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Cerimônia de canonização de Irmã Dulce será realizada em outubro no Vaticano

Irmã Dulce, a primeira mulher nascida no Brasil que se tornará santa, será canonizada no dia 13 de outubro de 2019, em uma celebração presidida pelo Papa Francisco, no Vaticano, em Roma.

A informação foi divulgada na manhã desta segunda-feira (1º), em coletivas de imprensa que ocorreram em Roma, no Vaticano, e no Santuário Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, no Largo de Roma, em Salvador.

Além de Irmã Dulce, no mesmo dia, durante o Sínodo da Amazônia, serão canonizados outros quatro santos, segundo o Vaticano. Entre eles, está o cardeal inglês John Henry Newman, um dos principais intelectuais cristãos do século 19.

Nascido em 1801, em Londres, Newman foi pastor anglicano, mas, ao longo de seus estudos, acabou se convertendo ao catolicismo. Tornou-se padre e um teólogo reconhecido internacionalmente. Sua obra foi amplamente citada no Concílio Vaticano II. Entre as principais estão “Ensaio sobre o Desenvolvimento da Doutrina Cristã”. Ele foi beatificado em setembro de 2010, pelo Papa Bento XVI.

O arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, e a superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce, Maria Rita Pontes, e participaram da coletiva, em Salvador.

Dom Murilo Krieger detalhou que a beata levará o nome santo de Santa Dulce dos Pobres e seu dia será celebrado sempre no dia 13 de agosto.

O Vaticano anunciou a canonização de Irmã Dulce em maio deste ano, quando um segundo milagre atribuído à religiosa, também conhecida como “O Anjo bom da Bahia”, foi reconhecido por meio de decreto.

A pessoa agraciada pelo segundo milagre de Irmã Dulce reconhecido pelo Vaticano é um homem, que morava na Bahia, e foi curado após passar 14 anos cego. Ele participou da coletiva nesta segunda.

O milagre teria ocorrido após o homem pedir a Irmã Dulce para interceder por ele, por conta de uma conjuntivite, pouco antes de dormir. Quando acordou, no dia seguinte, o homem havia melhorado da doença e voltado a enxergar, segundo a Arquidiocese de Salvador.

O milagre intriga médicos, pois, mesmo após voltar a enxergar, os exames do homem apontam lesões que deveriam impedir que ele tivesse o sentido.

Além desses dois milagres reconhecidos, mais de 10 mil outros relatos feitos por fiéis do mundo inteiro são armazenados pelas Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), em Salvador. Há depoimentos de cura de câncer, superação de vício em drogas, conquista de emprego, solução de dívidas e problemas familiares, sobrevivência a acidentes graves.

Canonização -A canonização de Irmã Dulce será a terceira mais rápida da história (27 anos após seu falecimento), atrás apenas da santificação de Madre Teresa de Calcutá (19 anos após o falecimento da religiosa) e do Papa João Paulo II (9 anos após sua morte).

Três graças alcançadas por devotos, após orações a Irmã Dulce, estavam sendo analisadas pelo Vaticano, com vista no processo de canonização da religiosa. Esses três casos foram enviados ao Vaticano pelas Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), em 2014, após análise de profissionais da própria instituição.

O primeiro milagre foi reconhecido em outubro de 2010, quando Irmã Dulce foi beatificada. Depois disso, iniciou-se o processo para buscar a canonização, quando a pessoa passa a ser considerada santa pela Igreja Católica.

O Vaticano tem quatro exigências quanto à veracidade da graça, até ser considerada milagre: ser preternatural (a ciência não consegue explicar), instantâneo (acontecer imediatamente após a oração), duradouro e perfeito.

Frei Galvão, conhecido pelas pílulas milagrosas que, segundo a fé católica, têm poder de cura e que nasceu em 1739, em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, foi o primeiro santo nascido no Brasil a ser canonizado, em 11 de maio de 2007, pelo então Papa Bento XVI.

Madre Paulina, que morava em Santa Catarina, também foi canonizada e ficou conhecida como a primeira santa do Brasil. Ela, no entanto, nasceu na Itália e só veio morar no país com a família aos 10 anos. Com isso, Irmã Dulce se tornará a primeira santa nascida no Brasil.

História e legado
Irmã Dulce, cujo nome de batismo era Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, é recordada por sua obras de caridade e de assistência aos pobres e necessitados. Religiosa da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, a beata nasceu em Salvador, em 26 de maio de 1914.

Desde cedo manifestou interesse pela vida religiosa. Aos 13 anos de idade, passou a acolher mendigos e doentes em sua casa, transformando a residência da família – na Rua da Independência, 61, no bairro de Nazaré – em um centro de atendimento. A casa ficou conhecida como “A Portaria de São Francisco”, por conta do grande número de carentes que se aglomeravam a sua porta.

Em 1933, a jovem ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Convento de Nossa Senhora do Carmo, cidade de São Cristóvão, em Sergipe. No mesmo ano, recebeu o hábito e adotou o nome de Irmã Dulce, em homenagem à sua mãe, que se chamava Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes e morreu quando a freira tinha 7 anos.

No ano de 1935, já de volta a Salvador, dava assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara na parte interna do bairro de Itapagipe. Nessa mesma época, começa a atender também os operários que eram numerosos naquele bairro, criando um posto médico e fundando, em 1936, a União Operária São Francisco – primeira organização operária católica do estado, que depois deu origem ao Círculo Operário da Bahia.

G1

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