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Chegada de Dilma coloca em xeque função de primeira-dama

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A vitória de Dilma Rousseff nas últimas eleições não significou apenas a inédita chegada de uma mulher à Presidência do Brasil. Pela primeira vez na história, não há ninguém ocupando o posto de primeira-dama – um título que se choca com o perfil das novas gerações, formadas por mulheres independentes, que trabalham fora, chefiam famílias ou são simplesmente divorciadas, como é o caso da própria presidente.

O “primeiro casal” sempre tentou reproduziu o modelo ideal de família para o resto do país: o homem decide, enquanto a mulher fica com a missão de ser discreta e aparecer embrulhada em grife em eventos com o marido.

A cientista política da UnB (Universidade de Brasília) Ana Alice Costa – pesquisadora de estudos sobre a mulher na UFBA (Universidade Federal da Bahia) – diz que essa imagem começou a ser questionada no Brasil pela mulher do ex-presidente Juscelino Kubtschek (1956 – 1961), Sarah Kubitschek, “que viajava o tempo todo cuidando de seus próprios interesses”. Para, ela “a figura de enfeite de primeira-dama” não faz mais sentido.

– Primeira-dama é coisa de coluna social. Um jeito muito tradicional de enxergar a mulher, que há muito tempo deixou de ser essa figura complementar do homem […] A eleição da Dilma reforça que aquele estereótipo não pode mais ser o padrão.

Ela condena o destaque dado à Marcela Temer (28) – mulher do vice-presidente, Michel Temer (70) – durante a posse da nova presidente, no dia 1º de janeiro. A beleza da ex-miss Paulínia (interior de São Paulo) e a diferença de idade entre os dois colocaram o nome dela entre os dez assuntos mais comentados do mundo no Twitter por 32 horas, de acordo com o site especializado Twend.it.

– Não interessava que uma mulher assumia a Presidência junto com nove ministras. Isso mostra o conservadorismo dessa sociedade e dos meios de comunicação.

Além de Sarah Kubtschek, a cientista cita como outro bom exemplo Ruth Cardoso, mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Antropóloga de formação, Ruth (morta em 2008) sempre recusou o título de primeira-dama. Assim que o marido assumiu, ela mandou fechar a antiga LBA (Legião Brasileira de Assistência), instituição suspeita de desviar dinheiro público durante a administração de Rosane Collor, primeira-dama nos tempos de Fernando Collor de Mello. No lugar, Ruth usou suas teses acadêmicas e sua experiência com ONGs para combinar ações sociais de empresas e ministérios. O resultado foi o aproveitamento de muitos desses programas no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
 

Para a professora, Ruth se destacou porque sabia como atuar socialmente, já que esse sempre foi seu trabalho, ao contrário de outras primeiras-damas, que, diz ela, fazem serviço social contratando assessores para o trabalho duro. É por isso que ela também aprova a postura da mulher de Lula, Marisa Letícia.

– Ela foi perfeita. Ela fez o que fez a vida toda: cuidou do Lula e da família. Ela não tentou assumir um papel que não era a história dela.

Pelo Brasil

Outra primeira-dama que não perde tempo em festas e recepções é Adriana Ancelmo Cabral, mulher do governador do Rio, Sergio Cabral (PMDB). Advogada, ela já enfiou o marido em uma saia justa quando adversários políticos revelaram que seu escritório advogou contra o próprio governo ao defender empresas fornecedoras do Estado, como a Vigo Central de Serviços, responsável pelo serviço de limpeza na Secretaria de Administração Penitenciária. Procurada pela reportagem, ela não comentou o caso.

.Fora de moda ou não, há primeira-dama que leva a sério o selo que carrega. Uma delas é Lu Alckmin, mulher que ocupa o posto pela terceira vez em São Paulo graças à vitória do marido, Geraldo Alckmin (PSDB), nas eleições do ano passado.
Seguindo o exemplo de Ruth, ela se engajou socialmente. Nas últimas passagens pelo Palácio dos Bandeirantes, implantou 1.013 padarias artesanais e 600 brinquedotecas públicas.

 

Mas talvez a maior estrela entre as primeiras-damas estaduais seja a “Evita Peron da Bahia”, título dado por Dilma a Fátima Wagner, mulher do governador petista Jacques Wagner. Espontânea e polêmica, a enfermeira de formação disse ao R7 que as primeiras-damas têm mais é que trabalhar ao lado do governador em projetos sociais.

– Penso que o papel da primeira-dama em uma sociedade em que a mulher ocupa cada dia mais seu espaço é ser parceira do governador, buscando resolver os problemas sociais.

Ela até elegeu os projetos preferidos da ONG Voluntárias Sociais da Bahia, que preside:

– O Nossa Sopa, que tem como objetivo o combate à fome e à desnutrição da população carente. Desde 2007, foram distribuídos 40 milhões de pratos de sopa, atendendo 350 municípios e beneficiando 250 mil pessoas por mês em média.

A cientista política diz que “assistencialismo” não deveria ser papel de nenhuma primeira-dama.

– Elas continuam distribuindo sopinha e enxoval de criança. Quem é eleito é o governador. A mulher dele tem de cuidar da vida particular dela.

R7

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