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Rei do camarote foi indiciado por agressões a filha

 O empresário Alexander Augusto de Almeida, de 39 anos, que ficou conhecido como "rei do camarote", foi citado duas vezes na polícia como suspeito de agressão, uma contra a filha adolescente e outra contra sua então mulher, de acordo com boletins de ocorrência registrados na 5ª Delegacia de Defesa da Mulher, na Zona Leste da capital paulista, em 2008 e 2011. Os dois casos acabaram arquivados, segundo policiais civis ouvidos pelo G1.

Alexander ficou conhecido como o “rei do camarote” depois de aparecer na capa da revista “Veja São Paulo” com uma taça de champanhe na mão e a afirmação de que gasta até R$ 50 mil por noitada. Um vídeo no YouTube em que o empresário elenca os 10 "mandamentos" de como se dar bem no camarote das baladas teve mais de 5 milhões de visualizações até esta segunda-feira (11).

Após a grande repercussão das declarações, Alexander apagou páginas que mantinha nas redes sociais e não concedeu mais entrevistas. A veracidade da reportagem foi contestada por muitos internautas, que suspeitaram que a história seria uma ação publicitária. Em resposta, a "Veja São Paulo" publicou em seu site um texto em que reafirma as informações publicadas na revista.

O G1 apurou que o empresário é proprietário da Organização e Assessoria em Despachos 3A Ltda., registrada em 4 de abril de 2010 na Junta Comercial de São Paulo. A empresa realiza serviços relativos a documentação de veículos. Nos registros policiais, ele é descrito como despachante, com o 2º grau de instrução, olhos castanhos claros, calvície parcial, 1,80 metro, e forte.

O empresário não esteve em nenhuma das delegacias em que foi acusado. Chegou a ser indiciado, ou seja, apontado formalmente como suspeito, por lesão corporal, violência doméstica, ameaça e injúria. Mas, segundo investigadores, apesar dessas acusações, o empresário não teria respondido pelos crimes na Justiça porque as denunciantes que alegaram ter sido agredidas não fizeram nenhuma representação contra ele.

Em resumo: seis meses era o prazo legal para que fosse feita a queixa-crime para instaurar um inquérito policial e investigar o suspeito. Esse tempo já expirou. Os boletins, no entanto, continuam na delegacia para segurança das supostas agredidas.

Se o caso tivesse acontecido depois de fevereiro de 2012, a interpretação poderia ter sido diferente. Na ocasião, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o Ministério Público pode denunciar o agressor nos casos de violência doméstica, mesmo que a mulher não apresente queixa contra quem a agrediu. A norma original da Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, diz que o agressor só era processado se a mulher apresentasse a queixa formal.
O G1 tenta desde sexta-feira (8) falar com Alexander. Deixou recados em seu telefone celular e no da sua empresa, mas ele não retornou as ligações. A equipe de reportagem também tenta falar com seus advogados, sem sucesso. O G1 ainda buscou contato com as vítimas das supostas agressões, mas não obteve retorno.

Agressões

A primeira acusação de agressão contra Alexander Almeida é de 3 de novembro de 2008. Ele foi apontado como agressor da filha de 15 anos que tem com a ex-mulher, uma dona de casa de 33 anos à época. O empresário, segundo o boletim de ocorrência, tem outra filha com a ex-mulher e ainda possuiria a guarda das adolescentes. Acompanhada da mãe na polícia, a estudante disse que o pai “sempre fora agressivo” e que após uma discussão por telefone, foi ao escritório dele, que a trancou na sala.

 

Em seguida, afirmou que Alexander “desferiu-lhe diversos tapas, acertando-lhe o rosto, olho direito e braços, além de ter xingado a vítima”. Informou ainda que só escapou depois que seu tio, que trabalha no local, destravou a porta e “tirou a declarante das mãos do indiciado”. No documento consta que a estudante ficou com “lesões corporais aparentes”.

 

Em 11 de novembro de 2011, Alexander foi denunciado pela segunda vez por agressão. Naquela oportunidade, a acusação foi de bater na então mulher. Na época, a suposta vítima tinha 30 anos e afirmou “ter convivido em união estável por cerca de três anos” com o empresário, mas não tiveram filhos.

 

A mulher relatou no boletim de ocorrência que Alexander, “desde o início da convivência, demonstrou índole agressiva e ciúme obsessivo”, e que a agrediu “diversas vezes anteriores (…) a ponto de estourar-lhe um tímpano”. Contou ainda que ficou “fragilizada psicologicamente” porque ele a ameaçava e a xingava. Ela disse também que ele a obrigou “a assinar procurações, a fim de atender a seus interesses particulares”.

 

A mulher declarou que não procurou a polícia antes “por receio de acirrar mais ainda os seus ânimos já tão alterados”.
Segundo o registro na Polícia Civil, ela relatou ainda que em uma noite, quando voltou ao apartamento do casal, foi xingada e ameaçada. Em seguida, ela falou que Alexander “desferiu-lhe socos e pontapés, além de agarrá-la pelo pescoço, produzindo-lhe lesões corporais”. Após isso, a mulher disse que ele tirou o telefone celular de sua mão para que não chamasse a polícia.

A vítima comentou também que, após apanhar, resolveu deixar o apartamento e voltar a morar com a mãe numa cidade do interior de São Paulo. A mulher afirmou à polícia que “está se submetendo a tratamento psicológico por conta de depressão adquirida em virtude do relacionamento tumultuado com Alexander”.
Parentes da ex-mulher disseram ao G1 que, apesar da briga e da separação, os dois mantiveram a amizade. Atualmente, a mulher está trabalhando no exterior. Pessoas ligadas a ela contaram que a separação do casal se deu por "ciúmes" dele pelo fato de ela ser "muito bonita". Outros que conheceram o então casal ainda comentaram que estranharam o empresário "ostentar riqueza" em entrevista à "Veja São Paulo", já que ele sempre teria se mostrado uma "pessoa reservada e discreta".



Redação com Assessoria

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