Já em solo paraibano, depois de participar do lançamento do voo internacional na Argentina, de João Pessoa, Capital da Paraíba, direto para Buenos Aires, o governador Ricardo Coutinho (PSB) desmistificou as especulações em torno de sua ausência em um jantar oferecido pelo presidente Michel Temer (PMDB) e disse que não iria compactuar com uma maquiagem de ‘normalidade’.
Segundo o governador, a tentativa do presidente Michel Temer (PMDB) em atrair os governadores era muito mais uma agenda política do que administrativa, já que o chefe do executivo federal já sabe bem, há algum tempo, quais são as demandas dos Estados.
A resposta surgiu após a seguinte indagação, feita pelo jornalista João Costa, durante o programa Rádio Verdade, na tarde desta sexta-feira (16): Governador, foi por isso que o senhor não foi para o jantar com o presidente, por que era uma agenda política e muito pouco de agenda administrativa?
A resposta foi enfática: “É sim. É exatamente isso. Sinceramente, o momento é de fazer, o momento não é de ouvir novamente o que já se ouviu dez vezes. O que já se colocou na mesa várias vezes. O momento é de o governo federal demonstrar que realmente quer fazer. Ou seja, ele tem que liberar os investimentos para os estados que tenham capacidade de contrair financiamento. Nós não estamos pedindo nenhum favor. O esforço que a Paraíba fez para gerar superávit, reduzir o impacto da dívida em relação a receita corrente líquida, pagar as contas em dia, manter folha em dia, manter o nível de investimento maior do que aquele que estava previsto, esse é um item que a Paraíba está fora do ajuste. Nós estamos acima, isso tem um custo, nós fazemos o dever de casa e ficamos na dependência de uma assinatura de um aval do governo federal para que o estado possa continuar a investir. Mas tentar querer demonstrar normaidade, no momento em que o país não tem normalidade nenhuma, o Brasil é mais que isso”, lamentou.
O governador se referia a uma pendência da Paraíba junto ao Governo Federal para ampliar os investimentos no Porto de Cabedelo. O Estado precisa que o presidente Michel Temer autorize esse decreto para que a Paraíba possa atrair mais investimentos, mas o papel está dentro de uma gaveta, esquecido.
“Eu sinto que a republicanidade federativa no país teve retrocesso. Estou esperando um decreto de uma poligonal e do porto. Eu quero ter a capacidade de contrair financiamento dentro da capacidade do estado de pagar, é isso que é fundamental. Mas o decreto do porto que apenas diz que a área é x e passa a ser de outra forma, conforme estudos feitos pelo antigo ministério dos portos, está lá dormindo, e isso prejudica a Paraíba porque temos capacidade de atrair investimentos e não conseguimos atrair porque falta um decreto – um papel. Isso não é interesse de Ricardo, mas sim de todo”, asseverou.
Apesar de ter cumprido o dever de casa, e de realizar todos os pagamentos sem atraso, mantendo o equilíbrio fiscal, o Estado da Paraíba ainda aguarda do governo federal o aval para retomar a capacidade de fazer financiamentos.
“Eu sinceramente digo isso porque está na hora de dar respostas concretas, ou melhor, está na hora de ações concretas para aquilo que já vem sendo demandado pelos estados. E aqueles que tem capacidade precisam ser reconhecidos como tal. Nós não estamos pedindo favor a ninguém. Estamos simplesmente dizendo que se a lei nos dá esse direito, se as condições de governança nos dão esse direito, não é possível que esse direito seja negado por qualquer um outro motivo”.
Na entrevista, o governador fez questão de destacar a postura do Ministro da Integração, Helder Barbalho, que não têm medido esforços para atender às solicitações dos Estados, independentes de cores partidárias.
“Helder Barbalho tem tratado os interesses dos Estados de forma retilínea e isso é bom deixar claro, independente de quem seja aliado ou não, o ministro da Integração está sendo correto”, ressaltou.
Ao final, quando indagado se a Paraíba estava sendo retaliada, Coutinho fez um desabafo e lamentou que as relações federativas no país tenham tido retrocesso. “Eu acho que o Brasil, além de outras coisas, teve um grande retrocesso nas relações federativas”, disse.
PB Agora