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Especialista diz que problema da água no planeta é político

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 Após debater temas como “Conjuntura nacional, participação social e políticas de desenvolvimento” e “A incerteza institucional e o desenvolvimento regional”, o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) trouxe a tona a temática da água e a democracia para a academia. O terceiro debate da série proposta pelo seminário “Análise de Conjuntura” teve como palestrante o renomado professor e sociólogo da Universidade de Newcastle (Inglaterra) José Esteban Castro. O evento, que também conta com a parceria da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Universidade Federal da Paraíba (UEPB).

No debate, realizado no Auditório da Biblioteca Central, no Câmpus de Bodocongó, o professor Esteban, que é considerado a maior autoridade nos estudos sobre água na América Latina, ministrou a palestra “Água e Democracia na América Latina”. Com a experiência de quem já escreveu dezenas de livros e tem mais de 40 artigos científicos publicados em revistas especializadas do mundo inteiro, José Esteban Castro afirmou que a problemática da água não é apenas consequência das intempéries climáticas, mas especialmente da falta de gestão dos governantes.

O especialista deixou claro que a água existente no planeta é suficiente para matar a sede das populações, mas a forma como esse recurso tem sido gerenciado e distribuído é que gera problemas para as populações de regiões como o semiárido, que geralmente sofre com as secas prolongadas. Para José Esteban Castro, que teve um de seus livros publicados pela Editora Universitária da UEPB, a solução para esse problema socioecológico não passa necessariamente pela dimensão tecnológica, pois está centrado na falta de gestão. A solução, segundo ele, é fundamentalmente política.

Esteban destacou que a desigualdade social que se reflete na distribuição da água é maior na América Latina. No Brasil, conforme relatou o pesquisador, a falta de democracia na gestão dos recursos hídricos gera falta de água com qualidade para produzir alimentos, contribuindo para o aumento da pobreza. “No Brasil se fala muito em escassez de água e, em nome dessa escassez, se implementam políticas que terminam muitas vezes piorando a situação. Temos água mais do que suficiente para todos se ela fosse gerida dentro de um princípio de igualdade e democracia, mas isso não acontece”, observou.

Ao fazer uma análise da América Latina como um todo, ele citou como exemplo uma cidade do México, em que um rio passava praticamente na porta das casas e a metade da população não tinha água nas torneiras. Em contrapartida, outra cidade, construída no meio de um deserto, tinha 80% da população com água nas torneiras. “Então não é a falta de água no ambiente que deixa as pessoas com sede”, arrematou.

Ao se reportar especificamente ao Nordeste do Brasil, que enfrenta longas estiagens, o especialista observou que a questão da seca agrava o problema, mas não é a principal causa da injustiça que significa não ter água para beber. Nesse sentido, ele ressaltou que na região existem localidades com águas abundantes, enquanto em muitas comunidades a população sofre com a escassez desse recursos. Essa realidade do Nordeste, segundo apontou o especialista, mostra que ainda existe claramente um problema de desigualdade e de falta de democracia na política de gestão no país.

José Esteban Castro falou para um público formado especialmente por estudantes do Mestrado de Desenvolvimento Regional. Após sua palestra, foi realizado um debate sobre o tema, que teve como debatedores, o presidente do Sindicato dos Urbanitários de Campina Grande Wilton Maia, e o representante do Movimento dos Atingidos por Barragens, Oswaldo Bernardo.

Idealizador do seminário, o professor Cidoval Morais disse que a preocupação do Mestrado é fazer os seus estudantes e a comunidade em geral entenderem que a democracia não é feita apenas pelo voto. Segundo ele, para que haja democracia plena, é necessário que sejam criadas as capacidades e que a distribuição dos bens na sociedade seja feita de forma justa. Em relação a água, tema central do seminário, Cidoval observou que o acesso a esse bem indispensável para a sobrevivência humana tem sido restringido, principalmente, na região do semiárido.

“Nosso problema não é de seca e não é de falta d’água. O nosso problema é de gestão para distribuição. Enquanto existe água em abundância em alguns locais como condomínios, os pobres têm que viver com 50 litros de água, quando a média pedida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em tempos de crise é de 150 litros por dia”, ressaltou Cidoval.

 

Redação com Assessoria

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