Denúncias de funcionários fantasmas voltaram a aparecer no Senado nesta semana. E os senadores resolveram tomar uma providência –mas para conter o vazamento de informações sobre supostas irregularidades.
Por conta de um vazamento, mais um diretor perdeu o cargo: Carlos Muniz, da Secretaria de Telecomunicações. Ele tinha acesso a informações sigilosas de senadores. A direção da Casa também vai abrir sindicância para apurar quem vazou informações sobre o senador Tião Viana (PT-AC). A conta do celular que ele emprestou para a filha viajar teria custado R$ 14.700.
Mas nem sempre a direção age tão rápido –nem quando paga salário para funcionário que não aparece no Senado. É o caso de Amélia Pizato, lotada no gabinete de Renan Calheiros (PMDB-AL). Ela é sogra de um assessor do senador. Segundo vizinhos, ela não trabalha fora de casa.
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), disse que o caso deve ser investigado. “Caso haja qualquer prática de delito ou falta de ética, poderá ser acionada a Corregedoria e, depois, o Conselho de Ética”, afirmou.
Paulo Octávio
Já Mirocelis Barbosa da Silva é lotado no gabinete de Adelmir Santana (DEM-DF), mas presta serviço no escritório político do atual vice-governador do Distrito Federal e ex-senador Paulo Octávio (DEM). Mirocelis foi nomeado em 2003 para o gabinete dele. Octávio renunciou ao cargo quando se elegeu vice.
Mirocelis acompanha o vice-governador. Imagens obtidas pela TV Globo mostram ele e Paulo Octávio na festa de aniversário de um pastor. E, em conversa telefônica gravada, ele confirma que trabalha com o vice. “Eu faço trabalho político com os parlamentares ‘evangélico’ e representando o Paulo Octávio em eventos ‘evangélico’ que ele não pode ir”, disse.
Pessoalmente, ele tentou desmentir o que havia dito. “Eu? Eu venho aqui [no Senado], sempre eu ‘tô’ aqui, principalmente terça, quarta e quinta”, afirmou. O vice-governador disse que Mirocelis trabalha para o senador Santana.
Apesar de todas as denúncias, Heráclito Fortes (DEM-PI), primeiro secretário da Casa, disse que não trata dessas questões e que cada senador é responsável pelo seu gabinete.
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) defende a adoção de regras claras. “É preciso que se faça uma reforma pra valer, para deixar bem claras as regras. Quem não se amoldar, responde por quebra de decoro”, disse.
G1