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Caminhada marca encerramento de campanha para doação de órgãos

Mais de trezentas pessoas compareceram a ‘Caminhada pela Vida’, na manhã deste sábado (26) na orla marítima do bairro de Tambaú, que marcou as atividades de encerramento da IX Campanha Estadual Para Doação de Órgãos e Tecidos em João Pessoa, promovida pela Central de Transplante da Paraíba, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde. A concentração da mobilização aconteceu no Busto de Tamandaré e terminou em frente ao Hotel Tambaú, onde durante todo o percurso as pessoas foram animadas pela Banda de Música da Fundação Bradesco.

Na mobilização também foi distribuído material educativo pelos funcionários da CT-PB que, mesmo debaixo de um sol quente, mostraram a satisfação de poder explicar para as pessoas, durante todo o percurso, a importância da doação dos órgãos, principalmente dizer que a doação só acontece após a autorização da família. “Por isso é importante que as pessoas manifestem este desejo ainda em vida para os seus familiares”, lembrou a coordenadora da Central de Transplante da Paraíba, Gyanna Lys Montenegro.

Ao fazer uma avaliação da campanha, ela informou que foi extremamente positiva, “pois a sociedade se mobilizou e participou e nós percebemos, com isso, que o nosso trabalho está valendo a pena. Esperamos em breve atingir o objetivo deste governo em diminuir a lista de espera”, destacou Gyanna.
O aposentado de 31 anos, Luciano Barros estava na caminhada, ao lado da esposa Elisângela Montenegro, para testemunhar que, apesar da deficiência visual, por causa da diabetes tipo 2, apresentava um bom quadro de saúde, graças ao transplante duplo de pâncreas e rim que foi submetido em novembro do ano passado, no Hospital Beneficência Portuguesa, na capital paulista.

Ao falar sobre todo o processo, antes e depois da cirurgia, ele disse que sua vida renderia um livro com uma história de final feliz depois do gesto generoso de uma família. “Escapei de morrer tantas vezes, mas estou aqui para dizer que, após o transplante a vida continua. “Para exemplicar, minha pressão subiu umas duas vezes e chegou a 300 por 150, além de ter ficado em coma por 5 dias. Por estes e outros problemas, no período de um ano, bati ponto no hospital umas doze vezes”, declarou Luciano.

Desde os 12 anos, Luciano Barros é portador de uma diabete tipo 2 que, além de deixá-lo com uma deficiência visual, paralisou os seus dois rins. Ele descobriu que os dois rins estavam com capacidade de apenas 10% depois de realizar exames pré-operatórios para uma cirurgia nos olhos, em março de 2006.
Mas, no final de 2006, seu nome figurou na lista de espera na Central de Transplante de São Paulo, pois a Paraíba ainda não realizava o transplante pâncreas/rim. Foram quase dois anos de espera, mas que segundo ele, valeu a pena.

“Passei pela maior frustração da vida, quando minha esposa estava anestesiada para retirar o seu rim direito e poder fazer a doação, e os médicos informaram que não tinha condições. No entanto, venci tudo isso e hoje estou aqui para dizer que o transplante é melhor do que ganhar na mega sena. Não tem dinheiro, riqueza que pague a gente poder continuar a viver”, destacou Luciano Barros.

A alegria de um transplante não só é transparecida no rosto de quem recebe um órgão, mas de quem doa. Esse é o caso da doméstica de 43 anos, Ilma Morais de Souza, que perdeu há um mês uma de suas duas filhas, a estudante Rafaela Morais de Souza, vítima de atropelamento na avenida Epitácio Pessoa na Capital.

Ela informou que a filha caçula tinha apenas 16 anos quando foi atingida por uma moto, ocasionando traumatismo craniano que a levou ainda a internação por oito dias no Hospital de Emergência e Trauma, mas veio a falecer. “Toda a família já tinha a consciência da doação dos órgãos, por isso não demorou a atitude de doar os órgãos de minha filha que deu para atender seis pessoas da fila, com o coração, rins, fígado e córneas”, disse Ilma Morais.
“Apesar da tristeza de ter perdido minha filha, fico feliz de saber que estas pessoas estão bem. Meu desejo, agora, é conhecer pessoalmente os receptores dos órgãos de Rafaela”, informou Ilma Morais. Às pessoas que ainda resistem em doar os órgãos dos familiares, ela encoraja através de suas palavras ‘para que sejam fortes e digam sim’.

Atualmente, 425 pessoas aguardam por um transplante na Paraíba. A maior demanda (384) é por um rim. As córneas vêm em seguida, com 28 pacientes inscritos. Oito pessoas esperam por um fígado e 3 por um coração.

Além de transplantados, familiares de doadores e funcionários da Central de Transplante da Paraíba, participaram da caminhada, representantes do Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, diretoria do Hospital General Edson Ramallho, representantes do Hospital Universitário Lauro Wanderley, Ortotrauma de Mangabeira, Associação dos Renais Crônicos e Associação dos Amigos e Familiares de Hepatotas.

As atividades da IX Campanha Estadual Para Doação de Órgãos e Tecidos na Paraíba terminam neste domingo (27), às 8h no Parque da Criança, em Campina Grande.

Secom

 

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