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Uma fita, uma armadilha

Mais uma vez eu vou defender explicitamente a secretária de Comunicação Institucional do Governo do Estado, Lena Guimarães (na foto ao lado), de outra acusação leviana feita por setores envolvidos até mesmo emocionalmente com algumas lideranças políticas oposicionistas.

“Prova do crime” é fraca

Senti na pele a denúncia feita contra ela por um colega de profissão e – por causa disso – me recuso a entrar no mérito da divulgação da fita gravada sub-repticiamente. Não digo isso por ter passado por experiência parecida, nem de longe, mas porque já ouvi muitas histórias semelhantes e que não deram em nada, por fraqueza das supostas “provas do crime”.

Casos iguais no passado

Vou relembrar, para os mais antigos e revelar aos mais novos, que nunca ouviram falar desse tipo de assunto, duas ocorrências similares ocorridas em governos passados, nas gestões de Wilson Leite Braga (1983-1986) e Tarcísio de Miranda Burity (1979-1982 e 1987-1990), este último já falecido.

No Governo Burity

A primeira, envolveu também num caso de gravação sub-reptícia o então ex-secretário de Comunicação do Estado, Carlos Roberto de Oliveira, acusado de praticar extorsão e chantagem contra um dos sistemas de comunicação existentes na Paraíba.

Vítima foi Carlos Roberto

“Carlinhos” teria pedido propina e formação ilícita de sociedade empresarial, segundo as denúncias feitas na época, mas que nunca foram comprovadas pelos seus algozes, há mais de 20 anos.

Ninguém ouviu nada

O maior problema foi gerado pelo péssimo áudio gravado num micro-system de bolso, que captou mais o som de uma música de bastante sucesso, na época, cantada pela baiana Gal Costa, do que a suposta conversa escusa, ocorrida num restaurante extinto, localizado em João Pessoa, o Drive-In, que ficava na Avenida Epitácio Pessoa, onde hoje funciona a lavanderia Panda.

“Teco, teco, teco, teco na bola de gude

Era o meu viver

Quando criança, no meio da garotada, com a sacola de lado

Eu brincava pra valer”

Nenhum órgão investigou

Como ninguém conseguia mesmo ouvir nada direito, nem a acusação foi apurada por nenhum órgão investigado em âmbito judicial, como Tribunal Regional Eleitoral, Ministério Público, etc o caso não avançou além das manchetes de jornais.

Caso Paulo Brandão

A outra, aconteceu durante a rumorosa investigação do chamado Caso Paulo Brandão (ex-superintendente do Sistema Correio de Comunicação, morto a tiros, numa emboscada cruel e covarde, montada no começo da noite do dia 13 de dezembro de 1984,às margens da BR-101, logo na saída da fábrica de plásticos Polyutil, onde ele também trabalhava).

Terceirizando a culpa

“Paulinho” teria sido morto por ordem de fulano, beltrano e sicrano, dizia a gravação, obtida por um delegado que agiu por conta própria, sem a devida autorização judicial para montar o flagrante ou validar a prova material perante qualquer tribunal. O autor das bombásticas revelações foi um ex-capitão da Polícia Militar que teria ouvido a versão divulgada na fita, através do depoimento de outras pessoas.

Sem autorização não vale

Como não havia – repito – autorização judicial para ser feita a gravação, a fita também foi objeto das manchetes de jornais, mas a tal “prova inconteste” do suposto crime atribuído a terceiros, acabou sendo completamente descartada durante o julgamento dos indiciados pela execução do grave delito em questão, ou seja, o homicídio do jornalista Paulo Brandão.

Personagens não assumem

Dito isto, acho que esta história levantada contra Lena Guimarães não vai dar em nada, até porque a fita apresentada como prova e degravada pelos portais de notícias não explicita nenhuma prática criminosa, suficientemente assumida e revelada por qualquer um dos personagens atuantes em cena.

Caneta-gravador no bolso

Resumindo: quem gravou a fita de maneira escondida, com um gravador de bolso disfarçado como se fosse uma inofensiva caneta-tinteiro, colocado na camisa, dentro de algum gabinete, não tinha autorização judicial e nem a má qualidade do áudio (baixo, sem clareza e com muitos ruídos atrapalhando o perfeito entendimento da conversação atribuída à secretária de Comunicação do Estado) pode convencer ninguém da sua veracidade.

É difícil, mas não cola

Sendo assim, acho que Lena vai escapar de mais este desgaste pessoal armado contra ela. Como jornalista, acho a denúncia temerosa e como ex-secretário eu não gostaria de estar no lugar dela, uma mulher de coragem, perfeitamente capaz de enfrentar à altura os seus acusadores.

Em dúvida, pró-réu

E quem pensar que eu estou mentindo, basta recorrer à memória dos mais velhos que acompanham a cena política paraibana e também os bastidores da imprensa local, perguntando se eu tenho ou não razão em dizer tudo isso.

Testemunhas estão por aí

Os envolvidos nestes dois casos, muitos dos quais mudaram de profissão, mas continuam ocupando importantes cargos públicos nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, estão “vivinhos da silva” e também podem testemunhar em meu favor, em favor de Lena ou de quem quer que tenha sido grampeado somente com o intuito de prejudicar, montando uma verdadeira armadilha.


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