Na expectativa de manter a tradicional animação e emocionar sua torcida, a Gaviões da Fiel vai entrar no Anhembi em 22 de fevereiro com uma roupagem diferente. Sem usar e abusar majoritariamente do preto e branco, a escola desfilará colorida e espera revelar uma plástica peculiar em seus carros e fantasias. A Gaviões da Fiel será a quinta escola a desfilar no segundo dia do carnaval de São Paulo.
Grande parte das diferenças é ideia do carnavalesco da escola. Em São Paulo desde 1999, Zilkson Reis já passou pela Mocidade Alegre e pela Império de Casa Verde, mas as influências que fizeram de fato a diferença do artista vieram de longe, de Parintins, no Amazonas. “Eu nasci em Parintins e desde os 14 anos desenho e crio para a festa dos bois Garantido e Caprichoso. Lá foi e é uma grande escola para mim porque as alegorias são enormes e se movimentam de uma maneira mais articulada”, diz ao G1. Reis tem com ele na Gaviões uma equipe de cerca de 40 pessoas, todas vindas de Parintins. “Tenho mais confiança porque tenho liberdade de trabalhar com a equipe que escolhi”, afirma.
Ao mesclar as técnicas da festa de Parintins e os materiais que conheceu aqui, Reis espera emocionar a torcida da Gaviões ao apresentar o enredo sobre a roda. “A roda foi uma criação que trouxe muitos benefícios à humanidade. Não só em termos de locomoção, mas em tudo o que o sistema rotativo inspirou”, afirma o carnavalesco, que vai homenagear o piloto Ayrton Senna, corintiano, ao exaltar a velocidade em um dos carros da escola.
As 26 alas e os cinco carros alegóricos da Gaviões, formados por 4 mil componentes, também vão tratar da roda como meio de transporte e de máquinas inspiradas na roda, como cataventos e a engrenagem de relógios. “Tudo será bastante cenográfico e com movimento, justamente porque a roda é sinônimo de movimento”, diz.
Além de destaques famosos como a apresentadora Sabrina Sato e a ex-BB Jacqueline Cury, que será madrinha de bateria, a Gaviões contará com estrelas especiais: vinte cadeirantes de uma equipe de basquete de Campinas vão desfilar sobre rodas. “É uma participação que será muito emocionante. Mostra, na prática, como a roda mudou a vida das pessoas”, diz Reis. Sérgio Ribeiro, idealizador da Dream Bike, uma empresa que desenvolve bicicletas exóticas e especiais para deficientes físicos, também deve desfilar, ao lado de sua família, pela Gaviões.
A tradicional bateria da Gaviões, comandada pelo Mestre Pantchinho, terá 250 ritmistas, caracterizados como gaviões turbinados. “Vamos brincar com a idéia das turbinas, responsáveis por parte dos avanços da humanidade”, diz. Reis promete outras novidades como a Velha Guarda e as crianças, que virão em cima de carros alegóricos.
A maior novidade da Gaviões, no entanto, vai relacionar o tradicional Gavião da escola a todo o movimento trazido por Reis direto de Parintins. “Nosso abre-alas terá um gavião que vai sair do carro”, afirma. A escola terá também um carro alegórico robótico. “É o primeiro carro do carnaval que não será manual, ele será completamente hidráulico e elétrico e isso vai causar um efeito maravilhoso para o público”, conta.
Sem a ajuda de patrocinadores e em meio à crise financeira mundial, Reis conta que trocou materiais de fantasias e carros há dois meses do carnaval. “Não tínhamos o que fazer e a dificuldade financeira nos obrigou a usar a criatividade. Vamos ter exatamente o mesmo efeito, mas com custos reduzidos”, diz.
As fantasias de destaque já estão esgotadas, mas ainda há tempo de desfilar no chão, com fantasias entre R$ 300 a R$ 400, e nos carros alegóricos, com fantasias entre R$ 500 e R$ 1,2 mil.
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