, com a venda de perto de 750 milhões de exemplares.

Os maiores consumidores no exterior são os Estados Unidos, França e Alemanha. Mas o Brasil também tem se mostrado um grande filão para o segmento.

“Desde 2001, quando os mangás começaram a ser publicados no Brasil, o crescimento do mercado foi incrível”, atesta Marcelo Del Greco, da editora JBC, uma das pioneiras no Brasil.

“Considerando todas as concorrentes que trabalham com o segmento no país, pode-se dizer que o número de editoras quadruplicou desde que começamos”, compara.

Ele conta que a editora começou publicando quatro títulos, há oito anos, e hoje possui quase 40 mangás no mercado.

Entre os sucessos editoriais estão Samurai X, Sakura Card Captors, Death Note, Nana, Cavaleiros do Zodíaco – The Lost Canvas, Negima, entre outros.

“Por mês a JBC coloca cerca de 500 mil exemplares de mangás nas bancas”, conta Del Greco.

 

BBC

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