Caminhada e outras manifestações lembram golpe militar e fazem homenagem às vítimas

PUBLICIDADE

Ditadura militar nunca mais. Prisões, tortura, repressão, cerceamento da liberdade de imprensa e morte. Os 60 anos do Golpe Militar de 64 foram lembrados no Brasil com diversas manifestações. Em São Paulo, uma caminhada lembrou o ato que instaurou a ditadura civil-militar no Brasil. Chamada de Caminhada do Silêncio pelas Vítimas de Violência do Estado, o ato teve início na antiga sede do Departamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), na Rua Tutóia, na Vila Mariana.

Ao todo, foram programados para ocorrer 113 eventos, como atos, marchas, exposições, manifestações em frente a centros de tortura, filmes e livros. A entidade Coalizão Brasil por Memória, Verdade e Justiça, Reparação e Democracia catalogou essa agenda e a batizou de “Remoer a ditadura para consolidar a democracia”. A frase é uma referência, e também uma reação, a uma declaração de Lula, que afirmou não desejar “remoer” esse passado e sustentou ser preciso olhar para a frente.

 

Em São Paulo o ato ocorreu no lugar que o ex-deputado estadual e presidente da Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo, Adriano Diogo, ficou preso por 90 dias durante a ditadura militar. “Fiquei 90 dias aqui. Fiquei 90 dias em uma cela solitária bebendo água de boi”, relembrou ele hoje, em entrevista à Agência Brasil. “Aqui é uma casa de morte”, reforçou.

Também foi no DOI-Codi que Maria Amélia de Almeida Teles, a Amelinha, foi presa, torturada e estuprada. “Fui presa política aqui no DOI-Codi entre 1972 e 1973. Aqui fui torturada e estuprada. Minha família toda foi sequestrada e trazida aqui para o DOI-Codi. Minha filha, Janaína, tinha cinco anos de idade [na época] e meu filho tinha quatro anos.


Os 60 anos do golpe militar de 1964 não tem como serem esquecidos. Esse é um passado que está muito presente ainda. São feridas que não cicatrizaram e que continuam sangrando nos dias de hoje. O Brasil continua ameaçado de golpes e de violência do Estado”, disse ela. “As novas gerações precisam conhecer isso para se fortalecer e para investir mais na construção da democracia brasileira”, acrescentou.

Nesta quarta edição da caminhada, os manifestantes reforçaram a necessidade da memória, adotando como tema a frase: “Para que Não se Esqueça, Para que Não Continue Acontecendo”. E lembraram que as populações periféricas seguem sofrendo com a violência policial, mesmo nos dias atuais.

O DOI-Codi foi uma agência de repressão política subordinada ao Exército. Neste local, os inimigos da ditadura foram encarcerados, torturados e mortos. Estima-se que por ali passaram mais de 7 mil presos políticos, quase todos torturados. Desses, pelo menos 50 deixaram o local já sem vida.

Atualmente, neste endereço funciona o 36° Distrito Policial, da Polícia Civil. É neste lugar também que ultimamente tem sido realizada uma pesquisa arqueológica para aprofundar os conhecimentos sobre o prédio e também identificar as pessoas que passaram pelo local. Há também uma proposta de ressignificar esse espaço, transformando-o no Memorial da Luta pela Justiça.

 

Redação

PUBLICIDADE

Últimas notícias

Carro é tomado pelo fogo na BR-230 entre Campina Grande e João Pessoa

Imagens divulgadas nas redes sociais registraram um automóvel sendo consumido pelas chamas na tarde deste…

6 de dezembro de 2025

Relíquia rural: Fazenda fundada em 1757 permanece ativa na Paraíba

A história da Paraíba é realmente rica, e um dos exemplos mais impressionantes dessa memória…

6 de dezembro de 2025

PM preso em Massaranduba por matar esposa alega ter atirado durante “surto” após discussão

O policial militar Luiz Miguel, preso neste sábado (6) após a morte da esposa, Élida…

6 de dezembro de 2025

Vídeo – Cícero aposta em apoio de Felipe Leitão em 2026: “Construímos muita coisa juntos”

O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (Progressistas), comentou ontem, sexta-feira (05) as movimentações que…

6 de dezembro de 2025

Explosão de botijão de gás deixa homem com queimaduras e prédio interditado no Cristo, em JP

Uma explosão causada por um vazamento de gás deixou um homem ferido na manhã deste…

6 de dezembro de 2025

Saiba quem é o policial militar preso após confessar feminicídio na PB-095, no Agreste da PB

Um cabo da Polícia Militar foi preso em flagrante na madrugada deste sábado (6), suspeito…

6 de dezembro de 2025