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Ao PB Agora, Alcymar Monteiro defende forró nas festas nordestinas, elogia São João de CG e critica Caruaru

A sanfona é companheira inseparável de estrada. O chapéu é uma marca. A energia é contagiante. A voz inconfundível. No palco não abre mão de cantar de branco. Foi um pedido de Luiz Gonzaga. E leva o seu canto para os lugares mais longínquos do planeta. Um forró contemporâneo ao som da sanfona, triângulo e zabumba, mas que tem espaço para outros instrumentos. São ao todo, 43 anos de carreira. Somente este ano, deve cantar mais de 30 milhões de pessoas em todo o País, principalmente no Nordeste.

Ao longo da trajetória, já lançou 62 álbuns e perdeu a conta da multidão que já ouviu o seu canto. Batizado de “rei do forró”, o cantor e compositor Alcymar Monteiro segue com a sua missão de defender os costumes, tradições e raízes nordestinas. Na semana do São João, Alcymar conversou com O PB Agora onde fez uma forte defesa do autêntico forró nas festas juninas.

Defensor das tradições nordestinas e das manifestações culturais, o cantor cearense afirmou que está empenhado pela criação de uma Lei a ser batizada de Lei Luiz Gonzaga e Dominguinhos para preservar a essência de nossa nordestinidade”. A Lei visa garantir 80% da programação das festas juninas, com músicas cantadas por artistas da região que tem identificação com o forró.


A ideia, conforme explicou Alcymar Monteiro, é preservar o forró nas festas de São João, garantindo assim, que o ritmo que ganhou o mundo na voz inconfundível de Luiz Gonzaga, predomine.

“Defendemos uma Lei que seja cumprida pelos prefeitos de 80% da trilha sonora do São João, ser feita com artistas que militam na cultura nordestina e que de uma certa forma, tem identificação com o forró.

A defesa de Alcymar aconteceu na semana em que a Câmara dos Deputados aprovou o Regime de Urgência na tramitação do projeto que garante que 80% dos recursos públicos para o São João, sejam destinados para toda cadeia produtiva do forró.

Um clamor para cantar o forró. Alcymar garantiu que essa é a sua luta e a meta de muitos artistas nordestinos, devido a força da cultura nordestina que é rica, bela e nunca se sobrepôs a nada.

“Lutaremos. Não arredamos pé, porque a cultura do Nordeste é a mais bela do País, O que nós queremos é que eles nos deixe cantar o nosso forró onde a gente precisa cantar” enfatizou.

Ele lembrou que tem uma lei em Salvador, na Bahia, que é a lei da zabumba, que estabelece que 70% tem que ser de música de forró, e apenas 30% para outros ritmos.
“Mas entendo que não devia tirar a sanfona”, é a festa do povo nordestino, do povo matuto”, observou.

Alcymar disse que não tem nada contra nenhum artista, mas ressaltou que o São João é a grande ópera do povo nordestino e não pode ser descaracterizado.
“Você não pode tirar o forró, a pamonha, canjica. O São João é o grande patrimônio da cultura do Nordeste, uma festa popular, e não pode jamais ser descaracterizado”, disse.

Alcymar endossou a crítica de Elba Ramalho, uma das maiores estrelas da MPB surgidas no Nordeste, que também reclamou da desvalorização do forró de raiz, pé de serra.

– Eu não toco na Festa de Barretos, Dominguinhos também não cantava. A festa é deles, é dos sertanejos queixou-se a cantora, levando em consideração que, há alguns anos, artistas sertanejos haviam se tornado as atrações principais do evento na Paraíba.


Para Alcymar, Elba Ramalho está correta ao fazer o desabafo contra a invasão dos sertanejos nas festas de São João.

“Elba Ramalho falou pouco e disse tudo. A gente não canta como diz o matuto, lá no terreiro deles. Como é que eles vem invadir o nosso terreiro e fazer do nosso São João um festival de breganejo”, afirmou.

Para Alcymar Monteiro, o que estão fazendo com São João no Nordeste é um crime cultural e um ataque às tradições e manifestações culturais da região. Ele observou que não é admissível pegar a cultura de um povo, formado por 60 milhões de nordestinos, e simplesmente aniquilar. Torna-a uma coisa estereotipada.

