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Técnica aponta se paciente corre risco de ter câncer de mama

Testes para identificação de mutações genéticas no BRCA1 estão cada vez mais comuns e acessíveis. Com o resultado em mãos, médicos podem descartar o risco de malignidade em pacientes com histórico familiar que sugerem a possibilidade de câncer de mama ou ovário. Contudo, dos milhares de variantes conhecidos desse gene, muitos ainda se encontram em um limbo diagnóstico. Não se sabe se têm ou não potencial para silenciar a função natural de reparação do DNA e, assim, evitar ou facilitar a disseminação de células tumorais.

 

Com a tecnologia de edição do genoma Crispr, pesquisadores da Universidade de Washington em Seattle, nos Estados Unidos, conseguiram classificar, de forma rápida e com acurácia, quase 4 mil variantes do BRCA1 em apenas seis meses. A expectativa da equipe é de, nos próximos dois anos, identificar, em todas as mutações conhecidas desse gene, o potencial maligno ou benigno e, assim, orientar pessoas que, hoje, não sabem se tomam iniciativas profiláticas, como a remoção das mamas, ou esperam o câncer se manifestar.

 

“Devido ao histórico familiar de câncer de mama ou ovário, é comum mulheres fazerem o teste para mutações no BRCA1, mas ter uma variante e não saber o que ela significa é muito estressante”, observa Jay Shendure, pesquisador do Departamento de Ciências Genômicas da Universidade de Washington e autor sênior de um artigo sobre a técnica, publicado na revista Nature. De acordo com ele, atualmente milhares de mutações encontram-se na categoria das variantes de significado desconhecido, quando é impossível dizer se podem ou não causar câncer.

 

Banco internacional

O oncologista Sergio Simon, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc), explica que, hoje, a principal ferramenta para a classificação de mutações do BRCA1 é um banco de dados internacional, o Brotman Baty, no qual, há duas décadas, médicos e laboratórios de genética inserem informações sobre aquelas encontradas em pacientes. Uma delas foi descoberta por Simon em uma família paquistanesa que vive no Brasil.

 

Em dois anos, foram 15 casos registrados de pacientes com a mutação maligna. Quando não se sabe se a variante pode desencadear o câncer, é preciso esperar a doença se manifestar para, então, informar à comunidade científica sobre a classificação da versão do gene. “Com os relatos de casos, vai ficando mais claro se a mutação é patogênica. Mas esse é um processo muito demorado”, diz.

 

Com a tecnologia desenvolvida por um estudante de PhD do laboratório de Jay Shendure, não será preciso esperar os geneticistas inserirem mutações no banco de dados, nem a doença surgir para se saber se elas podem provocar o câncer. Dessa forma, pacientes com alterações hoje identificadas como desconhecidas já não ficarão sem orientações sobre o procedimento mais indicado. “Agora, podemos fazer interpretações com confiança. E isso apenas em um gene, mas, talvez, possamos pegar o mesmo paradigma e estendê-lo a outros genes”, afirma Shendure.

 

Alta acurácia 

A técnica do pesquisador Greg Finley foi batizada de edição genômica de saturação e consiste no uso da enzima Crispr, que, como uma tesoura, corta pedaços do DNA para modificar as sequências. Usando essa ferramenta, os pesquisadores fizeram diversas alterações no BRCA1, inclusive algumas ainda não identificadas em humanos, e mediram os efeitos de cada uma delas em células humanas cultivadas em laboratório. Os cientistas ficaram surpresos com o grau de acurácia do método, que identificou corretamente mutações sabidamente malignas e benignas.

 

Uma das vantagens destacadas por Finley é poder fazer a avaliação de um grande número de variantes em um curto espaço de tempo. “Para testar quase 4 mil mutações, levamos cerca de seis meses. Acreditamos que, em dois anos, conseguiremos classificar todas as mutações do gene BRCA1”, diz Finley. “Nossa esperança é de que o banco de dados Brotman Baty continue a crescer e se torne um ponto central para guiar a interpretação das variantes.” O presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica destaca que esse prazo é um avanço muito grande em relação ao que se tem hoje. “Essa técnica vai clarificar cada vez mais os testes genéticos, esclarecendo resultados que, agora, ainda são um ponto de interrogação”, avalia Sergio Simon.

 

Redação 

 


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