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Caso Paula Oliveira gera impasse diplomático

A repercussão do caso da advogada pernambucana Paula Oliveira, de 26 anos, colocou Brasil e Suíça no centro de um imbróglio diplomático. Os dois países estão divididos entre as duas versões do suposto ataque cometido contra ela, na segunda-feira, em Zurique. Paula diz ter sido agredida por três xenófobos. Eles teriam marcado-a com cerca de 100 cortes com estiletes e a agredido, o que teria provocado um aborto. Afirma que estava com três meses de gravidez e esperava gêmeas. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e dois ministros se indignaram com suposto crime e pediram, na quinta-feira, urgência nas investigações e condenaram a discriminação a estrangeiros. Ontem, foram mais cautelosos. Lula falou em sigilo nas investigações. Pela manhã, a polícia de Zurique e peritos suíços desmentiram os relatos de Paula.

As autoridades suíças sugeriram que ela se autoflagelou e afirmaram categoricamente que a advogada não estava grávida no “momento do suposto ataque” (Leia mais abaixo). As investigações não foram concluídas. Família e amigos estão indignados com a hipótese de autoflagelo. Os parentes ainda não apresentaram provas para contestar a polícia, apesar de informarem extraoficialmente tê-las.

Pressão – Ontem, instituições de direitos humanos começaram a se articular em defesa de Paula e querem pedir interferência internacional. O conselho de Direitos Humanos de Pernambuco pretende enviar na próxima semana uma petição à Organização das Nações Unidas (ONU) para acompanhar as investigações. Haverá uma reunião extraordinária do conselho, que é composto por 12 entidades, na próxima segunda-feira para discutir o texto. Ontem, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Pernambuco pediu para que a OAB nacional solicite à Embaixada Suíça informações sobre as providências envolvendo a apuração do suposto atentado contra a advogada. “Esse tipo de agressão constitui um atentado aos direitos humanos a todos os brasileiros e estrangeiros”, disse o presidente da OAB-PE, Jayme Asfora. O presidente nacional da OAB, Cezar Britto, cobrou apuração “rigorosa” dos fatos.

A Embaixada Suíça divulgou nota se solidarizando com a família da vítima do que chamou de “incidente humanamente trágico” e confirmou a divulgação dos exames apresentados pela polícia do país que representa. A assessoria do Itamaraty manteve o discurso do dia anterior: quer rigor nas investigações. Mas reconhece que a apuração cabe apenas à polícia daquele país. A imprensa do Brasil e da Suíça também se dividem: aqui, a notícia sobre o suposto atentado a Paula tomou conta do noticiário; lá na Suíça, ele teve pouca atenção e desde o início se questionou a veracidade das informações passadas por Paula.

A advogada Paula Oliveira reside legalmente na Suíça há cerca de dois anos. Trabalha legalmente, como funcionária da multinacional A P Moeller – emprego que conseguiu depois de concurso com concorrentes de todo o mundo. Está de casamento marcado com o economista suíço Marco Trepp. Até ontem à noite (horário da Suíça), continuava internada no Hospital Universitário de Zurique. Passou todo o dia sendo acompanhada pela embaixada brasileira. Paula havia recebido alta, mas voltou na manhã na terça-feira em virtude de complicações por infecções urinárias – informou o pai da advogada, o assessor parlamentar Paulo Oliveira, ao Diario de Pernambuco.

Silêncio – Ontem, a família evitou fazer comentários sobre os resultados das primeiras investigações policiais e do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique. Parentes informaram extraoficialmente que eles têm como comprovar que ela estava grávida até ter sido agredida pelos chamados skinheads, homens com intolerância racial que usam de agressão (Leia mais ao lado). O pai de Paula, o assessor parlamentar Paulo Oliveira, que trabalha com o deputado Roberto Magalhães (DEM-PE), rechaçou ontem a postura da polícia. Para ele, a polícia trabalha com “especulações” e quer “desviar o foco”.

Pernambuco.com

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