“Isso eu não vou aceitar nem hoje, nem amanhã, nem nunca. Porque eu sou nordestino. Eu canto a cultura nordestina. Eu acho que o que estão fazendo com nosso São João é um crime cultural” desabafou.

No entendimento de Alcymar Monteiro, o forró é o maior legado do povo nordestino e uma expressão viva da cultura da região. A identificação da região.

“A festa junina é o nosso jeito de ser e o maior festival de inverno do mundo. Fora a trilha sonora que é gonzaguiana, tem a parte da culinária, tem a parte da vestimenta.

É uma festa que produz milhares de emprego e que educa as nossas crianças os nossos jovens” enfatizou.
O artista que se apresentou na abertura da edição especial dos 40 anos do Maior São João do Mundo e tem uma história e uma identificação com a festa, elogiou o São João de Campina.

“Campina está de parabéns. Este ano, Campina deu um passo na frente e Caruaru deu um passo atrás. Eu vi uma cenografia maravilhosa. Eu fiz entrevistas para a televisão, no meio do povo, uma cenografia linda. A budega, o mercado, achei aquilo muito. Eu nunca vi aquilo em lugar nenhum. Campina Grande tá de parabéns, a cenografia linda. Eu abri o show lindo, um público maravilhoso, receptivo, tem uma estrutura de hotel maravilhosa. Eu acho que tá tudo certo, Campina Grande” elogiou.

Em contrapartida, o cantor e compositor Alcymar Monteiro, criticou a forma que tem sido gerenciado o São João de Caruaru, um dos maiores do país. Alcymar Monteiro elogiou São João de Campina Grande mas disse que se Caruaru não mudar, vai virar festival de “breganejo”.

“Horrível o que está acontecendo. Caruaru, que é a terra do meu pai, Pernambuco, está indo na direção contrária. É Caruaru se não mudar, aquele sistema, a festa não vai ser mais nem o São João de Caruaru, vai ser o num sei o que lá de Caruaru, eu não posso nem nominar isso” continuou. “Não é mais forró. É um festival de breganejo”, afirmou.

Enfático, o artista disse que o São João de Caruaru se transformou em um “festival dos horrores”.

“Eles vendem um espaço que é público, o tal dos camarotes. Botam quem eles querem e aniquilam a presença dos forrozeiros que de ano a ano vai diminuindo numericamente, não artisticamente. Quem é cantor de forró canta, e não tem segredo. Mas numericamente eles colocam aquilo que lhe convém economicamente, e na minha concepção, dinheiro não compra cultura. Cultura se faz “, enfatizou.

São João sem o toque da sanfona, triângulo e a batida do zabumba. O artista criticou“venda” do evento para empresas privadas, o que tem reduzido a presença dos forrozeiros nas festas juninas.

“Se é por dinheiro coloque, mas não se esqueça de colocar o forró não. Eu não estou aqui falando mal de artistas nenhum. Breganejo é breganejo. Forró é forró e samba é samba “, frisou.

Ele criticou ainda a “venda da festa para empresas privadas”, o que pode ser um motivo para que as empresas não chamem os cantores de forró, mas os artistas de renome nacional como sertanejo. E defendeu que deveria ter uma cláusula no contrato com as empresas, para valorizar os artistas locais.

Acho que deveria ter nesse contrato, uma clausula, você tem que botar no mínimo 60% de artistas locais, artistas que cantam forró.”


Com sua intensidade rítmica, o cantor traz no repertório sucessos como ‘Rosa dos ventos’, ‘Um Recado, uma Sanfona, uma Rabeca’, ‘Forroteria’, ‘Jeito Maroto’ e ‘Cometa Mambembe’, A discografia é fica, e tem de tudo que expressa a cultura nordestina, desde o forro, o baião, xaxado, a vaquejada, folguedos s e outros ritmos e expressões culturais do Nordeste.

Com algumas turnês internacionais Alcymar Monteiro já teve seus trabalhos lançados no exterior, ao todo em 4 continentes.

Com incontáveis prêmios e troféus ganhos ao longo de sua carreira, desde da década de 80 até aos dias de hoje, Alcymar também coleciona títulos de reconhecimento em cidadanias municipais e estaduais do Brasil.

Severino Lopes
PB Agora

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