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Sem polícia, ES tem onda de violência

 O exército começou nesta segunda-feira (6) a patrulhar as ruas de Vitória para conter a onda de violência que assola o Espírito Santo. Parentes de policiais militares se concentraram nas portas dos quartéis e os PMs não saem para trabalhar desde sábado.

Na frente do portão do quartel do comando da PM do Espírito Santo, parentes dos policiais impedem que os policiais saiam para trabalhar nas ruas. O movimento começou no sábado e os manifestantes dizem que não tem data para terminar. E a consequência foi ficando cada vez mais grave. Durante a noite e todo o dia foram muitos flagrantes de violência, crimes nas ruas de todo o Espírito Santo. Bandidos agindo sem repressão.

Quem mora no Espírito Santo está vivendo dias difíceis. Medo, tensão, a população assustada, tenta se proteger dentro de casa.

Na tarde desta segunda-feira (6), no meio da rua, na cidade de Vila Velha, começou um tiroteio.

No sul do Espírito Santo, as imagens feitas na cidade de Cachoeiro mostram pessoas que estariam saqueando o comércio local. Em Vila Velha o momento em que dois homens roubam as pessoas que estavam num ponto de ônibus. Só numa avenida na cidade de Cariacica, 11 lojas foram invadidas e saqueadas.

A onda de violência tomou conta das ruas da Região Metropolitana de Vitória: à noite dois ônibus queimados e uma série de assaltos no comércio. Do alto de prédios, muitos moradores registraram os crimes. Bandidos levando produtos roubados. Na cidade de Guarapari o saque de uma loja só parou quando os criminosos ouviram o som de tiros.

Em Vitória, um morador gravou o momento em que os três bandidos roubaram um carro. Uma mulher também teve o veículo roubado no fim de semana.
“Com o revólver na nossa cabeça, falou: ‘perdeu, perdeu’. E na mesma hora eu entreguei”, conta a mulher.

De acordo com o Sindicato dos Policiais Civis, da madrugada de sábado (4) até a manhã desta segunda-feira (6), mais de 50 pessoas foram assassinadas no Espírito Santo. Em todo o mês de janeiro, o sindicato registrou apenas quatro homicídios.

Segundo o Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil, o DML já está lotado. Há corpos até no chão.

Esta segunda-feira, em alguns pontos de Vitória, parecia feriado. O medo esvaziou as ruas. Não teve aula nas escolas da prefeitura e em muitas escolas particulares.

Na Universidade Federal do Espírito Santo, as aulas também foram suspensas. E quem procurou unidades de saúde voltou para casa sem atendimento. As unidades não abriram por falta de segurança.

Desde a madrugada de sábado, parentes de policiais estão bloqueando as saídas dos batalhões. Com isso, os policiais militares não vão para as ruas. O movimento pede reajuste de salário e melhores condições de trabalho. O governo do estado disse que tentou negociar, mas desistiu. E agora só volta a conversar quando os policiais voltarem para as ruas.

“É uma situação gravíssima. Nós temos um serviço público essencial que é o serviço de segurança pública, de policiamento ostensivo. Esse serviço não pode parar. A população não pode ficar refém desses interesses corporativos”, disse André Garcia, secretário estadual de Segurança.

A Justiça considerou o movimento ilegal. O desembargador Robson Luiz Albanês disse que os policiais não podem fazer greve, porque suas atividades são indispensáveis à manutenção da paz e da ordem pública. Ele determinou a volta imediata ao serviço e estipulou uma multa de R$ 100 mil por dia para as associações que representam os policiais militares.

Mas parentes de PMs dizem que essa determinação não afeta o movimento.

“Nós, familiares, que estamos ajudando umas às outras. Não há instituições que estão nos ajudando e nem associações. Então, não há ilegalidade”, afirmou Débora Caroline, representante dos parentes.

Sem condições de garantir a segurança da população, o governo do estado pediu ajuda ao governo federal. Homens da Força Nacional de Segurança devem chegar para atuar em todo o estado. O ministro da Defesa chegou a Vitória no meio da tarde.

“Nós estaremos nas ruas para assegurar integridade das pessoas, para segurar também a propriedade, a paz e a tranquilidade”, declarou Raul Jungmann, ministro da Defesa.

O ministro da Defesa anunciou que mil homens do Exército e mais 200 da Força Nacional de Segurança vão atuar no Espírito Santo. Os homens da Força Nacional vão sair de Brasília e do Rio de Janeiro.

Na tarde desta segunda-feira, os motoristas de ônibus da Grande Vitória também pararam por falta de segurança.

Na terça-feira, não vai haver aula nas escolas de Vitória. E as unidades de saúde permanecem fechadas por falta de segurança.

 

Foto: Bernardo Coutinho

 

JN

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