Ao discutir a importância da doação de cabelos, imediatamente pensamos em campanhas que esporadicamente são realizadas por instituições engajadas no combate e no apoio ao tratamento de pessoas diagnosticadas com câncer. Entretanto, quando essas campanhas acabam, o assunto beira o esquecimento e os pacientes deixam de ser beneficiados com as perucas que servem como um incentivo para continuar na luta contra a doença.
Moema Guedes Arnaud, ex-presidente e voluntária na Rede Feminina de Combate ao Câncer, explica que hoje é possível doar mechas de cabelo sempre que uma pessoa desejar. Isso porque, desde o ano de 2014, quando foi realizada a campanha Fios da Alegria, foram instaladas duas urnas na recepção do Hospital Napoleão Laureano para a coleta constante de fios de cabelo que serão utilizados para a confecção de perucas.
A gerência da Rede Feminina de Combate ao Câncer, única instituição que recebe os cabelos e faz a doação de perucas no Estado, revelou que são distribuídas, em média, 300 perucas e turbantes com cabelo anualmente.
De acordo com a voluntária, o ato de doar é de suma importância, porque dá apoio aos pacientes, especialmente aos do sexo feminino. “É pela autoestima. Nas mulheres, a moldura do rosto é o cabelo, então quando você perde, é difícil. Primeiro você tem a notícia de que é portadora de câncer e depois você sabe que o cabelo vai cair, então elas ficam muito deprimidas com essa perda”, relata. Para ela, ao receber uma peruca, a pessoa com câncer recebe um grande apoio e sente-se mais capaz de continuar o tratamento.
Psicológico
O psicólogo Francisco Santos reitera a visão de Moema. Ele explica que a pessoa, ao descobrir uma doença como o câncer, sofre um impacto, antes de qualquer coisa, pelo medo da morte, medo este que o ser humano tenta evitar através de estratégias que passam despercebidas. “Orientamo-nos no sentido da vida, e uma das formas mais prementes dessa orientação é a vida estética. Arrumamo-nos, malhamos, corremos, fazemos dieta, algumas pessoas mais, outras menos, mas de qualquer forma, investimos na vida”, diz o psicólogo.
Redação