Ambrósio e sua perigosa teologia pública

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O bispo Ambrósio (339-397 d.C) é um ponto de inflexão da participação cristã na política. Apesar de ter sido o imperador Constantino que reorientou o império romano para o cristianismo, foi o bispo Ambrósio que deu o tom da atitude da Igreja na participação política durante a Idade Média. Ambrósio era senador romano e, após sua conversão, se tornou um dos principais pregadores da cristandade.

À época, a Igreja cristã era constituída majoritariamente por pessoas de classe baixa. Em 343 d.C, alguns bispos, reunidos em Sérdica (Bulgária), expressaram desaprovação de que pessoas ricas se tornassem bispos sem terem servido em posições menores antes. O temor era que as riquezas e o poder corrompessem a Igreja.

Em 374 d.C., Ambrósio se tornou bispo de Milão (Itália). Ele foi lançado diretamente como bispo, sem ter sido antes diácono ou presbítero. Além de eloquente, Ambrósio era generoso em doar à Igreja e aos pobres. Como um bispo popular, Ambrósio assumiu um novo papel público: um bispo governador da cidade. Em nome de Deus, Ambrósio passou a ordenar a sociedade.

Ambrósio passou a usar sua influência para abafar os arianos (hereges contrários ao Concílio de Niceia), instigar protestos, opor-se a medidas do Império. A teologia pública de Ambrósio era: é preciso consertar a sociedade e formar uma nova humanidade sob Cristo. A partir dele, o desejo de privilégio político por parte da Igreja cresceu.

Ambrósio definiu uma nova atitude cristã na política: os costumes antigos deveriam desaparecer e o Estado romano deveria apoiar o cristianismo de forma total. Para Ambrósio, pagãos e hereges deveriam ser escanteados pela força e a Igreja deveria se tornar mais rica e mais poderosa politicamente. A partir dessa teologia pública, muitos cristãos se tornaram “opressores” em nome de Deus.

A mistura entre Estado e teologia pública de domínio da sociedade é explosiva. Ambrósio nos lembra que, mesmo querendo fazer o bem para a sociedade, o cristão não deve querer usar o poder político para impor pela força sua teologia e doutrina social. A influência cristã deve se dar por vias do convencimento para que a própria causa de Cristo não seja prejudicada.

 

Anderson Paz

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