Categorias: Cultura

20 anos sem a poesia embriagada de Leminski

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Hospital Nossa Senhora das Graças, Curitiba. Madrugada do dia 6 de junho de 1989. Na UTI, a meditação da poeta Alice Ruiz, que contemplava um inconsciente Paulo Leminski foi interrompida pelo amigo Jaime Lechinski, que a convidou para um café. Do lado de fora do hospital, dava pra ouvir o grito dos jovens: “Sai dessa, Leminski! Estamos te esperando aqui”.

Mas não deu. E às 20 horas do dia 7 – portanto há 20 anos -, Paulo Leminski, “pediu a conta pro garçom”. Curiosamente, era esse o termo com que o poeta se referia à morte de alguém. E a morte de Leminski foi, literalmente, uma pedida de conta. Ele tinha 44 anos e morreu de cirrose. No dia seguinte ao enterro, a Folha de Londrina resumia tudo na manchete: “A vida matou Paulo Leminski”.

Compositor, romancista, tradutor, mas acima de tudo – e essencialmente-, um poeta. Nos últimos anos de sua vida, Leminski viveu alucinadamente num ritmo explosivo de má alimentação, cigarros, boemia e muita bebida. Em uma de suas crises, escreveu este poema: “Este pode ser meu último texto./ Talvez eu repita o destino de Fernando Pessoa, aos 44 anos e do mesmo mal./ Nunca estive muito interessado em envelhecer,/ eu que sempre amei a juventude./ Quero repousar em Curitiba, ao som dos Beatles./ Com o meu quimono de faixa preta./ Saio da embriaguez de viver para o sonho/ de outras esferas”.

Hoje em dia, Leminski é um dos poetas mais citados e queridos pelos jovens. É extremante bizarro recordar um episódio acontecido um ano antes de sua morte, quando na boate Dama Schok, em São Paulo, haveria um show de Legião Urbana. A banda que faria a abertura era de um amigo de Leminski, que pediu pra cantar algumas de suas músicas. Subiu ao palco bêbado e não foi perdoado pelos adolescentes que o vaiaram de maneira estrepitosa. Sim, Leminski era também letrista e alguns de seus poemas se transformaram em canções. Dentre os seus parceiros estão Caetano Veloso, Itamar Assumpção e Paulinho Boca de Cantor.

Em sua carreira, Leminski publicou mais de 10 livros de poemas. Na área de prosa, escreveu o romance experimental Catatau, obra profundamente influenciada pela literatura James Joyce, autor que Leminski viria a traduzir, juntamente com outros autores, como John Fante e Samuel Beckett.
Leminski escreveu algumas biografias de personagens bem distintos: dos poetas Cruz e Souza e Matsuó Bashô, passando por Jesus e pelo líder comunista Trotski. Múltiplo, Leminski foi redator de TV, exerceu a crítica, fez roteiros para histórias em quadrinhos, cinema e telenovela, além de ter colaborado para publicações como a Veja e Folha de São Paulo.

 

Jornal da Paraíba

 

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